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A Luz Entre Oceanos: o drama bem feito

For whatever we lose (like a you or a me) it’s always ourselves we find in the sea. e.e. cummings, maggie and milly and molly and may Australia, 1918. Tom Sherbourne (Michael Fassbender) acabou de passar quatro anos nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e retornou ao país para exercer outra função, mesmo que ainda …

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For whatever we lose (like a you or a me)
it’s always ourselves we find in the sea.
e.e. cummings, maggie and milly and molly and may

Australia, 1918. Tom Sherbourne (Michael Fassbender) acabou de passar quatro anos nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e retornou ao país para exercer outra função, mesmo que ainda para a Commonwealth britânica: a de faroleiro. Partindo para a pequena ilha de Janus, próxima à cidade de Point Partageuse (ambas fictícias), na costa leste; ele conhece Isabel Greysmark (Alicia Vikander) que, seja por puro amor à primeira vista ou um anseio por algo diferente da vida monótona daquele pequeno vilarejo, rapidamente se apaixona por ele.

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Os dois se casam e se assentam no novo local de trabalho de Tom, com direito a toda felicidade romântica da virada do século que alguém poderia pedir. Apesar de se tratar de uma adaptação do livro de M.L. Stedman, é evidente que A Luz Entre Oceanos (The Light Between Oceans, 2016), filme dirigido por Derek Cianfrance (Namorados Para Sempre, O Lugar Onde Tudo Termina) precisaria ter uma boa dose de melancolia. Em sua quase perfeita vida marital, existe, de fato, um problema: Isabel não consegue ter um filho, um problema tanto pessoal – ela quer muito ser mãe – como social, uma vez que desempenhar esse papel era praticamente um requisito da vida feminina.

O grande conflito do filme tem início quando Tom avista, do alto do farol, um pequeno barco se aproximando da costa de Janus. Ele e Isabel correm à praia e encontram ali um homem já morto e sua filha, um bebê com apenas alguns meses de vida. Em meio à frustração de não conseguir ter um filho, a genuína preocupação com uma criança frágil e o isolamento na ilha, o casal decide criá-la como sua própria filha. É então que a história passa a ser dominada por uma sucessão de dilemas morais e adquire tons semelhantes aos de outros dramas de época arrebatadores como Desejo e Reparação (Atonement, 2007) e Não me abandone jamais (Never Let Me Go, 2010), um subgênero relativamente mal-servido nos últimos anos, e consegue se colocar no mesmo patamar de qualidade sem esforço.

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Com atuações estelares tanto do casal principal como de Rachel Weisz (que interpreta Hannah Roennfeldt) e da atriz-mirim Florence Clery, na primeira performance de sua carreira, o longa se desenrola de forma natural e verossímil, sem cair em clichês. A fotografia é deslumbrante e parece nos inserir no cenário da história, e a trilha sonora original do francês Alexandre Desplat (Harry Potter, O Jogo da Imitação, A Garota Dinamarquesa) complementa a já fantástica construção de clima. A Luz Entre Oceanos parece um dos raros casos em que a transição da palavra escrita para a tela grande potencializa uma história ao invés de simplificá-la. Longo sem se arrastar em nenhum momento, ele junta uma envolvente história de amor com uma reflexão sobre a área cinza da moral e todas as escolhas difíceis que devem ser feitas em meio a ela.

A Luz Entre Oceanos estreia no dia 3 de novembro. Confira o trailer:

por Bárbara Reis
barbara.rrreis@gmail.com

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