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Eles quase sempre estão dormindo em pé

Sonambulismo costuma atingir principalmente as crianças, mas idosos também são um grupo de risco Por Rosiane Siqueira (ro.spequena@gmail.com) Rodeado de mitos, curiosidades e humor, o sonambulismo – distúrbio comportamental do sono – é mais frequente em crianças e tende a desaparecer ao longo do tempo. O transtorno se origina durante as primeiras horas do sono …

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Sonambulismo costuma atingir principalmente as crianças, mas idosos também são um grupo de risco

Por Rosiane Siqueira (ro.spequena@gmail.com)

Rodeado de mitos, curiosidades e humor, o sonambulismo – distúrbio comportamental do sono – é mais frequente em crianças e tende a desaparecer ao longo do tempo. O transtorno se origina durante as primeiras horas do sono e pode durar de alguns segundos a trinta minutos. Durante esse período de tempo, desenvolvem-se ações motoras simples ou complexas, na maioria das vezes sem sentido, como sentar na cama, caminhar pela casa de olhos abertos e, em casos mais raros, até mesmo dirigir por longas distâncias. Além da orientação e de tratamentos, centros de especialidade como o Instituto do Sono, em São Paulo, trabalham também com pesquisas sobre o assunto.

Mais comum em crianças, o sonambulismo é um distúrbio que pode desaparecer com a idade. (Imagem: J.Press)
Mais comum em crianças, o sonambulismo é um distúrbio que pode desaparecer com a idade. (Imagem: J.Press)

Risco de acidentes com crianças

Segundo pesquisas realizadas pela revista de Pediatria da USP, aproximadamente 25% das crianças com idade entre três e dez anos que já apresentaram sonambulismo o tiveram pelo menos uma vez ao ano. Menos de 15% delas apresentaram o problema pelo menos uma vez por semana. Não há níveis de gravidade do distúrbio, apenas mais ou menos frequências das crises. Com isso, os maiores riscos são os acidentes. Quando sonâmbulas, as crianças tomam atitudes impensadas, devendo-se prevenir que andem para fora de casa, alcancem objetos perigosos ou se aproximem de janelas.

Para Márcia Pradella-Hallinan, neurologista e chefe do setor de crianças e adolescentes do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a principal causa é maturacional. O ainda imaturo sistema nervoso central sobrepõe os estados de sono e vigília, algo como um “despertar incompleto”. Isso tende a desaparecer com o tempo, conforme o sistema nervoso se desenvolve. A predisposição familiar também tem sido considerada como fator que influencia o aparecimento do distúrbio.

Além dos riscos físicos causados pelas ações involuntárias, o efeito psicológico em crianças pode aparecer. A insegurança de dormir, a vergonha de passar a noite na casa dos amigos e o tratamento diferenciado são sintomas comuns desse efeito. Para melhorar isso, os familiares devem respeitar o sonâmbulo, sem punições ou preconceitos e tratá-lo com seriedade.

Tratamentos medicamentosos são recomendados apenas quando os casos não costumam diminuir com o avanço da idade ou em situações em que o sonambulismo atrapalha a rotina da criança. São úteis ainda quando ocorrem crises frequentes por semana ou em casos relacionados à apneia. Esses remédios não têm como objetivo acelerar o processo de maturação do sistema nervoso, mas apenas estabilizar os mecanismos do sono.

Sonambulismo em idosos

Segundo a neurologista, nos idosos, a causa do sonambulismo é exatamente oposta à causa infantil. O motivo principal é a degeneração dos mecanismos que inibem o distúrbio e que, por se avançarem com o amadurecimento do sistema nervoso central, podem se agravar com a idade.

Os sintomas são os mesmos: ações motoras involuntárias simples ou complexas seguidas do esquecimento da ação no dia seguinte. Do mesmo jeito, os acidentes são os principais riscos da doença. Em idosos, sua coordenação motora pode estar debilitada, causando, durante atitudes sonâmbulas, tombos, quedas de escadas ou janelas ou machucados com objetos simples.

Em situações mais específicas, são levadas em consideração outras doenças que o paciente possa apresentar. Casos como a doença de Parkinson, o Mal de Alzheimer ou demências devem ter atenção especial para que o tratamento não interfira no sono ou que os cuidados com o sonambulismo não agravem outros problemas.

O que acontece se um sonâmbulo é acordado?

Muitos são os mitos e lendas que envolvem o sonambulismo. O mais famoso deles questiona o ato de acordar ou não o sonâmbulo, alegando-se que ao fazê-lo se poderia matar a pessoa. Ideia desmistificada pela neurologista Márcia: não há problema nenhum em acordá-la. “O ato apenas fragmentaria o período de sono, podendo assustar o indivíduo e gerar reações agressivas, mas sob nenhuma hipótese isso poderia causar o óbito. O mais aconselhável é que se conduza a pessoa até a cama, ainda sonâmbula, para que durma e esqueça o ocorrido”.

Um segundo mito é o de que as ações do sonâmbulo estão de acordo com os seus sonhos no momento. Segundo estudos feitos pela revista de Pediatria da USP, esses estágios não se relacionam, pois acontecem em momentos distintos do sono. O sonambulismo se dá nas primeiras horas, já os sonhos, no sono mais profundo. A mesma desmistificação serve para os ataques epiléticos. A comparação é feita por também acontecer de forma paroxística, ou seja, com acessos frequentes, e por ocorrer a amnésia em seguida, porém ficou provado que são fenômenos distintos.

Por último, uma das histórias difundidas é a de que o sonâmbulo estaria “possuído”. A pessoa está apenas em um estágio inconsciente, mas ainda com sua coordenação motora ativa provocada pelo sistema nervoso. Por isso, deve ser conduzida novamente ao repouso. Muito desse mito provém dos estudos espíritas sobre o sonambulismo.

Sonambulismo sob a visão espírita

Para os estudiosos espíritas, o sonambulismo pode ser físico ou mediúnico. O primeiro é aquele de caráter neurológico citado acima. Já o sonambulismo mediúnico é aquele em que o sonâmbulo está sob influência de energias espirituais, mas sem nenhuma incorporação. Assim, a pessoa é conduzida para a comunicação mediúnica.

Essas energias espirituais podem ser positivas ou negativas. Quem explica é Vânia Fátima, mestre em Ciências pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), professora de Fisiologia e Cinesiologia, além de palestrante espírita. Para ela, o auxílio ou orientação de um centro espírita é importante. Para os seguidores dessa doutrina, uma das provas do sonambulismo mediúnico é a visão do sonâmbulo, que caminha com olhos abertos sem de fato enxergar ou lembrar no dia seguinte do que viu. Com isso, a comunicação com essas energias poderia, ainda, transmitir à pessoa conhecimento divino e trazer mais aprendizado sobre a vida, pois a alma estaria lúcida.

Os sintomas são os mesmos, com exceção do solilóquio – fala que ocorre durante o sono – já que muitas vezes o motivo do sonambulismo mediúnico é a transmissão de mensagens. Os riscos de acidentes por conta de ações motoras involuntárias também continuam presentes.

Orientações e tratamento

Em São Paulo, um dos locais mais famosos de orientação e pesquisa no assunto é o Instituto do Sono, da Unifesp.  Ainda na cidade paulista, o Hospital São Paulo e o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas também oferecem atendimento para crianças e adultos sonâmbulos. Outros Institutos e Clínicas do Sono também estão pelo Brasil prestando esse serviço.

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