Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

A Mulher Absoluta (Pat and Mike – 1952)

Hugo Nogueira A Golden Age de Hollywood foi marcada pela produção maciça de filmes de excepcional qualidade: alguns deles tornaram-se clássicos definitivos no seu gênero, enquanto outros se revelaram um entretenimento perspicaz e eficiente. A Mulher Absoluta de George Cukor, em muitos sentidos, enquadra-se na segunda categoria. Esta competente produção foi estrelada por dois dos …

A Mulher Absoluta (Pat and Mike – 1952) Leia mais »

Hugo Nogueira

A Golden Age de Hollywood foi marcada pela produção maciça de filmes de excepcional qualidade: alguns deles tornaram-se clássicos definitivos no seu gênero, enquanto outros se revelaram um entretenimento perspicaz e eficiente. A Mulher Absoluta de George Cukor, em muitos sentidos, enquadra-se na segunda categoria.

Esta competente produção foi estrelada por dois dos maiores astros de Hollywood, a dupla Katharine Hepburn e Spencer Tracy. Ele interpreta um agente desportivo atilado e ela, uma professora de educação física com grandes habilidades atléticas, mas incapaz de atingir seu máximo quando seu noivo assiste aos seus desempenhos nas quadras.

A Mulher Absoluta é um filme de velhas parcerias. O diretor George Cukor e a atriz Katharine Hepburn já haviam trabalhado juntos desde 1932 em sete filmes (outros dois viriam depois). Kate igualmente contracenara com o astro Spencer Tracy previamente em seis produções. Dentre estes filmes, Fogo Sagrado (Keeper of the Flame, 1942) e A Costela de Adão (Adam’s Rib, 1949) reuniram o diretor Cukor e as duas estrelas, as quais, além disso, viviam um intenso romance desde que se conheceram no set de A Mulher do Dia (Woman of the Year, de George Stevens, 1942): em A Costela de Adão, ademais, a equipe contou com a colaboração da dupla de exímios roteiristas Garson Kanin e Ruth Gordon – o sucesso estrondoso desta comédia sobre a eterna guerra dos sexos tornou natural o reencontro do time para mais uma produção concernente ao tema da ambivalência das relações entre homens e mulheres.

A interpretação ligeira e colorida do experiente elenco, os ágeis diálogos bem humorados e a direção competente de George Cukor não foram, contudo, o bastante para compensar algumas das principais deficiências da produção. O desenvolvimento mecânico do tema e uma sobre-extensão do roteiro, o qual se fundamenta numa série de estereótipos convencionais, comprometem o passo do filme. Ao fim das contas, faltou o elemento de brilhantismo que iluminou a maioria das produções pregressas dos experimentados artistas envolvidos na produção. A Mulher Absoluta redundou num entretenimento agradável, habilmente elaborado e muito acima da média geral de filmes sobre o tema, embora sempre bem abaixo das reais possibilidades dos talentos envolvidos na consecução da obra. Em suma, um trabalho competente de um time extremamente profissional num produto típico da Hollywood dos anos 50: leve, divertido, superficial, charmoso, simpático e descomprometido.

Trata-se de um evidente filme de atores. Nesta época, o time Hepburn-Tracy havia atingido um nível de interlocução dramática extremamente eficiente e suas cenas são marcadas por uma intensa vitalidade. Katharine Hepburn encarnava, na vida e nas telas, a mulher independente, auto-suficiente, plenamente segura de si. Spencer Tracy, por sua vez, fazia da naturalidade absoluta a matéria prima de sua interpretação, a qual, muito freqüentemente, era temperada com um leve tom sardônico. Em A Mulher Absoluta, Kate e Spencer puderam interpretar essencialmente a si mesmos: a produção, em muitos sentidos, é, inclusive, um espelho da dinâmica do relacionamento pessoal entre o ator e atriz na vida real, com suas idas e vindas, com os altos e baixos que deram cor a um dos romances extraconjugais mais longevos da comunidade hollywoodiana. Exatamente por isso, Spencer Tracy coloca sua habitual espontaneidade em cena sem esforço algum, enquanto Katharine Hepburn aproveita a rara oportunidade de demonstrar suas notáveis habilidades atléticas, as quais, acrescida de seu talento dramático e de sua forte presença cinematográfica, são os trunfos maiores da produção. Kate performa con gusto as partidas de tênis e golfe enquanto Spencer observa toda movimentação ao seu redor com um distanciamento deliciosamente irônico e isto é, de longe, o melhor que o filme tem a oferecer.

A Mulher Absoluta (Pat and Mike)

1952 – Estados Unidos – 95 minutos – P/B – Comédia

Direção: George Cukor.

Roteiro: Garson Kanin e Ruth Gordon.

Direção de Fotografia: William Daniels.

Efeitos Especiais: Warren Newcombe.

Montagem: Peter Ballbush

Produção: Lawrence Weingarten para a Metro-Goldwyn-Mayer.

Elenco: Spencer Tracy (Mike Conovan), Katharine Hepburn (Pat Pemberton), Aldo Ray (Davie Hucko)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima