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Super herói? Não à primeira vista

Exibido anteriormente na 36ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Super Nada, o novo filme de Rubens Rewald entra em cartaz nos cinemas de todo o país na quinta feira, dia 14 de março. Co-dirigido por Rossana Figlia, o longa faturou diversos prêmios da cena nacional e entrou para a seleção oficial de festivais …

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Exibido anteriormente na 36ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Super Nada, o novo filme de Rubens Rewald entra em cartaz nos cinemas de todo o país na quinta feira, dia 14 de março. Co-dirigido por Rossana Figlia, o longa faturou diversos prêmios da cena nacional e entrou para a seleção oficial de festivais internacionais.

Super Nada traz a história de diferentes atores em diversas fases da vida, mas unidas pelo mesmo eixo narrativo. A princípio, Super Nada é um personagem de um quadro de humor escrachado que, mesmo fazendo um humor bem diferente daquele visto nos programas atuais, consegue se manter em exibição. Fora de seu programa, Super Nada é Zeca (muito bem interpretado por Jair Rodrigues), um ator experiente, mas que não vive mais os tempos áureos da fama. Marat Descartes, por sua vez, faz um excelente papel dando vida a Guto, pai solteiro e ator em desenvolvimento, mas que ainda não encontrou estabilidade ou sucesso profissional. Esse sentimento é compartilhado por todo o seu círculo de amigos.

Muito além de um filme de comédia – e nesse caso todo o elenco contribui para isso, Super Nada é um filme que ilustra as dificuldades de se estabelecer no competitivo mundo artístico. Apesar do talento de Guto, ele frequentemente se vê decepcionado com os trabalhos que consegue, ou ainda insatisfeito com seu desempenho. Uma das cenas que ilustra bem essa faceta do personagem – e que insere um toque de delicadeza e melancolia na usual atmosfera de humor do longa – é o momento em que o ator retira sua maquiagem após finalizar sua performance de palhaço. O olhar melancólico no espelho e a vermelhidão em seu nariz oriunda dos restos de maquiagem fazem parecer com que Guto estivesse chorando, o que não soa falso ou artificial.

Tudo isso é potencializado pela cidade de São Paulo. Pano de fundo do longa, a grande metrópole contribui com cenas visuais poluídas, que enfatizam o constante movimento da cidade. A figura de Guto é frequentemente camuflada entre o trânsito e as pessoas de São Paulo, reforçando o tom caótico da cidade e uma certa dificuldade em se destacar em meio a tanta gente. O panorama ainda consegue abrir espaço para mais uma interpretação do título, ao permitir que liguemos a figura de Guto à ideia de um super herói fracassado.

A trilha sonora, bastante instrumental, mistura-se aos ruídos da cidade e amplifica o caráter urbano de São Paulo. O cuidado com a técnica do filme se reflete em diversos pontos, não só na parte musical. São frequentes os momentos em que o diretor brinca com os planos ao mostrar, ao mesmo tempo, a cena diretamente filmada e, concomitantemente, seu reflexo num diferente ângulo no espelho.

Outro destaque da parte técnica é a animação do programa Super Nada. O diretor não restringe a sua exibição apenas à televisão de Guto. Em diversos momentos, a animação extrapola o aparelho e ocupa a tela inteira do cinema, o que provoca um jogo visual bastante interessante na montagem do filme.

Assim, seja pela técnica ou pelo elenco – ou ainda pelos dois -, Super Nada é um filme que merece ser visto. É delicado quando precisa ser, arranca risadas da plateia quando lhe é conveniente. E é, sobretudo, mais uma boa produção do cinema nacional.

Por Camila Berto Tescarollo
berto.camila@gmail.com

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