Os filmes de mockumentary, famosos nos Estados Unidos, não tem tanta popularidade no meio das produções brasileiras. Esse termo vem da junção das palavras mock (falso) e documentary (documentário). Bio 一 Construindo uma Vida (2019) está no meio dos longas nacionais que se encaixa nesse formato. Após a morte de um cientista, que viveu de 1959 até 2070, amigos e familiares decidem se reunir para relembrar sua vida, reconstruindo suas vivências através de depoimentos e formando uma biografia.
É muito interessante o fato de que o grande protagonista do filme não aparece em momento algum. Toda sua história é contada através da perspectiva daqueles que conviveram com ele, desde seu nascimento até a morte. As peculiaridades do cientista também chamam atenção, como o fato dele ter uma espécie de patologia que o impede de mentir. Acompanhar seu desenvolvimento pela ótica de outras pessoas é interessante e funciona bem dentro daquilo a que o filme se propõe.
A parte estética é outro ponto de destaque. Visualmente é tudo muito bonito e a fotografia enche os olhos de quem assiste. Além disso, o sexo, abordado em alguns momentos, é tratado de forma poética. A música Pavão Misterioso, de Ednardo, embala uma das cenas mais bonitas do ponto de vista visual.
Se por um lado conhecer a vida peculiar desse cientista é interessante, por outro o formato de documentário, que a princípio é bacana, pode se tornar cansativo com o tempo. O enquadramento das câmeras são praticamente os mesmos durante 99% das cenas, focando as pessoas como se fosse uma entrevista.
O enredo do filme é simples: a história conta a vida de uma pessoa. Seria possível construir esse tipo de narrativa em cima de qualquer um. Explorar a vida de alguém que já morreu através daqueles que eram próximos é algo que merece destaque.
Bio 一 Construindo uma Vida traz um formato que o público nacional talvez não esteja tão acostumado. O longa estreia no dia 4 de abril. Confira o trailer:
por Marcelo Canquerino
marcelocanquerino@gmail.com