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Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, morre aos 82 anos

O Rei do Futebol lutava contra um câncer no cólon desde setembro de 2021 e não resistiu às complicações recentes

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. O Rei do Futebol lutava contra a doença desde setembro do ano passado e estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 29 de novembro. O falecimento foi confirmado por Kely Nascimento, filha do ex-jogador, em publicação nas redes sociais na parte da tarde. Pelé deixa sete filhos e quatro netos.

Nascido em 23 de outubro de 1940, na cidade mineira Três Corações, Pelé era o mais velho dos três filhos de João Ramos do Nascimento, o Dondinho, e Celeste Arantes. Inspirado por seu pai, que foi jogador de futebol, Dico, como era apelidado pela família, começou a praticar o esporte cedo. Quando a família de Edson se mudou para Bauru (SP), com ele ainda criança, ao jogar bola com os amigos, costumava atuar como goleiro, inspirando-se em José Lino da Conceição Faustino, o Bilé, que era o goleiro do time de seu pai, o Vasco da Gama de São Lourenço de Minas Gerais. Sempre que fazia uma defesa, o pequeno Edson gritava o nome do goleiro. Como era muito pequeno, porém, ele tinha dificuldades de pronúncia, e Bilé logo se tornou Pelé. Embora o menino não gostasse do nome, o apelido pegou, e não demorou muito para que, aos 16 anos e após passagens por várias equipes de Bauru, Pelé fosse levado ao Santos por Waldemar de Brito, que tinha sido seu treinador. Começava, em 1956, uma trajetória de quase 20 anos pelo Santos Futebol Clube como jogador, e de uma eternidade pelo Brasil e pelo mundo como ídolo. 

O Rei: do Brasil para o Mundo

A partir daí, as glórias começaram a vir na carreira de Pelé, e antes mesmo de disputar e ganhar sua primeira Copa do Mundo pelo Brasil, em 1958, Edson já recebeu mais um apelido que ficará marcado para sempre na história: “Rei”. Em março daquele ano, após o Santos vencer o América-RJ por 5 a 3 – quatro gols de Pelé -, o jornalista Nelson Rodrigues escreveu uma crônica enaltecendo o jovem de 17 anos, intitulada A Realeza de Pelé. Logo, a alcunha ganharia ares internacionais e seria expandida a proporções estratosféricas. Em junho de 1958, o Brasil foi campeão mundial de futebol pela primeira vez, e o protagonista tinha que ser ele: Pelé! O jogador foi decisivo e marcou, inclusive, na final, diante da anfitriã Suécia. Aquela Copa marcou, também, a imortalização da camisa 10 como sinônimo de grandeza. A associação do número a um craque só ocorre, até hoje, por ter sido vestido por Pelé. 

Quatro anos depois, na Copa do Chile, em 1962, Pelé marcou na estreia, uma vitória por 2 a 0 contra o México, mas teve a lesão mais séria de sua carreira no segundo jogo, um empate por 0 a 0 com a Tchecoslováquia. Garrincha, invencível parceiro do Rei na seleção, foi quem levou o Brasil até o título. Na Copa seguinte, em 1966, na Inglaterra, o Brasil foi mal, mas Pelé e Garrincha jogaram, marcaram e venceram pela última vez, juntos. Em 1970, porém, o Rei, já aos 30 anos, brilhou em seu melhor Mundial, no México. Ele foi o craque de uma equipe de craques, o camisa 10 de uma equipe de camisas 10, e decidiu na final contra a Itália, que deu ao Brasil – e a ele, Pelé – seu tricampeonato do mundo por seleções. Até hoje, ele foi o único a levantar três vezes a taça mundial como jogador. Em Copas do Mundo, Pelé tem 14 jogos, 12 gols e oito assistências. Pela seleção brasileira, são 91 jogos oficiais, 77 gols e 32 assistências – o maior artilheiro da história da Amarelinha empatado com Neymar (que precisou de 33 jogos a mais para atingir o feito). Somadas as partidas que a Fifa (Federação Internacional de Futebol) considera não-oficiais, o número de gols sobe para 95 e torna-se insuperável até hoje. 

https://www.instagram.com/p/CmjNrwVOoxI/

Pelé: o maior da história do Santos

No Santos, o Rei do Futebol fez sua estreia em um amistoso contra o Corinthians de Santo André. O time praiano goleou o adversário em uma vitória por 7 a 1, na qual Pelé anotou o sexto gol santista — seu primeiro dos 1091 que marcaria durante sua trajetória pela equipe alvinegra.

