por Ana Luísa Fernandes
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Amazônia é um produção franco-brasileira que estreia no dia 26 em todo o Brasil. Dirigido pelo francês Thierry Ragobert, a narrativa do filme gira em torno do macaco-prego Castanha (voz de Lúcio Mauro Filho), um simpático animalzinho domesticado que vive no Rio de Janeiro. Quando ele é vendido para um circo e o avião que o transportava cai no meio da floresta amazônica, Castanha se vê no meio de um ambiente totalmente desconhecido e hostil. A partir daí ele enfrenta desafios para se alimentar, para se manter em segurança e para socializar. Quando ele conhece a macaquinha Gaia (voz de Isabelle Drummond) se apaixona e tem que lutar por ela.
No filme, a Floresta Amazônica deixa de ser apenas um cenário para se tornar parte integrante do desenrolar da trama, como um organismo vivo. O 3D é muito bem utilizado para essa finalidade, com uma riqueza de detalhes e cores impressionantes, o que aproxima ainda mais a floresta do telespectador. Os três anos de gravação na Amazônia resultaram em um bom trabalho, com a espontaneidade dos animais mostrada de excelente forma.
A preocupação com a espontaneidade e com a presença forte da Floresta Amazônica no filme revelam um caráter documental, que é explorado em conjunto com a ficção da história de Castanha. Esse equilíbrio entre documentário e ficção é difícil de ser alcançado e um dos recursos que o diretor utilizou foi a dublagem, que originalmente não estava planejada. A inserção das vozes, além de contribuir para esse equilíbrio também torna a história de mais fácil compreensão, principalmente para o público infantil.
Como em muitos outros filmes que envolvem temas relacionados às florestas e aos animais em cativeiro, Amazônia mostra que Castanha só conseguiu ser verdadeiramente feliz em seu habitat natural. Antes, quando ele mesmo se auto intitulava um “macaco civilizado”, que assistia TV e contava com todos os luxos da cidade grande, Castanha era apenas uma sombra do animal que ele verdadeiramente podia ser. E a Floresta Amazônica cumpre esse papel de resgatar o que ele nunca tinha conhecido, mas que no fundo fazia parte da sua natureza e essência.
Amazônia desempenha melhor a sua função de registro da natureza do que a de roteiro para entretenimento. A fotografia impecável prende a atenção, mas não é suficiente para mantê-la em alta durante todo o longa. Apesar disso, o filme que foi feito praticamente sem nenhum efeito digital (a cena da queda do avião contou com alguma ajuda, mas foi a única), merece ser visto principalmente por aqueles que possuem curiosidade em ver a Floresta Amazônica de perto e em detalhe: essa função o filme cumpre de modo impecável.