Este filme faz parte da 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui.
Hungria, 1957. Na pequena cidade de Martfüi, uma mulher é morta e estuprada. A justiça do governo socialista rapidamente encontra o culpado, o jovem Réti (Gábor Jászberényi), que além de ser o maior suspeito, confessa o crime, sendo condenado à morte na forca. Anos depois, um caso muito semelhante acontece no mesmo local, o que coloca a cidade em pânico e faz surgir dúvidas quanto ao verdadeiro assassino. Teria um homem inocente sido jogado na cadeia?

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A premissa sugere uma história cativante de tensão e suspense, e o espectador que assiste ao húngaro Estrangulado (A martfüi rém, 2016) não termina decepcionado. O filme é um dos deleites da 41ª Mostra de Cinema de São Paulo, principalmente por sua trama envolvente sustentada do início ao fim pela direção de Árpád Sopsits.
O enredo segue os dois detetives que estão investigando o novo assassinato, Bóta (Zsolt Angere) e Szirmai (Péter Bárnai). Enquanto o primeiro acredita fielmente que não há ligação nenhuma entre os casos, o segundo desconfia que o criminoso de anos atrás é o mesmo que continua a fazer vítimas. A partir do conflito entre ambos, são levantadas diversas questões sobre as consequências de se buscar um culpado a qualquer custo, tanto no nível pessoal quanto no geral, já que muitas das ações das personagens são reflexo da política soviética que tomava conta do país.

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Optando por cenas rápidas e intensas, o diretor dá ao filme um ritmo próprio de série de TV – o que de modo algum é um problema, e, inclusive, ajuda a prender a atenção do espectador. Ao mesmo tempo, não tem pudor para mostrar violência e crueldade, o que confere um tom ainda mais pesado à história ‒ e pode incomodar parte do público.
Estrangulado é uma ótima trama de detetive, digno de ser comparado às histórias de Sherlock Holmes. O roteiro bem intrincado soluciona o mistério sem deixar pontas soltas. No entanto, ainda que por vezes exagere em diálogos expositivos, principalmente na parte final, termina deixando questões o bastante para acompanhar o espectador até pelo menos após o final da projeção
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por Matheus Souza
souzamatheusmss@gmail.com