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Na tela, quase um Otelo

[No Olho da Rua] Perder o emprego pode significar muito mais do que parece. E em uma família que depende exclusivamente desse salário, tudo pode se perder. O filme No Olho da Rua conta essa história. Otoniel Badaró (Murilo Rosa) é um metalúrgico, pai e marido dedicado, que sustenta sozinho sua esposa grávida e um …

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[No Olho da Rua]

Perder o emprego pode significar muito mais do que parece. E em uma família que depende exclusivamente desse salário, tudo pode se perder. O filme No Olho da Rua conta essa história. Otoniel Badaró (Murilo Rosa) é um metalúrgico, pai e marido dedicado, que sustenta sozinho sua esposa grávida e um filho pequeno. Trabalhador, está há 20 anos na mesma empresa e, ao ser demitido devido à mecanização da fábrica, se revolta e passa a ter muitos problemas pessoais e familiares. Além de desempregado, Oton se vê perdendo todo o resto: bens materiais, família, amigos e sua dignidade.

O longa metragem é o primeiro do diretor Rogério Corrêa, que decidiu retratar o desemprego estrutural após suas pesquisas na década de 1990 apontarem que havia 6 milhões de desempregados apenas nas grandes cidades brasileiras.
O tema é atual (talvez atemporal) e rico, mas o diretor não quis retratar um momento específico, como a crise de 2008, nem recriar o Lula de 1970. Poderia situar-se em qualquer metrópole dos últimos 40 anos, e em muitos setores da indústria que tem substituído o trabalho humano pelas máquinas. Na época das greves sindicais no ABC, os metalúrgicos eram 200 mil; hoje são apenas 80 mil.

A cenografia e o figurino são compatíveis com a condição econômico-social do personagem, e dão uma base verossímil ao enredo. No entanto, o objetivo do filme, que é fazer com que haja identificação do público com personagem principal e seus problemas é dificultado por falas que não soam naturais.

Em alguns momentos há algo de caricatural no bom-mocismo de Oton, que fala com firmeza demais, pronuncia devagar frases fortes, criando um efeito teatral e dramático que não se vê nas ruas- ou nas fábricas. Muito do envolvimento do público se perde com essa falha. Não se sente as preocupações e agonias nas palavras do pai de família desempregado. Fica evidente que se trata de uma interpretação.
Embora recitada, a história é interessante. O filme foi o único brasileiro, em 2010, selecionado pelo Festival Internacional de Montreal para participar da Competição Mundial de Primeiros Filmes e do Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericana de Havana (Cuba) – Seção Operas Primas. Não é o orçamento –cerca de 940 mil reais- baixo em relação a recentes blockbusters brasileiros, que prejudica o filme. Não caberiam na história efeitos especiais. Na verdade, o tema poderia ter sido aproveitado melhor, se o espectador conseguisse ver a si mesmo na tela.

Por Gabriela Stocco

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