Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Moonlight: Sob a Luz do Luar, onde crueza e sensibilidade se encontram

(Você já está participando do Bolão do Oscar dos Cinéfilos? Não?! Então clica aqui!) Na maioria dos casos, um filme preocupa-se unicamente em contar uma boa estória. Mas poucos são aqueles que de fato se preocupam com suas personagens; e ainda mais, as respeitam. Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, 2016) situa-se nas três …

Moonlight: Sob a Luz do Luar, onde crueza e sensibilidade se encontram Leia mais »

(Você já está participando do Bolão do Oscar dos Cinéfilos? Não?! Então clica aqui!)

Na maioria dos casos, um filme preocupa-se unicamente em contar uma boa estória. Mas poucos são aqueles que de fato se preocupam com suas personagens; e ainda mais, as respeitam. Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, 2016) situa-se nas três categorias, sendo com certeza um dos títulos mais sensíveis da temporada de premiações (segundo maior indicado no Oscar (8), entre elas, a de Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado).

Moonlight_1

Acompanhando a vida de um jovem negro da infância à maturidade, o roteiro de Barry Jenkins (que também assina a direção) divide a trama de desamparo e autodescoberta em três momentos temporais. Por mais distantes que possam ser, criança (Little), jovem (Chiron) e homem (Black), guardam muito mais paralelos do que apenas um nome, mas também identidade. Dessa forma, é lindo perceber como o homem brutamontes e malhado guarda o mesmo coração inseguro e sensível dos pequenos e mirrados dos outros dois momentos. Ou como, em reciprocidade, eles apresentem o mesmo olhar combativo do mais velho a tudo de ameaçador que lhes cerca.

Crescido sem pai, e com Paula (Naomie Harris, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante), mãe viciada em drogas, Little (Alex Hibbert) é constantemente perseguido pelos garotos do bairro, até que certo dia, o traficante Juan (Mahershala Ali, indicado a Melhor Ator Coadjuvante) o defende. Musculoso, rico e cheio de si, Juan passa a ser o modelo de pai que nunca teve e do homem que Little gostaria de ser. Todavia, Juan passa a ser também sua ponte para o mundo, e não à toa, a postura despojada, mas cortês de Ali faz dessa a relação mais pura do filme. E, por conta disso, um dos momentos mais tristes se dá quando constatamos que tudo isso que o garoto admira em Juan ocorre às custas da destruição da vida de outros, como a de sua própria mãe.

Moonlight_3

E é nessa conjunção de fatos que Jenkins vai compondo a Miami de um jovem negro pobre. Uma realidade que por mais pura que seja a pessoa, grandes são as chances dela acabar exatamente como seus “heróis”, prostituindo-se ou traficando. Mesmo assim, a obra supera o determinismo social e se preocupa também em desenvolver pessoalmente seu protagonista. De Juan ao colega de Chiron, Kevin (Jaden Piner, e mais tarde Jharrel Jerome), todos contribuem para as descobertas e identidade do protagonista, mas isso só funciona porque eles individualmente possuem personalidades marcantes, e mais do que isso, são pessoas (e não apenas personagens em função do roteiro) desse mesmo universo.

Universo este que, por um lado, ganha muito frescor e humanidade pelos pequenos atos que o compõem – quem, por exemplo, nunca colocou mais líquido no copo, após servir mais em um do que no outro? –, e por outro, é sublime diante da estupenda composição visual da fotografia – como quando a mãe grita em câmera lenta por não ter conseguido arranjar crack, e a luz rosa ao fundo a torna ainda mais intimidadora aos olhos do filho. Nos quesitos técnicos, ainda é de se ressaltar a sensível trilha sonora de Nicholas Britell, que em nenhum momento tenta nos envolver mais sentimentalmente do que as próprias personagens, acertando até mesmo em poupá-la na cena de maior autodescoberta do filme (que envolve uma praia).

Poderoso ainda ao empregar câmera na mão as várias vezes em que o protagonista se encontra inseguro – como na visita que faz a mãe, anos sem vê-la –, Moonlight: Sob a Luz do Luar até se estende um pouquinho mais do necessário no terceiro ato, mas ele nunca deixa de estar de maneira quase que psicológica na intimidade de seu protagonista. E para uma obra em que o mais difícil é se desapegar do ator que acompanhávamos antes, é triste imaginar que um indivíduo negro e pobre também não possa apenas se desapegar de como e onde nasceu.

Moonlight_2

 

Trailer legendado:

https://www.youtube.com/watch?v=6TTizmpoa-U

por Natan Novelli Tu
natunovelli@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima