Em partida válida pelas semifinais dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, a seleção brasileira de Vôlei masculino sofreu novamente diante do Comitê Olímpico Russo (ROC) e deixou a disputa pelo ouro olímpico. A derrota brasileira interrompeu uma sequência de 4 finais seguidas iniciada em Atenas 2004.
O Brasil não ficava de fora de uma final olímpica desde Sydney 2000, quando foi derrotado pela Argentina nas quartas de final. De lá para cá, somamos 2 medalhas de prata e 2 de ouro. Os últimos anos deixaram os brasileiros mal acostumados quando o assunto é derrota.
Mesmo com vários talentos, em algum momento o time ficaria fora de uma final. Esse momento é doloroso, mas chegou. No entanto, não é momento para terra arrasada, a seleção brasileira perdeu para um time muito preparado e que vinha fazendo uma ótima campanha.
A única derrota sofrida pelo Brasil nestes Jogos Olímpicos antes das semifinais foi justamente contra o Comitê Olímpico Russo, na fase de grupos. Foi em um jogo no qual eles não tiveram conhecimento da equipe brasileira e venceram por 3 a 0.
O jogo da eliminação, disputado na última madrugada, parecia se encaminhar de forma diferente para o Brasil. A equipe brasileira começou muito bem, fez um 1° set impecável ao vencer por 25 a 18. O Brasil trabalhou muito bem as viradas de jogo e teve paciência para tomar a frente do placar e administrar o jogo diante do Comitê Olímpico Russo.
No segundo set, o ROC conseguiu encaixar melhor sua forma de jogar e complicou a vida dos brasileiros, que foram inconstantes no ataque e saíram derrotados por 25 a 21. A partir desse momento, Mikhaylov começava a despontar como um dos grandes destaques do jogo. Só no segundo set, o grande pontuador russo fez 7 pontos.
O terceiro set foi o mais doloroso para os brasileiros e foi fator determinante para o resultado final do jogo. O Brasil teve um início muito bom, distribuindo bem os ataques e lidando com o poder ofensivo do Comitê Olímpico Russo. A equipe brasileira chegou a estar vencendo por 20 a 12, mas acabou deixando o resultado escapar e tomou a virada para o ROC, que fechou com 26 a 24.
O esquema montado pelo técnico Tuomas Sammelvuo foi fundamental para a reação russa. A entrada de Podlesnykh surtiu efeito e o ROC passou a forçar bem o saque e quebrar a linha de passe do brasileiros. As atuações do levantador Kobzar, do central Iakovlev e a constância dos ataques de Mikhaylov também merecem destaque.
Após a derrota dolorosa dos brasileiros no terceiro set, o Brasil conseguiu se recompor e o quarto set foi muito equilibrado. O set disputado teve o Comitê Olímpico Russo vencendo no detalhe, por 25 a 23, e poderia ter tido qualquer uma das seleções como vencedora.
Muitas reclamações foram feitas pelos brasileiros por conta do resultado e, principalmente, pela virada que o time tomou no terceiro set. O treinador, Renan Dal Zotto, foi um dos principais alvos. No entanto, o trabalho do técnico brasileiro não merece ser crucificado por conta da derrota, já que o Brasil vinha fazendo uma boa competição e, por mais que o sentimento seja de tristeza pelo resultado negativo, a equipe enfrentou um time qualificado. O Comitê Olímpico Russo ainda estava muito pressionado e tinha uma motivação a mais pela derrota nessa mesma fase, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
A seleção masculina de Vôlei sempre proporcionou grandes esperanças para os brasileiros. O time estava confiante pela conquista da Liga das Nações e pelo ótimo retrospecto olímpico. A derrota para o ROC não apaga toda essa bela história, que ainda não acabou e tem mais um capítulo no próximo dia 7, quando o Brasil enfrenta a Argentina, derrotada pela França por 3 a 0 na outra semifinal, em busca do bronze olímpico.
*Imagem de capa: [Reprodução Twitter/@timebrasil]