Por Carolina Unzelte (carol.unzelte@gmail.com)
Um grito silencioso. Era assim que os abortos da tia Clara* eram tratados na família. Eu, que nunca a conheci, sabia que ela tinha interrompido várias gestações, assim como sabia que não se falava sobre isso. Tanto que nem lembro como tomei conhecimento do fato-tabu em primeiro lugar. Só minha avó, que sempre foi muito sincera, me falou quando perguntei. “Ela fazia com cabides, agulhas de tricô”, me disse. “No banheiro de casa, sem ninguém.” Só no ano passado, foi feito 1,1 milhão de abortos no Brasil, segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) — e esse número representa muito menos do que a realidade: muitas mulheres sentem receio de admitir que realizaram um procedimento abortivo, que só é legalizado no país em casos de gravidez resultante de violência sexual e de fetos anencéfalos. “A lei penal vigia os corpos e decisões reprodutivas das mulheres com força de polícia e punição”, afirma Débora Diniz, professora de Direito na Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora do Instituto Anis de Bioética.
“A solidão entrou em mim de uma maneira inexplicável”
“Medo” é a resposta imediata de Júlia* quando questionei o que ela sentiu durante o aborto que realizou em 2014, aos 28 anos. Ela, já mãe de uma menina de nove, engravidou novamente e, pelas “condições econômicas e do relacionamento” que tinha com o marido, resolveu interromper a gravidez. “Tentei não sentimentalizar demais”, afirma. “Tomei a decisão, fui lá e fiz. E faria novamente. O aborto, em si, é o que menos me faz refletir.” O que dói mais para Júlia é o modo como as coisas foram feitas. Logo que soube da gravidez, procurou a medicação abortiva. “Em questão de dias já estava com ela em mãos”, diz. Apesar de proibido no Brasil, o Cytotec, que é usado também para prevenir úlceras gástricas, não é impossível de se obter. Júlia, por exemplo, recebeu a dose por correio — mediante, é claro, um alto preço. Era um sábado quando tomou o remédio. Seu marido não estava presente, porque “não quis desmarcar o ensaio com a banda em que toca”. Ela ficou sozinha em sua casa. “Não senti dor física, mas a solidão entrou em mim de uma maneira inexplicável. Eu estava totalmente desamparada”, conta.
Depois disso, Júlia permaneceu em repouso por dois dias. Na terça-feira, teve uma hemorragia muito forte enquanto estava no trabalho. Foi levada ao hospital, onde chegou às 13h20, mas só foi atendida mais de seis horas depois. “O médico não acreditou em como eu ainda estava conseguindo ficar em pé por tanto tempo”, lembra. Durante as horas de espera, ela telefonava para o marido, “chorando, desesperada”, contando da situação e pedindo ajuda. “Ele ria de mim e dizia que não iria me ver”, relata. O companheiro só apareceu quase às sete horas da noite, dizendo: “Tu acha que eu iria mesmo te deixar sozinha?”. “A questão é: ele já havia feito isso”, afirma.
Após o atendimento, Júlia foi encaminhada para a curetagem — uma intervenção cirúrgica para retirar os restos do aborto do útero da mulher. Mais uma vez, se viu sozinha: o marido deu apenas a entrada no centro cirúrgico e foi embora. Para piorar a situação, ela foi vítima de maus-tratos logo antes de passar pelo processo. Enquanto a anestesia fazia efeito, Júlia ouviu os médicos dizerem “coisas horríveis, horrores”, quando ela “não podia reagir ou dizer nada”. Quando acordou após a cirurgia, ela telefonou para o companheiro, já que, para ganhar alta médica, precisaria de alguém para buscá-la. Após esperar a manhã toda, o marido chegou apenas para levá-la ao ponto de ônibus mais próximo. “Tentei abstrair ao máximo tudo o que aconteceu, para não me sensibilizar demais com os fatos”, conta.
