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Cultura dos Brinquedos: conheça alguns que ficaram marcados na cultura dos brasileiros

Imagem: https://www.cashola.com.br/blog/tag/anos-80?Blog_page=2 A série documental original da Netflix, Toys that made us (Brinquedos que Marcaram Época, em português), conta a história de diversas linhas de brinquedos que fizeram história nos EUA. Entre eles, temos os mundialmente conhecidos G.I Joe e a boneca Barbie. Muitos dos brinquedos retratados fizeram grande fama no Brasil, e acabaram, de certa …

Cultura dos Brinquedos: conheça alguns que ficaram marcados na cultura dos brasileiros Leia mais »

Imagem: https://www.cashola.com.br/blog/tag/anos-80?Blog_page=2

A série documental original da Netflix, Toys that made us (Brinquedos que Marcaram Época, em português), conta a história de diversas linhas de brinquedos que fizeram história nos EUA. Entre eles, temos os mundialmente conhecidos G.I Joe e a boneca Barbie.

Muitos dos brinquedos retratados fizeram grande fama no Brasil, e acabaram, de certa forma, sendo introduzidos na nossa cultura. Mas, além desses brinquedos importados, os brinquedos genuinamente brasileiros (ou quase isso) também tiveram grande visibilidade no mercado do país. Uma das maiores responsáveis por esses produtos nacionais foi a empresa Estrela .

Sendo formada em São Paulo no final da década de 30, a Estrela é a maior produtora de brinquedos nacionais. Muito do sucesso deve-se ao famosíssimo Banco Imobiliário: apesar das típicas ruas das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, o jogo de tabuleiro é uma versão brasileira do Monopoly, produzido pela empresa americana Hasbro. O jogo se tornou tão conhecido no Brasil que até hoje já vendeu mais de 30 milhões de cópias, e tamanho sucesso fez com que Banco Imobiliário virasse uma linha. Atualmente, temos a versão clássica, uma versão temática da Disney, o Super Banco Imobiliário, que utiliza cartão de débito ao invés das notas de dinheiro (cortaram o barato dos espertinhos que ficavam de banqueiros só para roubar o dinheiro), uma versão infantil, chamada de Banco Imobiliário Júnior. Além dessas há também uma versão que as ruas são substituídas por pontos turísticos brasileiros, uma versão de luxo, onde as casinhas de plástico dão lugar a mansões luxuosas e uma versão feita de material reciclado.

O jogo acontecia nesse tabuleiro circular, onde as casas representadas por cores eram uma rua ou bairro, que os jogadores podiam comprar e, posteriormente, construir imóveis.

A Estrela ficou famosa por “abrasileirar” brinquedos americanos e um dos mais famosos exemplos disso é a boneca Susi. Criada em 1966, a boneca foi a primeira fashion doll brasileira e, apesar de rivalizar com a Barbie desde a chegada dela no Brasil em 82, Susi teve seu visual baseado na concorrente britânica da famosa boneca Sindy. Por inovar no ramo de bonecas, a criação da Estrela foi a favorita das meninas e manteve-se no mercado até 1985 e só voltou a ser fabricada em 97. Susi seguiu diversas profissões, assim como Barbie, mas ela retratava melhor a mulher brasileira, sendo lançada com diversas cores de pele e cabelo. Outra curiosidade é que Susi já teve versões inspiradas em celebridades brasileiras, como as dançarinas do grupo “É o Tchan”:

Com intuito de trazer os meninos para o universo dos bonecos, a Hasbro lança o primeiro boneco da franquia G.I Joe em 1964. Anos mais tarde, já no fim da década de 70, a mesma Estrela traz o boneco ao Brasil com o nome de Falcon. Diferente do que fizeram com Susi, que foi uma criação própria, Falcon era um licenciamento do G.I Joe. Ou seja, era o mesmo boneco, mas produzido em território nacional, e a mudança do nome foi feita para se adaptar ao nosso público. No seu lançamento no Brasil, o boneco sofreu o mesmo preconceito pelos pais dos meninos, já que bonecos eram “brinquedos de meninas”, mas devido a sua temática militar e a grande insistência das crianças, Falcon logo caiu nas graças do consumidor brasileiro, inclusive das meninas, que o consideravam o namorado perfeito para suas bonecas (sem chances para o Ken).

A linha americana G.I Joe sofreu uma mudança em 82 e os bonecos de 30 cm deram a lugar as miniaturas de 10, mas o sucesso continuou o mesmo. A segunda linha chegou apenas sob o nome de “Comandos em Ação”, sendo vendida no mesmo ano em que a Estrela parou com a fabricação do antigo Falcon. Os novos bonequinhos ficaram tão famosos quanto o primeiro e muito se deve a história por trás dos novos personagens, contadas por revistas em quadrinhas escritas pela Marvel e por uma série animada de TV, que foi transmitida no Brasil pela rede Globo entre os anos de 83 e 86. Uma curiosidade é que os colecionadores de Comandos em Ação são uma comunidade muito forte mundialmente, e alguns dos bonecos que foram lançados exclusivamente no Brasil estão entre os mais raros do mundo.

