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43ª Mostra Internacional de SP: Cicatrizes

A fria realidade do tráfico de bebês na Sérvia

Este filme faz parte da 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. 

Roteirizar uma história sobre um esquema de vendas de bebês para a adoção, sendo esse um acontecimento real, é algo que desperta a atenção. E é isso que faz o longa-metragem Cicatrizes (2019), dirigido por Miroslav Terzic.

A narrativa nos conduz pela vida de Ana (Snezana Bogdanovic), que persiste em descobrir o que aconteceu com seu filho, dado como natimorto há 18 anos. Sua suspeita é baseada no fato de não terem permitido que ela visse o corpo nem o local de enterro. Essa insistência desestabiliza sua vida familiar, especialmente a relação com a filha, que não entende o comportamento da mãe.

O ritmo do filme é lento, tal qual a aflição de uma mãe que tenta encontrar um filho desaparecido. Acompanhamos Ana indo à polícia, ao hospital e a outros órgãos públicos e a vemos não encontrar pista alguma. Pode se dizer que momentos mais intensos acontecem em intervalos de cerca de 30 minutos. Enquanto isso somos obrigados a entender a frustrante luta de Ana.

Mas vale ressaltar que, apesar da condução do filme ser um pouco cansativa, os acontecimentos são verossímeis, o que valoriza o ponto alto do filme: tratar-se de uma história baseada em fatos reais, de um problema atual e relevante na Sérvia.

Em 2015, o site Terra publicou uma reportagem sobre a situação vivida pelo país europeu. Na época, suspeitava-se que 10.000 bebês podiam ter sido vítimas da rede de tráfico, nos últimos 40 anos. Segundo essa matéria, as mães são avisadas que seus bebês não resistiram e são impedidas de ver o corpo, sob a alegação da cena ser traumática, exatamente como acontece no filme.

O que surpreende é que mesmo retratando uma temática tão sensível, a produção não possui forte apelo emocional. Pelo contrário, a obra é, desde à paleta de cores até o comportamento das personagens, fria. Claro que após 18 anos os sentimentos tendem a não estar à flor da pele, mas enraizado em cada atitude. E assim acontece com a mãe, o pai, interpretado por Marko Bacovic, e a filha, vivenciada pela atriz Jovana Stojiljkovic: figuras solitárias que convivem em uma mesma casa e condensam em si suas próprias dores.

A obra indicada ao prêmio do público na mostra Panorama do Festival de Berlim estreia no Brasil em 5 de dezembro.

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