Lançado em 29 de setembro, o filme A Queda (Fall, 2022), dirigido por Scott Mann, é uma produção cheia de suspense e que alcança as alturas (literalmente). Para aqueles que são fãs de uma adrenalina, o thriller pode ser uma ótima opção, mas para quem possui acrofobia (medo de altura), é preciso repensar duas vezes antes de assistir, uma vez que a sensação de agonia que o filme proporciona é garantida.
Para o casal Becky (Grace Currey) e Dan (Mason Gooding), e a amiga Hunter (Virginia Gardner), a vida é uma verdadeira emoção. Aventureiros natos, os três estão sempre em busca de novas aventuras, através de esportes radicais. O que Becky e Dan não esperavam é que, dessa vez, o fôlego de vida terminaria para um dos dois.
Após perder seu marido em uma escalada de montanha, Becky imerge em um luto profundo. Preocupado com a filha, que não reage mais à vida, James (Jeffrey Dean Morgan) recorre a Hunter, na esperança de que a melhor amiga consiga interceder. E na tentativa de trazer sua amiga de volta e tirá-la de seu luto eterno, Hunter propõe uma nova aventura: uma escalada em uma torre com mais de 600 metros. Embora quisesse ajudar, Hunter erra em um detalhe: Dan morreu em uma escalada!
Como repetir as ações que levaram à morte de um ente querido pode fazer alguém superar a perda deste? Não querendo ocupar a profissão de Freud, mas reviver uma memória que causou tristeza pode fazer você se sentir melhor? Para Hunter, sim, pois escalar novamente seria uma forma de homenagear o esposo de Becky e fazê-la enfrentar seus medos.
Mesmo com receio, Becky aceita a proposta de Hunter, acreditando que sua melhor amiga só quer o seu bem. O que Becky não sabe é que, no fundo, essa escalada seria uma superação maior para Hunter do que para si própria. E assim, elas partem para essa nova — e perigosa — aventura.
O título do filme é muito indicativo. Embora A Queda retrata a luta pela sobrevivência de duas amigas que ficaram presas e abandonadas no topo da torre TV B-67, e que se esforçam continuamente para não despencar do alto, é válido destacar que o filme faz um paralelo a outro tipo de queda: a interior.
Ambas as personagens tiveram suas quedas bem antes da escalada. De um lado temos Hunter, a amiga corajosa e aventureira, que sempre busca novos desafios porque “você precisa fazer algo que a faça se sentir viva”, mas que, no seu íntimo, esconde um segredo mortal de sua melhor amiga; e do outro, temos Becky, que teve a sua queda desde a perda de seu marido.
A Queda é um filme não só de suspense e busca pela sobrevivência física, mas principalmente de uma busca por superar os seus medos e ultrapassar os seus limites. Na vida vence quem é mais forte, e aqui há uma lição valiosa: a principal sobrevivência não é a exterior, mas sim a interior. Aprender a sobreviver, sobretudo, por dentro, pois o maior desafio é vencer seus sentimentos. E é isso que Becky prova para si a cada degrau que sobe rumo ao topo — topo esse representado não só no alto da torre, mas o topo que leva à superação e à coragem. Contudo, o filme instiga a uma análise: até que ponto seus limites devem ser ultrapassados?
Mesmo presas e sem saída a 2000 pés do chão, lutando contra a fome e a sede, e a riscos iminentes, Becky e Hunter persistem até onde podem pela vida. A ideia do filme pode parecer mirabolante à primeira vista, mas a finalização cinematográfica é tão boa que aproxima o telespectador com a realidade dos detalhes que o filme procura trazer.
Um desses detalhes é a constante sensação de vertigem que, tanto para aqueles que não possuem medo de altura, o longa provoca um certo pânico, e para aqueles que têm acrofobia, assistir o filme é uma boa experiência de adrenalina e emoção. Uma coisa o filme acertou na sua representação: a vida é muito breve pra viver no passado, o hoje deve ser valorizado.
O filme estreou dia 29 de setembro e está em cartaz em todos os cinemas do Brasil. Confira o trailer:
*Imagem de capa: Divulgação/Paris Filmes