Este filme faz parte da 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto.
O filme argentino A Odisseia dos Tontos (La Odisea de los Giles, 2019), dirigido por Sebastián Borensztein, conta uma história que se passa na Argentina durante o início do século XXI, período em que o país passou por uma grande crise financeira.
Apoiada nesse acontecimento real, a trama desenvolve-se a partir do ímpeto de um grupo de amigos que residem na pequena cidade de Alsina, e buscam aquecer a atividade industrial local realizando uma cooperativa de produção agrária.
Fernín Perlassi (Ricardo Darín), um ex-jogador de futebol aclamado por seus feitos dentro de campo, sua esposa Lídia (Verónica Llinás), e seus dois companheiros, Antonio (Luis Brandoni) e Belaúnde (Daniel Aráoz), trabalham com alguns moradores da cidade a ideia de conseguir uma certa quantia em dinheiro capaz de comprar uma série de silos abandonados, que seriam utilizados para retomar a produção de grãos que gerava empregos e recursos financeiros para a região.
Depois de negociarem com o dono da propriedade e angariarem uma quantia significativa de dinheiro, Fernín fica responsável por separar e guardar o investimento feito para a cooperativa. Porém, a verba fornecida pelos moradores de Alsina não abarca todo valor da compra dos silos.
A alternativa escolhida para realizar essa tarefa, então, foi de confinar os recursos financeiros em cofre bancário e pedir um empréstimo que complementasse o montante. Porém, uma tomada de decisão equivocada faz com que toda a verba dos participantes da cooperativa seja perdida.
Apesar de num primeiro momento o grupo pensar que fora vítima apenas da crise financeira que assolava o país, uma denúncia lhes informa que a perda do dinheiro arrecadado pelos moradores de Alsina, na realidade, fora armada. Assim, os participantes começam a tramar que forma eles poderão recuperar seu dinheiro e, finalmente, restaurar a produção fundiária local.
A temática do longa aborda, da mesma forma, a condição dos indivíduos vistos pela sociedade como “tontos”. É sugerido que os cidadãos “comuns” encaixam-se nessa característica, uma vez que se encontram em uma situação de inutilidade e impotência perante a sociedade.
Na trama, os moradores de Alsina quebram com esse paradigma a partir do momento que saem de uma inércia de problemas e lutam para estabelecer uma justiça em suas vidas. O grupo seria um exemplo de como as pessoas devem agir ao encontrar dificuldades em sua vida e mostram que os “tontos”, na verdade, só precisam de uma oportunidade para revelar seu caráter mais corajoso e passional.
O longa é permeado por um aspecto de lealdade e respeito às origens, dado o fato de que em vários momentos os personagens colocam a cooperativa como prioridade em suas vidas. Além disso, o aspecto motivador da iniciativa é fazer com que a cidade retome a influência agrária perdida ao longo do tempo.
Ao analisar todos esses fatores, percebe-se que a motivação geral dos moradores é fazer com que consigam retomar a produção, ao passo que essa irá gerar novos empregos e proporcionará recursos para a província como um todo.
O fator de união entre os membros da cooperativa por um objetivo comum funciona como a grande moral do filme, a qual busca retratar uma história de conciliação e senso de coletividade em prol do sucesso de uma região.
Confira o trailer: