Por Lázaro Campos Júnior
Os Jogos Olímpicos passaram e muita coisa ficou para ser contada. Gente do mundo todo passou pelo Rio no mês de agosto. Em toda a realização e cobertura das Olimpíadas, as pessoas puderam ver trabalhadores, voluntários, comissários olímpicos e atletas exercendo cada qual sua função. No caso do estudante Gabriel Salomon, a função era acompanhar os convidados do Clube da França. Ele contou ao Arquibancada como foi a sua experiência na Rio 2016.
O Clube da França é uma iniciativa do Comitê Olímpico Francês de estabelecer uma embaixada esportiva do país durante os Jogos. Nele, os turistas franceses no Rio se encontravam e com o apoio do Clube acompanhavam aos jogos. Gabriel foi um dos voluntários selecionados para trabalhar no Clube. Ele recepcionava os franceses na Cidade Maravilhosa e os levava aos locais de competição. “É uma oportunidade única na minha vida. Tive um bom acolhimento [quando morei] na França. E nesse trabalho eu vou poder retribuir a França. É especial receber os turistas franceses.”
Tal trabalho proporcionou a ele a oportunidade de assistir aos jogos. Não apenas isso, mas ter contato com ex-atletas os quais levava aos jogos e também atletas dessa edição dos Jogos. Dentre eles: Camille Lacourt e Florent Manaudou da natação; Jo-Wilfried Tsonga do tênis; Cyrille Maret, do judô. Gabriel estava trabalhando desde antes dos jogos e, no dia 5 de agosto, dia da abertura, o Clube recebeu a visita do presidente francês François Hollande, que conheceu os voluntários.
Segundo Gabriel, os turistas franceses acompanhados por ele reclamavam bastante, mas, por fim, acabavam adorando. Apesar da maioria dos franceses a quem acompanhou não ser muito empolgada, todos entraram no clima olímpico. Ele também comenta sobre a intenção olímpica dos franceses em relação aos Jogos de 2024: “[Os que acompanhei] eram presidentes de federações e ex-atletas, vieram para assistir aos Jogos e focar no Paris 2024.” Sediar os jogos de 2024 é um projeto do Comitê Olímpico Francês.
No salto com vara, as falas do francês medalhista de prata Renaud Lavillenie e o comportamento da torcida brasileira geraram polêmica. O atleta francês reclamou das vaias brasileiras vindas das arquibancadas do Engenhão. Pelo que percebeu, Gabriel diz que os franceses ficaram realmente chateados com as vaias. Mesmo diante de alguns reveses para o time olímpico brasileiro (Tiago Braz no salto com vara, a eliminação no vôlei masculino e a medalha de Poliana Okimoto devido a desclassificação de uma francesa), a França obteve um ótimo desempenho no quadro geral de medalhas. Foram 10 ouros, 18 pratas, 14 bronzes, 42 medalhas ao todo, com o 7o lugar. “O presidente do Clube da França sempre reforçava o bom desempenho”, observou Gabriel.
Ao todo, Gabriel assistiu a dez jogos, entre estes uma vitória de Thomaz Bellucci sobre Pablo Cuevas e a derrota de Serena Williams para a ucraniana Elina Stivolina. No futebol, ele teve a oportunidade de assistir a dura derrota das mulheres do futebol brasileiro para as suecas e também a conquista do ouro olímpico pelos homens.
No entanto, para Gabriel, a melhor experiência durante o período foi acompanhar a ex-atleta Christine Arron. Se alguns a quem acompanhou ficavam reclamando até o lugar de jogo, com a Arron a história foi diferente. A medalhista olímpica aproveitou para conhecer a cidade com a companhia de Gabriel. Por fim, devido a sobra de ingresso de um acompanhante e o fato de Christine estar sozinha, o brasileiro pôde assistir, de um local privilegiado um evento do atletismo, em um dia que havia a presença de Usain Bolt.
Quando o último dia de competições acabou, Gabriel contou a sua sensação: “Foi triste. A ficha só caiu quando voltei [para Resende, onde mora]. Foi bem cansativo, mas queria Olimpíada todo ano. Foi uma experiência bacana, conheci várias pessoas e ganhei várias lembranças.”