Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Olimpíadas 2024 | A estreia do futebol feminino brasileiro é marcada por uma vitória promissora

Entre falhas e acertos, o gol de Gabi Nunes abriu o placar em um jogo difícil, que travou o embate entre o ótimo ataque brasileiro contra a potente defesa nigeriana
Seleção brasileira feminina de futebol na estreia das Olimpíadas 2024
Por Aline Noronha (alinenoronha@usp.br)

Nesta última quinta-feira (25/07), a estreia da seleção brasileira feminina no futebol foi marcada pelo intenso jogo contra a Nigéria. De um lado, a seleção nigeriana ganhadora de 11 edições da Copa Africana das Nações de Futebol Feminina, mas que estava há 16 anos sem participar das Olimpíadas. Do outro, a equipe do Brasil, que buscava resultados com uma nova gestão e elenco, após ser eliminada precocemente da Copa do Mundo Feminina

Antes do início da partida, durante o hino nacional, as jogadoras da seleção brasileira já se emocionavam pela oportunidade de defender seu país em um evento tão grande quanto as Olimpíadas — a meio-campista Duda Sampaio, por exemplo, não conseguiu conter as lágrimas. 

A equipe vigente conta com uma mudança radical em comparação aos anos anteriores. Das 18 atletas convocadas, apenas Rafaelle, Ludmila, Marta e Tamires já jogaram a competição anteriormente, o que trouxe a campo uma questão emocional para ser vencida também. O técnico Arthur Elias, desde os primeiros minutos de jogo, pedia às jogadoras concentração e foco para minimizar os erros e garantir os três pontos tão importantes ao Brasil.

O gol do “jeitinho brasileiro”

Durante metade do primeiro tempo, a partida estava relativamente equilibrada com 53% de posse de bola para a seleção brasileira e 47% para a nigeriana. Apesar da ligeira diferença, o espaçamento entre as linhas das jogadoras criava para o Brasil uma dificuldade na criação e finalização de jogadas em direção ao gol. Por exemplo, passes de tabela, que consiste em as atletas se locomoverem passando a bola uma para a outra, eram facilmente interceptados pelas adversárias.

A seleção nigeriana soube controlar mais o jogo usando suas principais características de velocidade e vantagem física ao seu favor, sobretudo durante os contra-ataques. O lado direito foi mais acionado pelo seu ataque, que aos 15’ obrigou que a goleira brasileira Lorena fizesse uma grande defesa. 

Seleção brasileira feminina se abraçando após o gol na estreia das Olimpíadas contra a Nigéria, com Marta e Gabi Nunes

O esquema tático do jogo foi 4-4-2, mas durante o ataque tinha a versatilidade para se tornar um 2-3-5 [Reprodução/Instagram:@gabinunes9] 

Os erros táticos iniciais do Brasil se concentravam no meio de campo — a capitã Marta estava mais avançada e deixava essa região mais fragilizada —, enquanto, do lado nigeriano, as jogadoras estavam fixas em suas posições. Isso dificultava a ligação da bola das zagueiras brasileiras até as atacantes e dificultava os chutes de fora da área para o gol.

Quando se iniciava um ataque do Brasil, Ludmila, que foi destaque de velocidade e tática na partida de estreia, tinha que esperar, próxima da grande área e com grande chances de desarme, as demais jogadoras brasileiras se aproximarem. Por causa do ataque mais devagar, a equipe nigeriana conseguia elaborar melhores defesas e contra-ataques.

A seleção do continente africano, aproveitando essas brechas, estava gostando da partida e se mantendo viva, até que o passe de Antonia para Marta balançou as redes do Estádio de Bordeaux, aos 35’. Após a comemoração, o gol foi anulado por impedimento, mas o seu impacto desestabilizou a defesa adversária, que não conseguiu se recuperar rapidamente.

No lance seguinte após a anulação, aos 36’, Gabi Nunes exerceu um ótimo domínio de bola e, com o passe de Marta, balançou as redes novamente em um gol legal, que garantiu a vitória brasileira. Durante esse ataque, as linhas brasileiras estavam mais próximas e sobrecarregaram a defesa nigeriana. A esse exemplo, para que o Brasil consiga realizar mais pressão nos próximos adversários, essa parte tática e técnica precisa ser organizada de forma mais assertiva por Arthur.

“Só alegria, agradeço a Deus pelo gol e às meninas por lutarem até o final”

 Gabi Nunes

Nesses dois lances, a importância de uma jogadora como Marta para a seleção brasileira foi destacada. A capitã, que está na sua sexta olimpíada, articula e potencializa o seu time pela experiência de campo adquirida e pelo fato de conhecer as regras do jogo. Ela é uma verdadeira liderança e referência às demais atletas compatriotas que iniciam suas trajetórias em competições desse tipo.

Marta não conseguiu marcar gols neste jogo com a camisa brasileira, mas apresentou o protagonismo e esforço necessários para honrar a seleção. Arriscou chutes e cruzamentos em direção ao gol, que apesar de não entrarem dessa vez, prometem ser decisivos nas próximas partidas.

Nos acréscimos do primeiro tempo, a bola bateu no braço da defesa nigeriana e, após dois minutos e quarenta segundos de análise, a árbitra sul-coreana optou por não marcar pênalti, o que fez a torcida brasileira reagir com altas vaias. 

Gabi Nunes após marcar o gol do Brasil que deu a vitória à seleção na estreia das Olimpíadas contra a Nigéria

A seleção brasileira feminina segue invicta contra a seleção nigeriana: nos três confrontos, o Brasil levou a melhor [Reprodução/Instagram: @gabinunes9] 

Jogadas que não vingaram e preocupações futuras

No segundo tempo, a seleção brasileira conseguiu preencher melhor os espaços entre as linhas e criou mais vantagens de gol. A Nigéria teve maior dificuldade de tirar suas adversárias do campo de ataque e, se no primeiro tempo as melhores chances para o Brasil surgiram em contra-ataques, agora as jogadoras possuíam maior versatilidade em criar jogadas mais elaboradas.

A seleção brasileira aumentou sua posse de bola para 55%, enquanto a nigeriana caiu para 45%. Marta obteve duas ótimas oportunidades para balançar as redes aos 59’, com um cruzamento que fez com que a bola realizasse um ângulo surpreendente, mas que foi de encontro ao travessão, e depois aos 72’, de frente para a goleira nigeriana, mas não conseguiu concretizá-las.

O Brasil, após suas substituições, não conseguiu manter o mesmo nível de concentração e atenção durante a metade final do segundo tempo. Isso trouxe novamente a Nigéria para o jogo, que através de bolas longas tentou se infiltrar nos espaços brasileiros, mas apesar dos sustos, não fizeram nenhum gol.

O placar final de 1 a 0 foi importante para o Brasil, mas teria sido melhor se essa diferença fosse maior, haja vista que os próximos confrontos da seleção serão com um maior nível de dificuldade contra o Japão e posteriormente a Espanha. Um saldo de gols mais expressivo poderia trazer mais confiança e segurança para as próximas rodadas brasileiras no grupo C.

Outra preocupação é o condicionamento físico das jogadoras, que será testado durante as Olimpíadas, já que o tempo de recuperação entre as partidas é menor em relação ao habitual. A saída de Tamires no primeiro tempo, pela dor no tornozelo após uma disputa de bola violenta com a jogadora Ucheibe, e a queda após uma defesa de escanteio da goleira Lorena, que sentiu dores do quadril, podem se tornar uma preocupação para o time brasileiro nos próximos jogos.

Imagem da capa: [Reprodução/Instagram: @gabinunes9] 

1 comentário em “Olimpíadas 2024 | A estreia do futebol feminino brasileiro é marcada por uma vitória promissora”

  1. Explorar os esquemas táticos do time brasileiro (tanto masculino, quanto feminino), é o futuro e a salvação do nosso futebol, porque técnica os times possuem

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima