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A produção ambiciosa de O Mistério do Gato Chinês fascina e confunde

A China imperial da dinastia Tang (618 – 907 d.c.) é o cenário sobre o qual se desenvolve a trama de O Mistério do Gato Chinês (Legend of the Demon Cat, 2017). A coprodução sino-japonesa, baseada no romance do escritor japonês Baku Yumemakura, acompanha o monge Kûkai (Shôta Sometani) e o poeta Bai Letian (Xuan …

A produção ambiciosa de O Mistério do Gato Chinês fascina e confunde Leia mais »

A China imperial da dinastia Tang (618 – 907 d.c.) é o cenário sobre o qual se desenvolve a trama de O Mistério do Gato Chinês (Legend of the Demon Cat, 2017). A coprodução sino-japonesa, baseada no romance do escritor japonês Baku Yumemakura, acompanha o monge Kûkai (Shôta Sometani) e o poeta Bai Letian (Xuan Huang) em suas aventuras para desvendar o mistério do gato demoníaco que provoca mortes e pânico na cidade de Chang’an.

O diretor Kaige Chen, responsável por filmes que ganham notoriedade na China e no exterior, como Adeus Minha Concubina (1993), é conhecido por obras longas, que narram histórias paralelas e misturam personagens. O Mistério do Gato Chinês segue a mesma lógica, nos 129 minutos do filme o espectador é apresentado a três histórias. 

No primeiro plano, estão os acontecimentos contemporâneos envolvendo as artimanhas do gato demoníaco e as tentativas do monge e do poeta em desvendar suas motivações. Paralelamente, é abordada com ênfase a história de um dos guardas do imperador e sua esposa que adotaram um gato preto e, por fim, há referências a fatos acontecidos 30 anos antes, na época em que a esposa do atual imperador, a imperatriz Chunqin (Yuki Zhang), ainda era viva.

Em determinado momento — que demora a chegar — todos os planos se complementam e a história passa a fazer mais sentido, apesar das dezenas de personagens e da mistura entre tempo e espaço, que tornam enredo difícil de acompanhar. A mudança de foco de uma história para outra e alguns plot twists nos momentos finais do longa aumentam a confusão do espectador. 

A imperatriz Chunqin (Yuki Zhang) era amada pelo povo apesar de sua origem tribal [Foto: Divulgação]

Com fotografia e figurino de tirar o fôlego, além de reconstruções detalhadas de edifícios e cidades da chamada Era de Ouro chinesa, o filme impressiona pela estética e riqueza de detalhes. Cores tipicamente orientais, como o vermelho e dourado e elementos do teatro de sombras conferem o tom de lenda à narrativa. 

Contudo, o uso excessivo de recursos gráficos nas cenas em que há elementos mágicos acaba tornando o filme caricato e o afasta do tempo milenar em que a história é narrada, como quando há interação entre os atores e o gato preto, em falas e movimentos que soam artificiais. Os takes em que a câmara se aproxima e se afasta dos objetos com efeitos sonoros que remetem à expansão também tornam-se desnecessários e cansativos por serem utilizados em demasia.

O roteiro de Kaige Chen é certamente instigante e o filme não decepciona na reconstrução histórica e nos efeitos visuais. É interessante notar como elementos da filosofia chinesa são incorporados à obra, como os ensinamentos sobre o poder que ações contemporâneas podem ter sobre gerações futuras e a necessidade constante de buscar a verdade separando o real da ilusão — tarefa que se revela árdua para quem acompanha o longa.

O filme estreia nos cinemas brasileiros em 25 de julho, veja o trailer:

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