Em 1958, levantou pela primeira vez uma taça com o Santos. Depois de realizar a impressionante marca de fazer 58 gols em 38 jogos, o Rei conquistou, junto com o habilidoso time santista, o Campeonato Paulista. Era o início de uma série de conquistas importantes com o clube do qual se tornaria ídolo máximo — e também o primeiro de seus recordes: é o maior artilheiro de uma edição da competição até os tempos atuais.

O resto é história: Pelé, com a camisa alvinegra, ainda foi destaque nas conquistas de seis Campeonatos Brasileiros, dez Campeonatos Paulistas, cinco Torneios Rio-São Paulo, uma Recopa Sulamericana e uma Recopa Mundial. Não se pode deixar de citar seus grandes triunfos pelo Peixe — as duas Libertadores e os dois Mundiais, ambos conseguidos em 1962 e 1963, que elevaram a equipe do litoral paulista ao patamar de um dos maiores times da história do futebol global. Os santistas, graças à atuação do Rei, tornaram-se os primeiros bicampeões mundiais de clubes.

Na terça-feira (27), o Santos anunciou uma mudança no seu escudo em homenagem a Pelé: agora, além das duas estrelas representando as conquistas do Mundial Interclubes de 1962 e 1963, o símbolo do alvinegro praiano passará a contar com uma coroa, em referência ao Rei. 

Depois de se despedir do Santos, em 1974, Pelé foi jogar no New York Cosmos, dos Estados Unidos, onde teve grande papel dentro e fora de campo. Após anos recusando propostas do time estadunidense, o Rei acabou por aceitar o desafio de ajudar na promoção do esporte na América do Norte, inclusive pelo fato de o contrato ser muito vantajoso para ele, que vivia uma situação financeira ruim. Edson jogou – e muito bem – no Cosmos até 1977, quando fez sua partida de despedida, em 1º de outubro daquele ano, e recebeu uma série de homenagens, aos 36 anos. 

Muito além do futebol 

Ainda com o Santos, Pelé participou de diversas excursões internacionais, nas quais pôde mostrar a majestade de seu futebol pelo mundo. Foi em uma dessas viagens que, em 1969, o Rei e sua equipe pararam uma guerra na Nigéria. O país enfrentava uma guerra civil quando o time santista foi convidado para participar de um amistoso contra um clube da região. Um cessar-fogo foi decretado para que os brasileiros pudessem jogar e vencer a partida por 2 a 1. Jornais da época afirmaram que o público foi de 30 mil pessoas — a cidade possuía 80 mil habitantes. Embora haja, hoje, estudos que dizem que a presença da equipe santista na Nigéria era uma estratégia política do governo local, já que a região por onde os jogadores passaram não tinha conflitos, não há dúvidas sobre a capacidade de mobilização causada por Pelé e pelo futebol. 

Outro exemplo marcante da influência de Pelé fora do Brasil é a quantidade de equipes de futebol homônimas ao Santos. Inspirados pela equipe cujo craque era o Rei, 39 times de 21 países ao redor do mundo levam o nome de Santos. Há times de sete países da África, cinco países da América do Norte e Central, três países da América do Sul, cinco da Europa e um da Ásia, isso sem contar os brasileiros – são nove, sendo o mais famoso o Santos do Amapá. Ainda que nem todos tenham ligação direta com o Peixe, a maioria foi fundada durante a “Era Pelé” ou em homenagem a ela. Na Guiana, por exemplo, o Santos FC de Georgetown rivaliza com o Pelé FC. Isso só demonstra a influência dessa equipe pelo mundo, inclusive em países onde o futebol não é tão popular ou desenvolvido.

Um reinado imortal

Na carreira, Pelé tem 1363 jogos, com 1283 (ou 1282, a depender da contagem) gols marcados. Considerando apenas os jogos que a Fifa tem como oficiais, ele tem 767 gols em 812 partidas. Segundo revisão realizada em 2015 pela entidade máxima do futebol, o Rei teria sete bolas de ouro (prêmio de melhor jogador do mundo) se os critérios para a premiação fossem os utilizados atualmente. À época, apenas jogadores que atuavam na Europa disputavam o troféu, ainda que o futebol fosse tão bom quanto, senão melhor, na América do Sul.

O maior atleta do século 20 não conseguiu esse feito à toa. Tecnicamente, ele reuniu talentos e qualidades que ninguém jamais havia reunido. Fisicamente, ele destoava dos demais, justamente por ser melhor do que eles. Mais bem preparado do que eles. Maior do que eles. E assim é até hoje e para sempre. Pelé revolucionou o futebol como esporte, apresentou o Brasil ao mundo, popularizou o futebol pelo globo e encantou gerações pelo planeta – mesmo aquelas que não o viram jogar. Pelé fez história, está na história e é a história. Pelé é único e será eterno. Obrigado, Rei!

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