Por Diego Coppio (diegocoppio@usp.br)
“Se a China não marca, a Dina…. marca”. O trocadilho do narrador Bruno Cantarelli, da CazéTV, sintetiza bem o que foi a partida entre China e Dinamarca pela Copa do Mundo de 2023, em Perth, na Austrália, neste sábado, 22.
Depois de um primeiro tempo com poucas finalizações — como tem ocorrido com frequência nessa Copa — e domínio chinês, a Dinamarca equilibrou o confronto na etapa final, chegando aos três pontos com gol de Veersgard após ótima cobrança de escanteio de Harder.
Pré-jogo
A campeã asiática de 2022 foi a campo escalada no 4-4-2 para atacar o lado esquerdo com a velocidade de Zhang Linyan, explorando o jogo de transição e pressão alta. O esquema tinha Xu Huan no gol; Chen, Yaoi, Wu e Li na defesa; o meio com Zhang Rui e Yang na articulação, trabalhando com Zhang Lynian e Zhang Xin pelos lados do campo; Wang Shanshan e Lou compondo a dupla de ataque.
O time chinês que estreou na Copa do Mundo de 2023 [Reprodução/Twitter: Chinewomen]
Do outro lado, a partida marca o retorno da Dinamarca a uma Copa do Mundo, ausente desde 2007 — na própria China — quando ficou pela fase de grupos.
Nessa reestreia, as alvirrubras entraram com a goleira Christensen; uma linha de quatro na defesa com Sevecke, Ballisager, Boye e Veje; Hasbo, Kühl e Holmgaard no meio de campo; o ataque com Thomsen, Sørensen e a estrela do time, Pernille Harder, escaladas em um 4-3-3 alternando para o 4-1-4-1 quando sem a bola.
Primeiro tempo: domínio chinês
Os primeiros cinco minutos tiveram a Dinamarca como protagonista tentando propor o jogo, enquanto a China se retrancou esperando o contra-ataque. Mas a partir do chute de Chen por cima do gol aos 5’, a marcação por zona da China não deu respiro para o jogo dinamarquês, que teve muita dificuldade em dar continuidade às jogadas. Dois minutos depois, as chinesas chegaram novamente ao ataque, em chute fraco de Zhang Lynian para a defesa de Christensen.
Com o meio anulado pela pressão chinesa, a Dinamarca passou a recorrer às ligações diretas, sem levar perigo à meta chinesa, com muitos erros de passe. A partir dos 15’, a Dinamarca retomou o controle da posse de bola, reequilibrando o domínio até o intervalo, em um primeiro tempo de poucas faltas e poucas ações ofensivas.
Segundo tempo: Dinamarca entra em campo
A China voltou do intervalo com Wang Shuang no lugar de Zhang Xin, buscando mais ofensividade no meio-campo. Mas a alteração acabou beneficiando a Dinamarca também, que teve mais espaços para a criação de jogadas.
Prova disso é que nos primeiros dez minutos, ambas as equipes chegaram com relativo perigo à meta adversária: Wang Shuang aos 48’, e Hasbo aos 51’, em cabeçada para fora com o gol aberto.
O ataque dinamarquês adotou uma postura flutuante na segunda etapa, com o trio de ataque mais participativo e com mais movimentações em campo. Pensando nisso, o técnico Lars Søndergaard optou pela centroavante Bruun no lugar da volante Kühl, deslocando Harder para o lado esquerdo, agora mais à vontade.
O jogo passou a ter mais finalizações com as alterações, mas ainda poucos chutes no gol. Aos 73’, a atacante Wang Shanshan tentou afastar a bola em cobrança de falta dinamarquesa, mas quase marcou contra sua própria meta, no que foi a chance mais perigosa do jogo. Nesse momento, a Dinamarca dominava as ações ofensivas da partida, com Harder cada vez mais protagonista.
Aos 85’, Vaangsgaard entrou no lugar de Thomsen e, com apenas quatro minutos em campo, aproveitou seus 1,82m de altura e cabeceou no fundo das redes, após ótima cobrança de escanteio de Harder. A bola era defensável, mas Sevecke — em posição legal — atrapalhou a visão da goleira Xu Huan. A China esboçou uma pressão nos minutos finais, com destaque para a cobrança de falta aos 95’ em que Yang levou perigo, mas estava em posição irregular.
Destaques
Uma série de tabus foram quebrados na partida. Pela primeira vez em sua história, a Dinamarca venceu uma seleção asiática em Copas do Mundo. Do outro lado, a técnica Shui Qingxia foi a primeira mulher a comandar a seleção chinesa — não só em Copas, mas em toda a história. Além disso, a partida foi a primeira nesta edição sem ter um pênalti marcado.
A China fez um bom primeiro tempo, segura em sua proposta de jogo, com boas triangulações do lado esquerdo entre Wang Shanshan, Zhang Rui e Zhang Linyan, com destaque para a última. Pelo lado defensivo, boa partida de Yang, com 13 desarmes.
Após a entrada de Wang Shuang, a China melhorou ofensivamente, porém passou a ceder espaços, resultando em uma melhora da Dinamarca. Apesar da derrota, as chinesas fizeram um duelo equilibrado.
Já a Dinamarca teve bastante dificuldades até a segunda etapa, com seu meio de campo anulado pela pressão chinesa. Mas no segundo tempo, soube explorar os espaços, com a melhora fundamental de Harder, que soube articular as jogadas de ataque até o gol de Vangsgaard.
A dupla Harder e Vangsgaard, responsável pela quarta vitória da Dinamarca na história das Copas [Reprodução/Twitter: PernilleMHarder]
E agora?
A Dinamarca empatou na liderança do grupo com a Inglaterra, que venceu o Haiti por 1 a 0 mais cedo. Apesar disso, não tem um caminho tranquilo pela frente, já que ainda enfrentarão as inglesas — favoritas do grupo —, e o Haiti, que deixou ótima impressão no primeiro jogo.
O mesmo vale para a China. Uma vitória contra o Haiti com bom saldo de gols na próxima sexta-feira, 28, tornou-se fundamental para avançar às oitavas de final.
Imagem de capa: Reprodução/Twitter @FifaWWC
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