Por Matheus Ribeiro (matheus2004sa@usp.br)
Na última segunda-feira (24), Brasil e Costa Rica marcaram um embate que encerrou a primeira rodada da fase de grupos da competição. A partida foi disputada em Los Angeles, no SoFi Stadium, e teve como destaque a impermeabilidade costarriquenha.
Escalações
O Brasil veio escalado em um 4-3-3, como de costume, com um elenco já revelado pelo técnico Dorival Júnior em coletivas de imprensa na véspera da partida. A principal esperança da Amarelinha era a dupla de atacantes do Real Madrid, Vinícius Júnior e Rodrygo, que deviam usar da velocidade e talento individual para atormentar os adversários.
Além disso, o técnico foi criticado pela decisão de não escalar Endrick, grande promessa brasileira, como titular, mesmo após ter marcado gols em três dos últimos jogos com a Amarelinha.
As únicas alterações em relação ao último jogo da Seleção, contra os Estados Unidos, foram as trocas de Wendell por Arana e Beraldo por Militão [Reprodução/X: @copaamerica_POR]
A Costa Rica, por sua vez, inovou em sua tática. Como iria enfrentar uma equipe mais forte — uma das favoritas ao título —, ao invés de entrar em um 3-4-3, como em suas últimas partidas, a seleção de Gustavo Alfaro foi escalada em um 5-3-2, uma formação mais reativa, que buscaria pontuar por meio de contra ataques.
A média de idade do time da Costa Rica é de 25 anos, aproximadamente [Reprodução/X: @copaamerica_POR]
A partida
O primeiro tempo
O jogo se iniciou com a posse de bola brasileira e o recuo do time costarriquenho, ritmo que se repetiria durante toda a partida. O Brasil, desde o início, sofreu com a falta de espaço cedido pelos rivais.
A primeira grande chance aconteceu aos 12’, em tabela entre Paquetá e Rodrygo. O atacante do Real Madrid conseguiu entrar na área após receber a bola livre de marcação e chutou rasteiro para fora.
Para induzir a Costa Rica a abrir espaços, o Brasil adotou a estratégia de ceder a bola ao oponente, esperando a recuperação de bola e um contra-ataque rápido. Na primeira tentativa, essa ideia se mostrou promissora, resultando em uma chance perigosa que foi finalizada por Paquetá para fora. Mas essa “armadilha” brasileira não voltou a ser utilizada.
Aos 29’, ao cobrar uma falta lateral, Raphinha levantou a bola na área e foi desviada por Rodrygo na direção do zagueiro Marquinhos, que a empurrou para o fundo do gol, abrindo o placar da partida. Porém, após análise do VAR, foi constatado a posição irregular dos dois jogadores brasileiros que participaram do lance, anulando o gol.
Durante o resto da primeira etapa, esse mesmo cenário se repetiu: ataque contra defesa. Mesmo com um elenco repleto de jogadores habilidosos, os esforços dos brasileiros foram pouco efetivos contra a reatividade costarriquenha.
O segundo tempo
Na segunda etapa, a tônica do jogo foi a mesma. Os times retornaram com as mesmas escalações, o que revoltou a torcida brasileira, insatisfeita com a pouca efetividade da tática adotada por Dorival no primeiro tempo.
Outro ponto de reclamação foi a má atuação de jogadores importantes da Amarelinha, como Vinícius Júnior e Raphinha, atletas essenciais em um cenário de poucos espaços, por sua velocidade e dribles. No jogo contra a Costa Rica, a dupla foi parada com facilidade por seus marcadores, sem contribuir na construção de jogadas. Ambos foram retirados de campo aos 70’, substituídos por Endrick e Savinho.
A entrada de Savinho pela ponta direita deu mais intensidade ao Brasil, que buscou combates mano a mano e utilizava de inúmeras fintas para se desvencilhar dos marcadores e infiltrar na área. Dessa forma foi construída a última tentativa de marcar da Seleção Brasileira: após deixar os defensores da lateral do campo desorientados, Savinho cruzou a bola e encontrou Bruno Guimarães que chutou colocado, mas a bola passou raspando pela trave para fora.
Sem mais nenhuma outra oportunidade clara de marcar, terminou a estreia da Seleção Brasileira na Copa América. Mesmo que não tivesse sofrido nenhuma ameaça contra sua meta, a falta de criatividade diante de um adversário defensivo e mais fraco ofuscaram qualquer outro aspecto positivo apresentado pela equipe na primeira rodada da fase de grupos.
Situação no grupo D
O resultado da estreia ao Brasil teve um “gosto amargo” pois, além de demonstrar limitações táticas do time frente a equipes muito defensivas, complicou a possibilidade de se classificar em primeiro lugar do grupo. Mas pelo menos serviu para alertar a seleção de Dorival, que jogou de forma mais atenta a segunda rodada contra o Paraguai, na goleada de 4 a 1. Placar suficiente para passar a seleção à próxima fase.
Já os costarriquenhos tiraram o máximo proveito da situação. Com o ponto conquistado contra o principal oponente do grupo, a Costa Rica chegou a ter perspectivas de classificação. Porém, a derrota por 3 a 0 contra a Colômbia na segunda rodada acabou com qualquer esperança de avanço ao mata-mata.
Destaques da partida
Lucas Paquetá
O meia de 26 anos, atleta do West Ham (Inglaterra), não apresentou o ótimo futebol que costuma jogar em outras partidas, mas mesmo assim, foi o jogador que melhor atuou no elenco titular da seleção brasileira. Foi ele que mais insistiu em recursos fora da tática de Dorival para furar a defesa rival, com dribles curtos e rápidos e chutes de fora da área, sendo que um acertou a trave da Costa Rica.
Patrick Sequeira
Goleiro do UD Ibiza, clube espanhol da terceira divisão, Sequeira foi peça importante no empate contra a Seleção Canarinho. Em qualquer das vezes em que a defesa de sua equipe fosse vazada por algum atleta brasileiro, o guarda-redes de 25 anos estava lá para impedi-lo e manter a igualdade no placar da partida.
Além de ter sido eleito como melhor jogador da partida, Sequeira foi o goleiro da seleção da rodada [Reprodução/X: @copaamerica_POR]
Savinho
Cria da base do Atlético Mineiro e atuando pelo Girona (Espanha), Sávio faz sua estreia em uma competição oficial com a camisa do Brasil. Vindo do banco no segundo tempo, Savinho conseguiu usar do pequeno espaço cedido pelos marcadores para criar jogadas perigosas, demonstrando a sua garra pela Amarelinha e, talvez, ganhando créditos com o técnico para que seja promovido à titularidade.
Francisco Calvo
Atleta do FC Juarez (México), com 31 anos e capitão da Costa Rica, Calvo foi essencial para organizar o sistema defensivo que parou uma das favoritas ao título. O zagueiro não só deu poucas brechas ao ataque brasileiro, mas também sempre esteve “colado” em algumas das estrelas do Brasil, anulando-as e contribuindo para o empate.
Ficha técnica
Brasil 0 x 0 Costa Rica
Data: 24/06/2024
Horário: 22 horas (de Brasília)
Local da partida: SoFi Stadium, Los Angeles (EUA)
Brasil (4-3-3): Alisson; Danilo, Eder Militão, Marquinhos e Guilherme Arana; Bruno Guimarães, João Gomes (Martinelli) e Lucas Paquetá; Raphinha (Savinho), Rodrygo e Vini Jr (Savinho). Técnico: Dorival Júnior.
Costa Rica (5-3-2): Sequeira; Mitchell, Vargas, Francisco Calvo, Quirós e Galo; Aguilera (Taylor), Lassiter (Mora) e Brenes (Bran); Zamora (Joel Campbell) e Ugalde (Madrigal). Técnico: Gustavo Alfaro.
Cartões amarelos: Éder Militão (BRA); Calvo, Ugalde (CRC).
Árbitro: Cesar Ramos (MEX).
Foto de capa: [Reprodução/X: @copaamerica_POR]