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No Meio de Nós tem narrativa falha e nenhum apelo estético

Um misto de edição caseira perdida nos confins do Youtube e de programas que vão do nada ao lugar nenhum do History Channel. Essa é a impressão do documentário No meio de nós (2017). O filme, com a apresentação de Renato Pietro (ator e diretor, mais conhecido por sua atuação como André Luiz em Nosso Lar (2010)), …

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Um misto de edição caseira perdida nos confins do Youtube e de programas que vão do nada ao lugar nenhum do History Channel. Essa é a impressão do documentário No meio de nós (2017). O filme, com a apresentação de Renato Pietro (ator e diretor, mais conhecido por sua atuação como André Luiz em Nosso Lar (2010)), trata de ufologia espiritual a partir de entrevistas com médicos, médiuns e ufólogos. A fórmula usada é a batida para o gênero: uma sequência de entrevistas com especialistas e personagens, entrecortada por imagens ilustrativas com narração em off.

Nas entrevistas, nota-se a ausência de descrentes da conexão espiritual com seres de outros planetas, ou seja, não há espaço para a contra-argumentação e divergência. Mesmo que a ideia de documentário suponha um recorte subjetivo da realidade, ela também traz em si a pretensão de ter certo compromisso com o panorama real. Assim, falha ao não se preocupar em proporcionar uma visão mais ampla do assunto. Não se trata de um questionamento ou diminuição da fé espírita que o documentário visibiliza, mas um problema de construção de narrativa que se pretenda a atingir diversos públicos.

Fica também a dúvida sobre quem a produção quer atingir: os que já conhecem a ufologia espiritual, aqueles que não tem conhecimento sobre o assunto ou a categoria cética em relação ao tema? Termos como “campo morfogenético” são jogados em meio às falas sem nenhuma explicação do que se tratam. Não há diferenciação, para o espectador leigo, de “canalização”, “contato” e “abdução” entre seres terrestres e de outros planetas.

A potencialidade de imagem como agregador de credibilidade é desperdiçada. Nos momentos de narração, o que temos são vídeos genéricos e cheios de estereótipos cinematográficos sobre aliens — a figura de cabeça desproporcional e olhos negros do alienígena é repetida à exaustão, o que chega a ser cômico. Além disso, algumas dessas cenas são rodadas mais de duas vezes ao longo do filme, com o mero objetivo de cobrir o texto, trazendo tédio ao espectador.

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No meio de nós tem tom premonitório desde o começo, quando se fala do momento de “transição planetária”. Aliás, vem daí o seu gancho: o filme é “uma consequência direta da primeira produção da Pozati Filmes, que é Data Limite Segundo Chico Xavier (2014), de acordo com o diretor Julio Pozati. Além disso, traz também informações sobre a vida e obra de Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, general que estudou contatos paranormais, e explora amplamente um documento sobre UFOs de 1947 do FBI.

O documentário, que estará disponível em DVD e no canal do Youtube da Pozati Filmes a partir do dia 20 de abril, salva-se, de certo modo, por propor uma reflexão sobre a relação entre ciência e fé. Ao invés de por essas duas esferas em debate, como acontece de praxe, está presente em No meio de nós a ideia de que as duas não apenas convivem, mas encontram intersecções e respaldam-se.

 

por Carolina Unzelte
carol.unzelte@gmail.com

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