O aborto foi um acontecimento transformador para vários aspectos da vida de Júlia. “Me tocar ainda é estranho. Sinto um pouco de medo do que vou encontrar lá dentro.” Coisas cotidianas, como fazer xixi e lidar com a menstruação, também ficaram diferentes. “É uma sensação de estranheza com o seu próprio corpo”, expressa. Além disso, o cuidado para não engravidar novamente é redobrado depois da experiência. O relacionamento com o marido, por outro lado, apenas piorou: além da dor e do ressentimento provocados pelo desamparo, hoje Júlia vive uma relação abusiva. “Ele tem o teste de gravidez positivo e ameaça mostrar para a minha família caso eu faça algo que o desagrade”, ela conta. Uma hora depois de desligarmos o telefone, Júlia me disse, por mensagens de texto, que ainda estava “trêmula e nervosa”. Ela deixou de dizer várias coisas porque seu marido estava ouvindo. Combinamos de conversar depois, já que ela “nunca tem oportunidade de falar sobre o assunto”. “É um peso enorme carregar esse tabu.”
“Fiquei à espera da dor. Esperava até a morte”
“A pior parte é realmente após o processo”, concorda Beatriz*, que fez um aborto aos 15 anos. A clandestinidade à qual as mulheres estão submetidas tanto durante quanto após o procedimento é traumatizante em quase todos os casos. “Externar e ter apoio é fundamental nesta situação — mas, com a criminalização, é quase impossível falar abertamente sem o receio de sofrer represálias ou de ser agredida por pessoas que não entendem a dor do próximo”, diz Beatriz. Ela engravidou do primeiro namorado, que era três anos mais velho que ela. Além da inexperiência de ambos, sexualidade não era um assunto tratado pelas suas famílias. “Transamos pela primeira vez juntos e achávamos que usar o método do coito interrompido era algo eficaz”, ela conta. “É aquele ditado: nunca pensamos que vai acontecer com a gente.”
Mas aconteceu. Após três semanas do término do namoro, num momento em que estava “plenamente realizada” com a sua vida, trabalhando como jovem aprendiz numa multinacional, Bia começou a ter “tonturas fortíssimas, enjôos extremamente fortes e dores de cabeça”. Quando contou para o ex sobre os primeiros sintomas da gravidez, ele achou que era “neurose”, já que ela ficava com medo de ter engravidado todos os meses. Depois de muito insistir, foi comprado um teste de gravidez. Eles esperaram os pais saírem de casa. “Quando vi as duas riscas, perdi meu chão”, ela lembra. Com a notícia, Beatriz chorou por horas. Dormiu na casa do ex, que disse não querer terminar o relacionamento, que eles dariam um jeito e que estava disposto a cuidar da criança com muito amor. Ela, no entanto, não estava de acordo com os planos. “Naquele momento, eu não conseguia aceitar o fato de ter um filho de um homem com quem já não mais me relacionava.”
Quando voltou para casa, contou da gravidez para a irmã e para a mãe. “Ela não esboçou nenhuma reação, apenas abaixou a cabeça em sinal de decepção”, lembra Bia. Apesar disso, recebeu ajuda, pois, já tendo feito dois abortos, a mãe tinha um farmacêutico de confiança para conseguir Cytotec. “Ela comprou o medicamento, com dinheiro dado pelo meu ex-namorado, dizendo que era para uma amiga. Se dissesse que era para uma menina de 15 anos, ele [o farmacêutico] jamais concordaria, sabendo do risco de vida que eu estava correndo.” A mãe também se preocupava com sua saúde: chegou a se oferecer para cuidar do bebê. O ex silenciou e não tentou impedi-la. Dois comprimidos via oral e dois via vaginal, ela fez o procedimento quando estava com cerca de seis semanas, em um Dia das Mães. “Grande ironia”, comenta. Avisada das dores que viriam, Beatriz foi dormir, cheia de medo. “Fiquei à espera da dor. Esperava até a morte.” Foi por volta das cinco da manhã que despertou com fortes queimações na região abdominal.
Beatriz foi até o banheiro e sentiu sair. Sem coragem de olhar, deu descarga e deitou-se. Quando acordou novamente, percebeu algo molhado. Uma poça de sangue. “Foi o que mais me chocou; parecia uma cena de assassinato”, ela diz. A mãe a acalmou, dizendo que tudo daria certo. “Fui tomar banho me sentindo liberta”, afirma. “Nunca me arrependi de ter feito a minha escolha. E sempre agradeci todo apoio e amor que a minha mãe me ofereceu.” Nas duas semanas seguintes, ela experimentaria um fluxo intenso de sangue, diferente de menstruação: “Desciam também pedaços de carne, do meu útero. Pedaços grandes”, recorda. “Eu sobrevivi, mas muitas mulheres morrem.”
Ela não conversava sobre o assunto com ninguém, por medo de represálias. Só recentemente contou para uma amiga, com quem se sentiu confortável para falar. “Aquilo parecia tão vivo dentro de mim, já que nunca tinha conseguido externar”, ela afirma. “Chorei muito, simplesmente por me sentir egoísta. Me senti uma pessoa podre, tive duas crises de depressão.” Mesmo assim, passar pelo aborto trouxe aprendizados, novas visões positivas e força para encarar certos aspectos da vida. “Amadureci muito, na marra”, conta. “Sempre me pego pensando que não irei desistir dos meus sonhos, já que abdiquei de algo tão grande como uma vida por eles. É motivacional.” Assim como Júlia, o cuidado que tem para não passar por uma gravidez indesejada novamente é bem maior.
“Até hoje não sei se deveria ter saído correndo”
Caroline*, assim como Bia, passou pela experiência do aborto muito jovem, aos 17 anos. Depois de “um namorico”, foi viajar com as amigas. De volta em casa, notou um atraso na menstruação; fez um exame e descobriu que estava grávida. “Fiquei desesperada e extremamente desnorteada”, ela diz. Quando contou para o pai da criança, recebeu uma péssima reação: ele estava agora com uma menina de que gostava antes mesmo de conhecê-la e “não queria de jeito nenhum”. Foi ele quem apontou o aborto como “única solução” para o problema. “Até então, eu nem sabia o que pensar, só chorava, sem conseguir tomar posição nenhuma”, lembra Caroline. “Era muito imatura.” Conversar com a família sobre isso também foi difícil. Apesar da relação próxima com a mãe, ela não sabia como falar. “E não tinha uma estrutura familiar muito grande. Vivia só com a minha mãe; meu pai e meus irmãos moravam no Paraná.”
Depois de saber da gestação da filha, a mãe de Carol quis conhecer o pai. E concordou com ele sobre interromper a gravidez. “Ela ficou preocupada com os riscos, mas achou que era até melhor, porque eu era jovem e estava ferrada”, diz. O pai também veio para acompanhar a situação de perto e engrossar o coro de quem aconselhava a garota a abortar. A garota também enxergava que seguir com a gravidez não era a melhor das alternativas: além de se preocupar com a reação de colegas quando aparecesse grávida, ela via como uma amiga que tinha sido mãe cedo perderavárias experiências da juventude. Mesmo assim, sua decisão ainda não era sólida. “Na verdade, não queria abortar”, conta. “Coloquei tudo na balança, mas ainda não estava convencida de que era o que desejava fazer.” Aos 34 anos, ainda se questiona sobre a escolha. “Até hoje não sei se devia ter saído correndo antes de ele chegar com a moto.”
