Por Gabriela Barbosa (gabriela.barbosa18@usp.br) e Yasmin Teixeira (yasminteixeirasilva@usp.br)
No terceiro dia da 15ª edição da Campus Party Brasil, a divulgação científica e a comunicação foram assuntos centrais das palestras oferecidas. Ao contrário do que se imagina, a tecnologia não se desprende da discussão sobre causas sociais e muito menos sobre divulgação científica, o que incentivou grandes debates sobre a acessibilidade do conhecimento que se espalhava em meio aos eventos da Campus.
Assuntos como o novo papel do TikTok na comunicação social, a importância da comunicação e divulgação científica no cotidiano e em comunidades, além de outros temas foram discutidos no Palco Stem for Girls, onde pautas sociais e palestrantes femininas ganharam mais destaque.
Do laboratório à sociedade: A importância da divulgação científica
A necessidade de tornar as pesquisas e discussões científicas acessíveis para a população é um assunto amplamente discutido no meio acadêmico atualmente e ele não passou despercebido pela Campus Party.
A palestrante Ana de Medeiros Arnt, professora do Instituto de Biologia da Unicamp, expôs a real importância e proporção da produção científica brasileira. Segunda ela, 90% da ciência brasileira é realizada em universidades públicas, principalmente pelos alunos de pós-graduação e mestrado e que, mesmo com essa amplitude, continuam sendo os menos favorecidos em investimentos.
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Além disso, a pesquisadora defendeu a necessidade da expansão da divulgação científica, tal como ocorreu durante a pandemia da Covid-19, com a amplificação do discurso sobre as vacinas e cuidados médicos, o que possibilitou o acesso da maioria ao conhecimento científico e pesquisas da época.
Tik Tok: A nova tendência da comunicação
A plataforma chinesa TikTok representa uma grande reviravolta no cenário da comunicação. A partir da pandemia da Covid-19, em 2020, o aplicativo começa a ser utilizado em larga escala, ultrapassando um bilhão de downloads. Entre janeiro de 2018 e julho de 2020, o aumento do uso global da rede social foi de 1.157,76%.
Focado em vídeos curtos e dinâmicos, o TikTok cria um ambiente extremamente viciante, que atinge principalmente as crianças e adolescentes. Na palestra de Marília Oliveira, comunicadora e estudante de Publicidade e Propaganda pela Universidade de Brasília (UnB), fica evidente como isso afeta o meio comunicacional. Ela afirma que “os jovens, neste momento, não conseguem mais manter sua atenção durante muito tempo, pois ficam entediados.”
Esse modelo de comunicação também passa a ser utilizado por outros meios de entretenimento. Os produtores de séries e filmes optam por cenas mais curtas, que podem, inclusive, se tornarem virais nas redes sociais.
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Outro aspecto do TikTok é sua monetização. O aplicativo começa a ser considerado uma fonte de renda, mesmo que o criador de conteúdo seja menor de idade — desde que a conta esteja em nome de algum maior responsável.
Um dos maiores problemas debatidos sobre o uso excessivo dessa rede social são as doenças psicológicas. Marília Oliveira afirma que os criadores de conteúdo sofrem muito com esse fator, pois são muito expostos e abdicam de partes da vida para conseguir renda na plataforma. Além disso, a dinamicidade e a rapidez também podem causar casos graves de ansiedade nos usuários.
Ao trazer esse debate ao evento, a Campus Party abre portas para que o assunto seja levado em consideração em outros níveis de discussão. Assim, apesar de ser um evento focado em tecnologia e inovação, é muito importante trazer as discussões sobre comunicação e divulgação científica, já que isso permeia todas as áreas de conhecimento. Esse debate também pode levar a mudanças positivas nesse cenário.
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*Imagem da capa: Acervo Pessoal/Lucas Lignon