por Thiago Castro
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Ele é o Gandalf. O Magneto. Já foi cogitado para ser o Dumbledore. E ainda é gay assumido, militante da causa LGBT. Sir Ian Mckellen é hoje um dos atores mais reconhecidos no cenário das artes, tendo trabalhos famosos no cinema, na televisão e no teatro

Ian nasceu em 25 de maio de 1939, em Burnley (Inglaterra). Sempre foi fascinado pelo teatro, e a família o encorajava em seu gosto pela arte. Sua irmã o levou para atuar na peça Noite de reis (Twelfth Night), de Shakespeare, com 13 anos de idade. Depois disso, ele passou a contracenar em várias peças na escola, até ganhar uma bolsa para a  St. Catharine’s College, em Cambridge, onde estudou literatura inglesa.

Sua primeira atuação profissional foi em 1961 na peça O homem que não vendeu sua alma (A Man for All Seasons). Entre os anos de 1970 e 1980, Ian começou a se tornar conhecido na Grã-Bretanha, estreando peças em teatros famosos como o Royal Shakespeare Company e o Royal National Theatre. Uma de suas atuações mais aclamadas foi Amadeus, que lhe rendeu um Tony Award (o maior prêmio no teatro dos EUA, equivalente ao oscar).

No mundo do cinema, Sir Mckellen tem uma longa história. Começou em 1969 no filme A Touch of Love, no papel deGeorge Matthews. Em 1998 atuou em Deuses e Monstros (Gods and Monsters), indicado ao Oscar. Fez também outros papéis importantes, como Sir Leigh Teabing, em O Código Da Vinci (The Da Vinci Code, 2006), e narrou grandes filmes, como Stardust (Stardust, 2007). Também foi a voz do urso Iorek Byrnison em A Bússola de Ouro (The Golden Compass, 2007). Sua versatilidade é tão grande que produziu, escreveu e atuou no filme Ricardo III (Richard III, 1995). Sucesso de crítica, foi indicado a 2 Oscars.

O  ator também emprestou um pouco da sua genialidade nas telonas às telinhas. Em 2013, estreiou o seriado Vicious. Junto com Derek Jacobi, interpreta  um casal gay, juntos há 49 anos. Fez uma ponta também em Doctor Who, no episódio “The Snowmen”. Além disso, foi transportado para o mundo dos Simpsons, onde dublou seu próprio personagem.

Apesar de já ser um ator conhecido na Inglaterra, sua fama se tornou global nas atuações de Gandalf e Magneto. Rumores que Ian estava receoso em aceitar seu papel em X-Men (X-Men, 2000), mas foi convencido quando viu o figurino do vilão dos quadrinhos.

Logo após aceitar viver Magneto no cinema, Ian recebeu um convite para viver Gandalf em Senhor dos Anéis (The Lord Of The Rings: The Fellowship Of The Ring, 2001). Ele teve que inicialmente recusar, por conflitar com as filmagens de X-Men. Porém, o diretor Bryan Singer concordou em reorganizar o cronograma, e o ator estava logo liberado para viajar para a Nova Zelândia, onde Senhor dos Anéis estava sendo filmado.

Ambas as sagas fizeram um sucesso estrondoso, levando Ian Mckellen ao ápice de sua carreira. Seu papel como Gandalf rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, em 2001.

Hoje, é impossível pensar no ator sem associar sua imagem ao poderoso mutante ou ao mago barbudo. Ele transportou para as telonas um clássico dos quadrinhos e uma das sagas literárias mais queridas de todos os tempos, com fãs no mundo inteiro. Sir Ian Mckellen ajudou a construir um mundo de fantasia e superpoderes no cinema, com uma brilhante atuação que permeia o imaginário de todos os fãs desse gênero de filmes.

Ativismo LGBT

Oficialmente, Ian Mckellen assumiu-se gay publicamente em 1988, em um programa de rádio da BBC, mas muitos afirmam que sua sexualidade nunca foi um segredo. Ele tomou essa atitude em razão de uma proposta de lei que proibia as autoridades locais de “promover a homossexualidade”. O ator lutou muito contra essa lei, denominada “Section 28”, sendo o primeiro passo de seu ativismo em prol da comunidade gay.

Mckellen é co fundador do grupo Stonewall, que luta pelos direitos LGBT no reino unido e é patrono da Pride London (similar à Parada Gay), da  The Lesbian & Gay Foundation e da Oxford Pride. Participou de várias paradas gays ao redor do mundo, e sempre reforça seu apoio aos homossexuais nas entrevistas.

Recentemente, ele se uniu com diversos vencedores do prêmio Nobel em uma carta de repúdio contra as leis Anti-gays sancionadas na Rússia, que proíbem a “propaganda e apologia à homossexualidade”.

Ele também enxerga um paralelo de sua luta LGBT nas suas atuações em X-Men. “Quem me vendeu a ideia foi Bryan [diretor de X-Men], que disse: ‘Mutantes são como gays. Eles ficam à margem da sociedade por nenhuma boa razão’. E, como em todo movimento de direitos civis, eles precisam decidir. Vão seguir pela linha de Xavier, que consiste em se aceitar e lutar por seus direitos, ou se vão por uma via alternativa, que consiste em usar a violência, se necessário, para conquistar esses direitos. E é verdade! Eu venho dessa divisão no movimento gay”.

Ian Mckellen teve um relacionamento com Brian Taylor, professor de história na universidade de Bolton, até 1972. Após um tempo, passou dez anos com Sean Mathias, com quem passou uma relação tempestuosa. Ele foi armado cavaleiro por serviços prestados às artes britânicas, e foi nomeado comandante da ordem do império Britânico, tornando-se Sir Ian Mckellen. Hoje se dedica à serie Vicious, e viverá um Sherlock Holmes aposentado em A Slight Trick Of The Mind, que estreia nos cinemas em em 2015. Ele postou uma foto em seu Twitter, caracterizado como o personagem, com a seguinte legenda: “Mais de 70 atores já interpretaram Sherlock Holmes. Agora, ele está com 93 anos e chegou a minha vez. #MrHolmes”