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Argentina: a campeã do mundo vence a América novamente

Após a Copa do Mundo em 2022, Argentina mantém o bom momento no esporte e consagra jogadores em fim de carreira

Por Bernardo Carabolante (bernardonm0411@usp.br)

Após a conquista da principal competição de seleções do mundo, a seleção argentina viveu um 2023 no “paraíso”, vencendo tranquilamente amistosos contra adversários fracos no primeiro semestre. No segundo semestre, disputaram as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, com cinco vitórias em seis jogos, sendo uma no Maracanã contra o Brasil de Fernando Diniz. A única derrota foi em Buenos Aires, contra o Uruguai.

Em 2024, os hermanos tiveram oito vitórias em nove jogos e uma classificação nos pênaltis nesta Copa América. Os comandados de Lionel Scaloni continuam a vencer a maioria dos jogos sem muito desgaste, quase sempre dominando o adversário sem dar muitas chances de resposta.

Copa América 2024

No grupo A da competição, a Argentina passou por Chile, Canadá e Peru sem precisar de grandes atuações do atual vencedor da Bola de Ouro, Lionel Messi, que chegou a ser poupado contra os peruanos.

Nas quartas, contra o Equador, fizeram seu pior jogo no torneio. Os argentinos tomaram conta do primeiro tempo, porém na volta do intervalo, os equatorianos dominaram a partida. A consistente defesa argentina foi exigida, contando com grande atuação do goleiro Dibu Martinez — e um pouco de sorte, com o pênalti perdido de Enner Valencia que igualaria a partida no meio da segunda etapa.  Apesar da luta, os equatorianos alcançaram o empate aos 90+1’, levando a partida às penalidades. Messi perdeu sua cobrança, mas a estrela de Martinez brilhou novamente, salvando e classificando os hermanos em uma partida cujo desempenho coletivo foi abaixo do esperado.

Na semifinal, a Argentina enfrentou novamente o Canadá, e o placar de 2 a 0 aplicado na fase de grupos se repetiu, dessa vez com gol de Lionel Messi, o primeiro dele no torneio. Hermanos classificados para a busca do bi consecutivo da Copa América e confirmar os anos de glória após o longo jejum de títulos da equipe principal — que começou em 1993 e se encerrou com a conquista da Copa América de 2021.

Argentina comemorando o título da Copa América de 2021 no Maracanã [Reprodução: X / @CopaAmerica]

Como jogou a Argentina?

Escalação preferida por Lionel Scaloni para a equipe Argentina em 2024 [Reprodução: Sharemytatics / Bernardo Carabolante]

Os atuais campeões do mundo e da competição geralmente vem escalados com Dibu Martínez, personagem fundamental nos títulos recentes, com destaque para seu protagonismo em disputas de pênaltis. 

Montiel e Molina alternam bastante na linha de quatro defensores, que vai da escolha de Lionel Scaloni entre um lateral mais defensivo e outro que pode jogar um pouco mais avançado, respectivamente. Lisandro Martínez é o titular desde a saída de Otamendi da equipe titular no início do ano, com Romero ao seu lado, titular desde que Scaloni assumiu a seleção. Na lateral esquerda vem Tagliafico, atuando um pouco mais ofensivo e que pode flutuar pelo lado esquerdo do campo, onde geralmente não é tão ocupado ou focado pela equipe argentina.

No meio campo, De Paul e Enzo Fernández cumprem as funções defensivas. O veterano Ángel Di María joga aberto pela direita, responsável pela velocidade em contra ataques e alcançar bolas longas, porém há momentos em que Scaloni opta por utilizá-lo na esquerda, explorando mais o fundo e cruzamentos. Flutuando pelo meio defensivo e ofensivo, Mac Allister é o responsável pela criação de jogadas e ligação entre defesa e ataque.

No ataque, Lionel Messi joga livre graças ao trabalho do resto do time, deixando o craque brilhar com gols, assistências e passes mágicos. Completando o ataque, Lautaro Martínez, o artilheiro da Copa América e autor do gol decisivo na final da competição, vem de bom momento após péssima Copa do Mundo em 2022, porém Julián Álvarez disputa a vaga, alternando a titularidade com Lautaro.

No banco argentino, Nicolás González foi titular algumas vezes no lugar de Di María para dar profundidade pela esquerda do ataque. Exequiel Palacios pode entrar para contribuir defensivamente, ganhando duelos e pressionando o adversário. Lo Celso contribui com bolas longas e bom passe, além de ajudar defensivamente, mesmo não sendo sua principal característica.

O treinador Lionel Scaloni, um dos responsáveis pela nova fase vitoriosa da seleção argentina [Reprodução: X / @CopaAmerica]

Movimentações da equipe

A Argentina de Lionel Scaloni se destaca pela coragem do técnico ao mudar a escalação para anular pontos fortes do adversário e deixar os craques da equipe alviceleste brilharem, como visto durante a Copa de 2022.

Movimentações defensivas para saída de bola da equipe argentina [Reprodução: Sharemytatics / Bernardo Carabolante]

Essas movimentações favorecem a Argentina para que a equipe possa atrair o adversário para seu campo utilizando a troca de passes entre os zagueiros e o goleiro, permitindo que os volantes apareçam pelo meio da defesa se alinhem com os laterais para trocarem passes rápidos ou lançar bolas longas para os atacantes, principalmente Di María. O lado esquerdo é bastante utilizado,  favorecendo a troca de passes entre Tagliafico e Mac Allister para encontrar Messi livre.

Defensivamente o esquema permanece o mesmo. Enzo e De Paul fazem a linha à frente da área e os laterais se alinham com os zagueiros. Mac Allister, Lautaro (Álvarez) e Di María incomodam recuando para apoiar a defesa e armar contra ataques.

Movimentações da Argentina ofensivamente com a bola [Reprodução: Sharemytatics / Bernardo Carabolante]

Um dos poucos pontos fracos que a equipe possui é o banco de reservas que não está à altura dos titulares. A ponta em que Di María está é geralmente mais utilizada e com isso o outro lado do campo além de não oferecer muito perigo pode sofrer com contra ataques em espaços deixados por Tagliafico, Mac Allister e Enzo Fernández, além claro, se Messi estiver em um péssimo dia é sempre prejudicial aos hermanos.

Dentre os pontos fortes da equipe, destacam-se o sólido sistema defensivo, o poder decisivo e o entrosamento da equipe titular, algo presente desde que Scaloni assumiu a alviceleste.

Principais Destaques

Dibu Martínez

A Argentina possui um dos maiores personagens do futebol mundial atualmente. O goleiro do Aston Villa se destacou na Copa América de 2021 e resolveu o problema da posição que a seleção tinha desde 2018. O goleiro brilhou na disputa de pênaltis contra a Colômbia pela semifinal da Copa América de 2021, e  repetiu o feito contra Holanda e França na Copa do Mundo de 2022, roubando a atenção do mundo todo ao desconcentrar os adversários com dancinhas e provocações, o que causou uma alteração nas regras do futebol pela Ifab (International Football Association Board), associação que regula as regras do futebol.

“O goleiro defensor deve permanecer na linha do gol, de frente para o cobrador, entre as traves, até que a bola seja chutada. O goleiro não deve se comportar de forma a distrair injustamente o cobrador. Por exemplo: atrasar a execução da cobrança ou tocar traves, travessão ou rede do gol “

Trecho da regra 14

Este ano o goleiro já brilhou ao salvar a Argentina contra o Equador defendendo duas penalidades.

Dibu Martínez se aquecendo antes de partida pela Copa América 2024 [Reprodução: X / @CopaAmerica]

Rodrigo De Paul

O jogador argentino é o soldado de Lionel Scaloni, podendo jogar defensivamente ou até como um meia direita ofensivo. Rodrigo De Paul se tornou um dos líderes e rostos dessa nova Argentina, reconhecido por ser provocador, pela “catimba” e raça, como um bom argentino. O meia é muito técnico também, armando jogo e com bolas longas.

De Paul chutando bola em partida contra o Chile pela fase de grupos da Copa América 2024 [Reprodução: X / @CopaAmerica]

Ángel Di María

Ao que tudo indica, a Copa América de 2024 foi a última competição oficial de Di María pela alviceleste. Após 16 anos de seleção e sendo decisivo em todas finais conquistadas pela equipe — inclusive no ouro olímpico de  2008 —, o ponta argentino chama atenção pela velocidade ainda com 36 anos, bons chutes, dribles e criações de jogadas.

Desta vez, Di María não marcou mas foi essencial para a equipe após a lesão de Messi, jogando 117 minutos e incomodando a defesa colombiana a cada chance. O ponta se despede da seleção com mais um título, para sempre na história e lembrança dos argentinos.

Di María comemorando gol contra Itália pela Finalíssima em 2022 [Reprodução: X / @CopaAmerica]

Lionel Messi

Não tem como falar da Argentina sem citar o capitão Lionel Messi, a estrela da equipe que, aos 37 anos, busca mais um título para se consagrar como maior jogador da história de seu país ao lado de Maradona. Apesar de estar chegando ao fim de carreira, o estilo de jogo da Argentina colabora muito para que Messi não tenha que colaborar muito defensivamente e possa “fazer o que sabe de melhor” quando a bola chega aos seus pés e que vem fazendo há 20 anos.

Lionel Messi durante a final da Copa do Mundo de 2022 [Reprodução: X / @fifaworldcup_pt]

Capa: [Reprodução: X / @fifaworldcup_pt]

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