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Uma história de sobrevivência – realista, porém superficial

por Paula Lepinski paulalepinski.usp@gmail.com Após dirigir filmes de ação nos Estados Unidos envolvendo tramas nada inspiradoras, o diretor islandês Baltasar Kormákur saiu da sua zona de conforto com seu novo filme Sobrevivente (Djúpið, 2012), que conta história real de um pescador que nadou milhas nas águas congeladas do Atlântico Norte para sobreviver a um  naufrágio. Com um …

Uma história de sobrevivência – realista, porém superficial Leia mais »

por Paula Lepinski
paulalepinski.usp@gmail.com

Após dirigir filmes de ação nos Estados Unidos envolvendo tramas nada inspiradoras, o diretor islandês Baltasar Kormákur saiu da sua zona de conforto com seu novo filme Sobrevivente (Djúpið, 2012), que conta história real de um pescador que nadou milhas nas águas congeladas do Atlântico Norte para sobreviver a um  naufrágio.

sobrevivente the deep

Com um enredo extremamente simples, Sobrevivente segue o cotidiano do islandês Guðlaugur Friðþórsson (conhecido como Gulli) e de seu grupo de pescadores na paisagem gélida da Islândia. Um acidente em alto mar faz com que o barco deles afunde, e Gulli vê seus companheiros morrerem um a um até que reste somente ele, sozinho e perdido nas águas glaciais do Atlântico Norte. Após nadar por seis horas, algo impossível aos olhos da ciência, o pescador sobrevive e se torna um verdadeiro milagre.

Contar uma história baseada em fatos reais é uma novidade na carreira do diretor Baltasar Kormákur – e ele a faz da forma mais fiel possível. Tão fiel que Sobrevivente é quase um reflexo da própria Islândia: frio, cinzento e quase sem vida. Não se pode negar que as filmagens foram feitas com o realismo e a sensibilidade que a história real merecia. O cenário gélido da Islândia foi reproduzido de forma tão realista que deixa até o público com frio pelos personagens, além do que o uso do barulho selvagem do mar e das nevascas, ao invés de uma trilha sonora propriamente dita, cria uma atmosfera crua e mais próxima do real. Porém, o desenvolvimento da trama e dos personagens deixa a desejar. Ainda que o filme conte com atuações impecáveis, como a de Ólafur Darri Ólafsson no papel principal, desde o início do filme os diálogos rasos não conseguem estabelecer relações reais entre as personagens. Os desvios das cenas em alto mar para cenas em terra firme também não ajudam – ao contrário, limitam o espaço e o tempo necessários para que o sentimento condizente com a tragédia cresça e atinja o público.

the deep sobrevivente filme

Após o naufrágio, o filme se concentra em Gulli e na sua tentativa desesperada em se manter vivo. Aos poucos o personagem relembra sua vida – que não havia sido muito mencionada até então – através de flashbacks genéricos e “soltos” demais para acrescentarem algo à trama. As cenas do pescador sozinho em alto mar acabam ocupando grande parte do filme, ainda que o objetivo claramente não seja apenas mostrar que ele conseguiu sobreviver – afinal isso é de conhecimento do público antes mesmo de entrar na sala de cinema. Aliás, questionar o objetivo real do filme é algo que muitos podem se deparar ao longo dos corridos 92 minutos: a intenção é dar destaque ao milagre da sobrevivência de Gulli, à incredulidade da classe científica acerca do ocorrido ou aos esforços do personagem em sobreviver após já ter sobrevivido?

sobrevivente filme

Tal dúvida continua até os últimos minutos do longa, que para surpresa e estranhamento do público, não termina com o retorno do personagem à sua cidade, como é de praxe em filmes do tipo. Sobrevivente ainda mostra a recuperação e os testes aos quais Gulli é submetido antes de tentar retomar sua vida,  tudo envolvido por um tênue confronto entre ciência e milagre que não chega a cativar o público.

O filme, que estreia no Brasil no dia 17 de julho, concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ao prêmio de audiência do European Film Awards em 2013. Também foi exibido nos Festivais de Toronto e de Mar Del Plata, além de receber 11 prêmios no Edda Awards – importante festival da Islândia – entre eles o prêmio de Melhor Filme. Sobrevivente podia ser uma obra brilhante na coleção de Baltasar Kormákur, porém, nem a forma impecável com que ele filmou a tragédia foi capaz de sobreviver aos elementos vazios e irrelevantes que a cercam ao longo do filme. Diante da falta de desenvolvimento das personagens, do excesso de cenas vazias e da trama superficial, o resultado é um filme que não impressiona.

Trailer do Filme:

2 comentários em “Uma história de sobrevivência – realista, porém superficial”

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