Uma das sedes da Copa do Mundo Feminina de 2023, a Nova Zelândia quer quebrar o tabu de nunca ter avançado da fase de grupos em um mundial. A expansão do futebol feminino profissional no país e os bons resultados recentes nas seleções de base ocasionaram um grande número de jovens jogadoras convocadas. Com o apoio da torcida, as Ferns esperam fazer história.
Surgimento da seleção feminina
Integrante da Commonwealth, a Nova Zelândia acatou a proibição do futebol feminino em 1921, promulgada pela Associação de Futebol da Inglaterra. Apenas em 1975, quando o país foi convidado para a primeira edição da Copa da Ásia de Futebol Feminino, surgiu a Associação de Futebol Feminino da Nova Zelândia.
O torneio foi sediado em Hong Kong e contou com a participação de seis seleções. A seleção neozelandesa ganhou as duas partidas da fase de grupos — contra Malásia e Hong Kong, ambas pelo placar de 2 a 0. Nas semifinais, eliminou as australianas por 3 a 2. Mesmo com uma equipe formada semanas antes da competição, chegou à final e foi campeã depois da vitória contra a Tailândia, por 3 a 1.
Retrospecto na Copa do Mundo
Em 1983, a Nova Zelândia deixou de fazer parte da Confederação Asiática de Futebol — responsável por organizar a Copa da Ásia de Futebol Feminino — e foi para a Confederação de Futebol da Oceania. A equipe foi integrada à Copa da Oceania de Futebol Feminino. Depois de 1991, o torneio passou a classificar a campeã para a Copa do Mundo Feminina.
O primeiro mundial feminino foi realizado em 1991, na China. As Ferns conseguiram a classificação e tinham esperanças de contar mais uma vez com a sorte de principiante. No entanto, elas sofreram três derrotas, e o único gol da equipe no torneio foi marcado pela zagueira Kim Nye.
Seleção neozelandesa que disputou a Copa do Mundo de 1991. Kim Nye é a jogadora com a camisa de número 13 [Imagem: Reprodução/Site New Zealand Football]
O país da Oceania voltou a marcar presença na competição apenas em 2007. Desta vez, foram mais três derrotas e nenhum gol marcado. A Copa do Mundo seguinte, na Alemanha, em 2011 marcou uma melhora considerável das jogadoras. Ainda que tenham acumulado duas derrotas, os jogos foram mais disputados, sem as goleadas características das adversárias. As Ferns conquistaram o primeiro ponto na competição após o empate em 2 a 2 contra o México.
Na campanha seguinte, no Canadá, em 2015, somaram dois pontos e tiveram, pela primeira vez, mais empates do que derrotas. Porém, em 2019, na França, a seleção voltou a perder todos os jogos da fase de grupos e foi eliminada sem marcar gols.
Aposta na juventude
Para conseguir a tão sonhada primeira vitória na Copa do Mundo na edição de 2023, a seleção da Nova Zelândia se renovou. A idealização de um programa com o objetivo de fomentar a profissionalização de jogadoras gerou bons frutos nas seleções de base. Em 2014, a seleção feminina sub-20 chegou às quartas de finais do mundial. Mas o melhor resultado de uma equipe nacional do país no futebol foi conquistado pela seleção feminina sub-17. Na Copa do Mundo da categoria, em 2018, a seleção neozelandesa conquistou o terceiro lugar.
Algumas das jogadoras que fizeram parte dessa campanha histórica na base foram convocadas pela primeira vez para disputar uma Copa do Mundo com a seleção principal. Uma delas é Michaela Foster, zagueira do Wellington Phoenix. Ela foi eleita a melhor jogadora da equipe na temporada 2022/23 e seu pontos positivos são sua capacidade de criar jogadas e os bons chutes em lances de bola parada.
Michaela Foster durante sua partida de estreia pela seleção principal, neste ano [Imagem: Reprodução/Instagram @nzfootballferns]
Outras jovens estreantes do elenco no mundial são Anna Leat, Kate Taylor, Elizabeth Anton, Claudia Bunge, Malia Steinmetz, Grace Jale, Grace Neville, Mackenzie Barry, Indiah-Paige Riley, Gabi Rennie e Ava Collins.
Um pouco de experiência
Mesmo com um grande número de novatas, a Nova Zelândia possui jogadoras experientes no elenco. A zagueira Ali Riley, capitã da equipe, disputou mais de 150 jogos com a camisa da seleção. Com passagens pelo Chelsea e pelo Bayern de Munique, atualmente joga pelo Angel City, dos Estados Unidos. Ela já participou de quatro mundiais.
Ali Riley (com a flâmula de capitã) antes do amistoso contra o México, em 2022 [Imagem: Reprodução/Instagram @rileythree]
Outra veterana é a atacante Hannah Wilkinson. Ela foi a responsável pelo gol que assegurou o empate contra o México, no mundial de 2011. Nos mais de cem jogos disputados pela seleção, fez 28 gols. A atleta foi para três Olimpíadas e três Copas do Mundo Feminina.
Hannah Wilkinson durante partida contra a Austrália, válida pelas Olimpíadas de Tóquio, em 2021 [Imagem: Reprodução/Instagram @hwilkin17]
*Imagem de capa: Reprodução/Instagram @nzfootballferns