Copa do Mundo
A primeira palestra desta terça-feira repetiu o sucesso do dia anterior na Oitava Semana de Fotojornalismo. O tema foi “Copa do Mundo”, e contou com a presença dos fotógrafos esportivos Paulo Whitaker, Alexandre Battibugli e Moacyr Lopes Junior.
A palestra começou em tom de descontração, pois os palestrantes já se conheciam de trabalhos anteriores. Paulo Whitaker deu início à conversa contando sobre a cobertura da última Copa do Mundo, que aconteceu aqui no Brasil. Ele trabalha na Agência Reuters e disse que os preparativos para cobrir o evento começaram dois anos antes. Paulo destacou a necessidade de planejamento nessas ocasiões, devido à grande concorrência entre a imprensa e a mudança no mercado causada pela digitalização, o que aumenta o acesso das pessoas à informação. Disse ainda que a Copa das Confederações foi primordial para testar o trabalho e sentir como seria o desempenho no Mundial.
O fotógrafo Alexandre Barttugli fez um vídeo com algumas de suas principais fotografias, que iam desde a cobertura de Copas do Mundo a Jogos Olímpicos. Ele falou sobre a maior liberdade para apostar em novas imagens quando o trabalho não está vinculado a uma agência ou jornal, que geralmente já possuem uma linha própria de edição. Também mencionou dificuldades durante a cobertura de eventos que não costumam ser lembradas, como a locomoção entre pontos distintos de trabalho e o acesso ao que se quer fotografar.
Moacyr Lopes Junior citou algumas das dificuldades na cobertura feita diretamente do campo, pois são muitas funções para exercer ao mesmo tempo — conseguir fotografar, enviar material, ajustar as lentes da câmera e ainda estar atento ao jogo.
Na última Copa, Moacyr ficou a maior parte do tempo em Teresópolis acompanhando a seleção brasileira, e pode notar as mudanças no decorrer dos jogos. No início, havia uma legião de fãs seguindo os jogadores e, após a derrota para a seleção da Alemanha, isso mudou drasticamente.
Os três palestrantes deram ênfase às melhorias alcançadas graças às novas tecnologias, que permitem a transmissão em tempo real. Alexandre Battibugli disse já ter demorado oito horas para conseguir enviar uma foto durante a copa de 1994.
Quando o assunto mencionado foram as Olimpíadas, as opiniões também não divergiram. Nesse tipo de campeonato, o fotógrafo tem mais possibilidades de registro, uma vez que o futebol cai sempre em uma mesma rotina e fica engessado nas mesmas situações.
Para aqueles que estão começando na área, as dicas são: ter um bom currículo, estar atento às novas tecnologias, não ter medo de experimentar e saber que o início é árduo e quase sempre em veículos de pequena circulação.
Por Joana Darc Leal
joanadarcll30@gmail.com
Olimpíadas e Paraolimpíadas
A Oitava Semana de Fotojornalismo continuou nesta terça-feira, contando com duas palestras. Depois de Paulo Whitaker, Moacyr Lopes Jr. e Alexandre Battibugui falarem sobre Copa do Mundo, foi a vez de Mônica Zarattini e Flavio Florido comentarem sobre Paraolimpíadas e Olimpíadas, com direito a sorteio de duas edições especiais da revista Placar e o livro “As Donas da Bola” no final.
Mônica Zarattini, que trabalha no jornal O Estado de S. Paulo há 25 anos – 18 como repórter fotográfica e 7 como editora –, começou contando sobre sua experiência nas Paraolimpíadas de Atlanta (EUA), em 1994, quando ainda os filmes eram feitos em negativo, revelados em laboratório e transmitidos pela máquina de fax. O processo já exaustivo ficava pior por conta do fuso horário do local em comparação com o Brasil: apenas duas horas de diferença.
A prioridade era, obviamente, cobrir os atletas brasileiros. Apesar disso, a cobertura não era editorialmente valorizada, recebendo pouco espaço no jornal. Mônica acredita que esse tratamento diferenciado das Olimpíadas se deve ao fato de os participantes não terem corpos maravilhosos, mas sim com deficiências, revelando certo preconceito do jornal em mostrá-los. “Me tocou muito”, confessou ela, “pessoas com muitas deficiências fazendo coisas que você, sem deficiência alguma, não consegue fazer. Aquela garra, aquela vontade…”, completou.
Após mostrar algumas fotos da sua cobertura de 1994, Mônica comentou sobre seu projeto pessoal com outras fotógrafas: As Donas da Bola, livro que reúne fotos de vinte garotas da periferia da Parada de Taipas, bairro pobre ao pé da Serra da Cantareira, treinando futebol.
Foi, então, a vez de Flavio Florido, que capturou momentos importantíssimos para o esporte brasileiro: a primeira medalha de ouro nos 50 m e nas argolas, fazendo parte da história, como ele mesmo disse.
Após comentar um pouco sobre sua experiência nas Olimpíadas e mostrar imagens capturadas por ele, falou um pouco sobre a figura do fotógrafo, que, na sua visão, também acaba sendo editor na hora do clique, algo com que Mônica Zarattini concordou.
“Bom é aquele que antecipa aquilo que pode acontecer, mesmo sendo inesperado”, opina Flavio, o que pode acabar dando errado, admitiu – é questão de sorte, mas também de conhecimento. Segundo ele, na profissão de fotógrafo, deve-se conhecer o assunto que se fotografa para poder apresentá-lo de forma limpa, fornecendo informações para que as pessoas formem suas próprias opiniões. É aí que entra a internet, que trouxe muitos benefícios à fotografia e às pessoas no geral, mas que as fazem deixar de pensar como e por que estão fazendo. Apesar disso, ela tem a vantagem de possibilitar o acesso a variadas fontes, não restringindo a informação aos grandes veículos. Afinal, “o jornalismo foi criado para mostrar às pessoas o que acontece”.
Amanhã é dia de saída fotográfica, esteja às 15h00 no Parque da Juventude, próximo ao metrô Carandiru – e o prêmio é uma GoPro. Não perca!
Texto por Giovanna Lukesic
giovannalukesic@gmail.com
Foto por Moacyr Lopes Júnior/ Folhapress