Quando estava com cerca de dois meses de gestação, o ex-namorado a levou até a clínica clandestina de motocicleta. “Lembro de todos os detalhes do dia porque ficava imaginando até o ultimo minuto que pudesse acontecer algo para que eu não tivesse que fazer aquilo”, ela diz. Carol se lembra do momento como “difícil” e do local em que fez o procedimento como “horroroso”. “Era um lugar sinistro.” Ainda chorando, chateada e triste, tomou um remédio que a deixou parcialmente anestesiada, podendo ainda ver flashes do que acontecia com ela. “Foi traumatizante”, recorda. Depois, acordou e vomitou muito. O ex aguardava que ela se recuperasse para irem embora. Em casa, foi cuidada pela mãe. “Meu pai fez um convênio para mim, coisa que eu nunca tinha tido. Ele sabia que podia ter alguma complicação.” Ela ficou por três dias com cólicas fortes e hemorragias e, quando ligava para a clínica em busca de ajuda, “eles diziam que era assim mesmo”. Quando não pode mais suportar as dores, foi ao pronto-socorro e submeteu-se à curetagem.
Agora, com dois filhos, Carol diz que “é difícil passar um dia sem pensar nisso”. Sente que tomou a decisão por “influência e pressão”, apesar de entender que sua vida teria sido muito diferente caso tivesse levado a gravidez adiante. Ainda sente culpa: “É uma mistura. Existe uma linha tênue de onde eu me culpo ou vem de uma carga social”, afirma. A proximidade com o avô evangélico também fez com que ela “se torturasse”. Mas, apesar de considerar sua experiência muito “dura e triste”, ela afirma que “cada mulher tem que decidir o que é melhor pra ela de acordo com as suas condições no momento” — e a legalização do aborto é um caminho para isso. “A descriminalização significa levar a vida das mulheres a sério, assumir a proteção a suas vidas e saúde”, reforça a Dra. Débora Diniz.
“Da primeira vez eu tive sozinha, da segunda vez eu tirei sozinha”
“Aborto existe; a diferença é que quem tem dinheiro pode fazer de maneira segura.” É o que diz Joana*, que fez o procedimento com 26 anos. Já tinha sido mãe de Lucas* aos 18: “Da primeira vez eu tive sozinha, da segunda vez eu tirei sozinha”, ela conta. Criando o filho apenas com a ajuda da mãe e sem nenhum tipo de auxílio do pai da criança, ela engravidou quando estava num relacionamento havia um ano e meio. “Eu surtei”, lembra. Após o choque inicial, avaliou a situação: além de não desejar ter o vínculo de uma criança com o ex-parceiro, ela sabia como seria difícil criar outro filho sozinha. “Também não queria privar meu filho de coisas, porque minha vida financeira não era estável”, diz. “Ele já tinha uma vida difícil e eu ainda ia colocar mais uma criança na situação?” Assim, a escolha por não continuar com a gravidez foi feita racionalmente. “Não tive nenhum remorso ou crises de consciência, porque eu era muito bem resolvida com isso”, explica.
Para realizar o aborto, Joana contou com o apoio de sua mãe e de uma amiga que já tinha passado pelo procedimento — o ex-namorado apenas pagou pelo remédio, que conseguiu com um amigo que trabalhava na indústria farmacêutica. “Tomei e passei a noite na casa dessa minha amiga”, conta. “No dia seguinte fui para o hospital.” Ela estava assustada com as hemorragias e não encontrava uma emergência que tivesse um ginecologista. Assim, marcou com um médico que já conhecia. “Ele foi incrível”, afirma Joana. “Me perguntou por que eu não tinha ido antes para fazer exames, disse que não fazia [o procedimento], mas poderia dar o contato de alguém.” Ela ressalta que a sorte que teve — ao ter o apoio da mãe, da amiga e de um profissional com quem pudesse dividir a experiência sem medo — não é regra para as mulheres que fazem aborto. “Porque não tem grana ou contatos, muita gente tem que se expor a coisas horríveis, por não ter como conseguir remédio ou clínicas.” No entanto, ela recorda que não se sentiu segura pelo fato de ser um procedimento ilegal. “Na hora dá medo”, conta.
“A primeira coisa que nasce quando se aborta é alguém disposta a ser uma mãe preparada”
Amanda*, ao contrário de muitos casos em que as mulheres optam pelo aborto, era casada e estava tentando engravidar aos 32 anos. “Apesar de não estarmos em um momento muito bom da relação, como casal, acabou acontecendo”, ela conta. “Mas tinha muita dúvida sobre ter filhos.” A descoberta da gestação veio com apenas três semanas: por ter o ciclo menstrual desregulado, sempre ficava atenta. Depois de um teste de gravidez e um exame, estava confimado que ela esperava um bebê. “E tava correndo tudo bem”, lembra. Mas o modo como se sentia sobre o assunto mudou: “Comecei a entrar em pânico”. A relação com o marido, que já não estava boa, começou a se deteriorar ainda mais, com a “explosão hormonal”. “Também fazia terapia, tomava remédio psiquiátrico e tenho crises de depressão”, acrescenta. Além disso, ela começou a questionar o modo como o parceiro influenciaria na criação do filho. “Ele é vinte anos mais velho que eu e já tem dois filhos, e eu sempre detestei o jeito como ele os criava, em total desacordo com o que acredito”, diz ela. “Achando que pode dar um jeitinho em tudo, resolve as coisas com grana.”
Com todos esses aspectos, Amanda considerou o aborto como uma alternativa e conversou com o marido. “Comecei a explicar para ele que achava que tinha que tirar a criança”, recorda. “A partir desse momento eu estava sozinha. Ele falou que eu era uma assassina, que ia me denunciar.” Sem trabalhar, ela recorreu à mãe para o dinheiro. “É um esquema assim: quando você tem dinheiro, você pode não ter amparo psicológico, mas o amparo médico é outro”, afirma. Ela fez o aborto em uma clínica num bairro nobre de São Paulo. Depois de uma primeira consulta com o médico para exames, a data foi marcada: por ser antes das dez semanas, o processo era mais simples. Amanda foi sozinha, apesar de alguns amigos terem se oferecido para acompahá-la. “Mas eu achei que aquilo era meu: já bastava eu ter aquela lembrança; niguém precisava daquilo.”
Ela diz que o único momento em que teve um segundo pensamento foi quando estava anestesiada, prestes a se submeter ao procedimento. “Quando eu acordei, a primeira pergunta que fiz foi se eles sabiam o sexo. Comecei a me apegar depois que eu tirei”, lembra. “Aí foi foda. Tive momentos muito horríveis, de surtar, de ter crise de choro ininterruptas.” Ela entrou num processo confuso, com sensações que não sabe de fato descrever. “Fiz um retiro budista pra tentar me perdoar de um desvio de percurso. Ainda é uma coisa que cutuca.” Amanda também passou por processos cirúrgicos para lidar com como se sentia: ela fez uma lipoaspiração e próteses de silicone. “Não gostava de me olhar no espelho, porque você pensa em como seria seu corpo caso você estivesse grávida.” Por outro lado, a experiência trouxe novas perspectivas sobre a maternidade. “Quando você engravida, você quer o melhor. E tenho pavor de pensar que tipo de mãe eu ia ser naquele momento”, diz. “A primeira coisa que nasce quando se aborta é uma pessoa disposta a ser uma mãe preparada.”
* Nomes fictícios.
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Ótimo artigo! Considera-se aborto a interrupção do processo gestacional antes que a vida fora do útero seja biologicamente viável, antes do desenvolvimento completo ou ao menos viável, do nascituro, resultando, por consequência na morte deste. No Brasil, o aborto provocado é crime, com penas previstas de 1 a 3 anos de detenção para a gestante, e de 1 a 4 anos de reclusão para o médico ou qualquer outra pessoa que realize em outra pessoa o procedimento de retirada do feto.