Carcereiros – O Filme (2019) é inspirado no livro homônimo de Drauzio Varella. Antes de chegar às telonas, a história já havia sido adaptada para documentário e, posteriormente, para série, exibida na Rede Globo. Engana-se quem pensa que a obra será um compilado de cenas da série, pelo contrário, é um episódio novo e autônomo.
Adriano, personagem vivido por Rodrigo Lombardi, é um carcereiro que vive apenas com a filha e enfrenta conflitos diários devido a periculosidade de sua função. Em uma noite, a qual sustenta o filme do começo ao fim, a prisão em que Adriano trabalha abriga durante uma noite o terrorista internacional Abdel (Kaysar Dadour). O carcereiro deve manter a organização no local com o novo preso e ainda impedir uma possível rebelião causada pelas duas facções que comandam o espaço.
O longa traz diversas cenas de ação e uma grande aposta de efeitos especiais da Globo Filmes. São duradouras sequências de tiroteio e brigas, a qual, em alguns momentos, acaba sufocando o espectador. O ritmo do enredo é lento e cansativo, as lutas tentam prender quem assiste, mas pode-se dizer que pecou-se pelo excesso.
Além disso, em razão da alta quantidade de cenas de ação, o aprofundamento de alguns personagens ou a simples relação entre eles acaba não sendo exposta. Talvez o fato se deva a existência da série, que busca cumprir esse papel. No entanto, nem sempre o público será o mesmo, o que pode acabar sendo decepcionante para quem vai ao cinema procurar por um drama.
De qualquer modo, a atuação do elenco impressiona. Kaysar Dadour, mesmo não tendo o destaque que a propaganda promete, faz uma boa estreia e mostra talento, o que provavelmente servirá para abrir novas portas ao ator iniciante. Rodrigo Lombardi não deixa a desejar, como era de se esperar, já que não vive seu personagem pela primeira vez. Jackson Antunes, Milton Gonçalves, Dan Stulbach, entre outros, completam o elenco de peso da produção.
Apesar de uma obra ficcional, a realidade é bem explorada no longa. Tanto no início quanto no fim são mostradas cenas reais de dentro dos presídios brasileiros, passando pelas diferentes alas da cadeia e também seus grupos. Os religiosos, os “gravatas”, os presos comuns e aqueles separados devido ao risco são todos muito bem representados. Alguns momentos cômicos levam o público a gargalhadas, como nas partes em que mostram os gravatas ー presos políticos e outros julgados por crime passional ー quebrando a tensão do filme.
Carcereiros não cumpre o que promete, mas não deve ser considerado um filme ruim. Há quem se divirta com os repetidos tiroteios e sangramentos. O principal é compreender que a guerra não é a principal mensagem da obra, mas sim a tentativa constante de Adriano de executar seu trabalho, mantendo a paz e sua palavra ー a única coisa que permanece com ele após tantas mortes.
O filme estreia em 28 de novembro. Confira o trailer: