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Mais do que um triângulo amoroso
CINÉFILOS
16 nov 2011 | Por Jornalismo Júnior

[Os 3]

Camila (Juliana Schalch), Cazé (Gabriel Godoy) e Rafael (Victor Mendes) se conhecem numa festa. Logo descobrem que nenhum dos três é de São Paulo e farão o mesmo curso superior. Cazé convida os dois novos amigos para irem morar em seu decadente apartamento.

Um pacto de que não haja envolvimento entre eles é proposto por Camila. Os rapazes, encantados por sua beleza, não concordam muito com a ideia, mas aceitam. Como o clima de sedução é evidente desde o primeiro momento, logo isso será quebrado.

Rafael, o narrador, é o mais sensível. Apaixonado por Camila (que mantém um relacionamento com Cazé), decide ir para o Rio de Janeiro quando eles se formarem. Já quis estudar jornalismo e sonha em ser escritor, por isso tem habilidade com as palavras e escreve o chamado “poema da separação”, que infelizmente nunca vem a ser lido no filme.

Mas um projeto da faculdade que mistura site de compras com reality show muda sua rotina. A ideia desenvolvida por eles é que o público acompanharia on-line a vida de outras, e no site de compras estariam disponíveis tudo o que os participantes usassem em casa.

Uma empresa compra a ideia e decide aplicá-la nos próprios criadores: Rafael, Camila e Cazé. Sem dinheiro e sem saber ao certo o que fazer de suas vidas quando o curso superior terminasse, eles decidem aceitar. “Pelo menos a gente vai passar mais tempo junto”, afirma Cazé.

Aliás, Cazé é sempre o primeiro a concordar com todas as propostas que são feitas a eles, por mais absurdas que possam parecer. Talvez porque, do trio, ele seja o mais indeciso quanto aos rumos que pretende tomar. Logo, não tem muito a perder caso algo saia errado.

A audiência mostra que suas vidas não são tão interessantes quanto parecem, então eles planejam criar um triângulo amoroso fictício para atrair a atenção do público. Esse triângulo se mostra não ser tão fictício assim, alimentado pelas complexas relações entre eles.

Com o tempo, personagens e situações inventadas entram em cena e a realidade e a ficção se misturam. Até mesmo Bárbara (Sophia Reis), prima de Camila que vem abalar a estrutura perfeita do triângulo amoroso, não esclarece se é mais uma personagem criada ou se de fato entrou de pára-quedas naquela história.

Primeiro longa de Nando Olival (que dirigiu o curta Eduardo e Mônica, viral da internet), o filme “Os 3” (uma das atrações da 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo) à primeira vista fala de um triângulo amoroso moderno, mas vai além: tenta questionar de forma despreocupada até que ponto é interessante inventar e alimentar uma história em busca de audiência, ou qual o limite de verdade que você pretende revelar quando sabe que está sendo observado.

A linguagem e o elenco jovens permitem que haja essa mistura de temas mais sérios com humor, sexo e filosofia. Tudo de maneira bem natural e agradável. E sem preconceitos. Vale a pena prestar atenção na trilha sonora, baseada em poucas músicas (duas ou três). A cena em que eles dançam animados na sala comemorando o fim do projeto não seria tão leve e sensual se a música fosse outra.

Por Paula Peres
paula.peres12@gmail.com

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O Cinéfilos é o núcleo da Jornalismo Júnior voltado à sétima arte. Desde 2008, produzimos críticas, coberturas e reportagens que vão do cinema mainstream ao circuito alternativo.
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