Ainda falando da Estrela, ela foi responsável pelo primeiro jogo eletrônico fabricado no Brasil, o Genius. Esse era a versão brasileiro do americano Simon, fabricado pela Hasbro, e se tornou muito famoso no mundo por ser muito divertido e estimular a memória. Sua regra padrão eram bem simples: o Genius toca uma sequência musical, na qual cada tecla corresponde a uma nota e uma cor, e o jogador deve memorizar essa sequência e copiá-la em seguida. Além desse modo de jogo, o brinquedo oferecia mais dois modos jogo e quatro dificuldades para cada. A versão americana foi lançada no ano de 1978 e no Brasil ele chegou dois anos mais tarde, como sempre com uma forte propaganda, ganhando até um comercial de TV protagonizado por Alberto Roberto, famoso personagem interpretado por Chico Anysio. Atualmente, Genius se mantém vivo em diversas versões digitais lançadas com o passar dos anos.

Genius era um jogo simples de se entender, mas exigia uma capacidade de memória muito grande. Fonte: http://edasuaepoca.blogspot.com/2012/01/1978-jogo-genius.html

Mas não só de Estrela vive o mercado de brinquedos brasileiro. No ano de 1972, quatro alunos da escola Politécnica de São Paulo criam dentro de uma garagem o jogo de tabuleiro War e, junto a ele, nasce a empresa Grow. War foi baseado no jogo americano “Risk”, que por sua vez é uma versão do francês “La Conquête du Monde” . Após a viagem de um dos criadores à Europa, ele percebeu o sucesso do jogo e viu que no mercado nacional não havia nenhum tipo de jogo de tabuleiro voltado para o público adulto. Ao retornar ao Brasil, ele e seus amigos iniciam a confecção do jogo de forma manual. Inicialmente, a venda foi feita porta a porta pelos criadores e, após a venda das 5 mil primeiras unidades, o jogo passou a se tornar cada vez mais popular, até ser esse tremendo sucesso que hoje em dia. A versão original se mantém viva até hoje, com exatamente as mesmas regras e, além dela, também há versões atualizadas com regras mais complexas, com o War II, e versões temáticas, como o War Império Romano. Para acompanhar as novas tecnologias, a Grow criou uma versão online do jogo, que pode ser jogada em dispositivos móveis e computadores.

Tabuleiro da versão original do jogo War, a mais conhecida e mais vendida. Fonte: https://www.infomoney.com.br/blogs/negocios-e-carreira/startups-e-fintechs/post/6045435/grandes-ensinamentos-jogo-war-para-empreendedores-lideres

Outra empresa que viveu seu auge na década de 80 foi a Mimo, responsável por dois dos bonecos mais famosos do Brasil. Sim, estamos falando da boneca da Xuxa e o boneco do Fofão. Ambos ficaram famosos na sua época por se tratarem de personagens conhecidos da TV e muito famosos entre o público infantil, o que levou a um grande número de vendas. Mas além da fama e da empresa por trás da confecção, os dois também dividem uma peculiaridade: ambos eram “amaldiçoados”: tanto a boneca da Xuxa como o Fofão viraram lendas urbanas nas décadas de 80 e 90.

Segundo a lenda, essa seria a suposta faca encontrada dentro do boneco, que as crianças possuídas usariam para cometer assassinatos. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=HXvTb_DCndU

Além dos brinquedos mais famosos feitos por grandes empresas, também há aqueles que são atemporais. Ou seja, várias gerações brincaram com eles e não existem grandes corporações por trás, como as bolinhas de gude, pipas, entre outros. Mas um em particular conseguiu juntar as duas coisas: o ioiô. Para explicar sobre essa marca que fez sucesso durante os anos 2000, precisamos voltar para a década de 90, onde a primeira febre do brinquedo aconteceu. A Coca-Cola lançou nessa época um ioiô promocional. Foi um grande sucesso, o que levou aos adeptos desse brinquedo a criarem manobras e se apresentarem em campeonatos. A partir desse amor que o campeão de ioiô, Carlos Henrique, criou a primeira empresa de ioiôs profissionais do Brasil. Seus produtos eram bem acabados, bonitos e resistentes. Seus diversos modelos, como o famoso Smile, viraram febre entre as crianças, sem contar aqueles com rolamento que faziam o brinquedo “dormir” por muito tempo. O mais interessante é que tinha uma época certa para se brincar com os ioiôs. Ocorria sempre que uma nova linha era lançada, quando todos corriam para ver os novos modelos ou tiravam aquele antigo da gaveta para brincar. Além de fazer os ioiôs, a empresa também organizavam diversos campeonatos pelas cidades, o que aumentava ainda mais a fascinação das crianças pelo brinquedo.

Modelo mais famoso vendido pela Fever. Além das versões simples, também haviam os modelos de ferro e os com rolamento. Fonte: http://yoyofever10.tempsite.ws/loja/produto_detalhe.asp?id=51

Voltando aos os bonecos de ação, outros que marcaram a infância de muitas crianças , não só pelo enorme sucesso da série de TV, mas também pelos bonecos que tinham um mecanismo incrível pra época, foram os Power Rangers de feira, aqueles que viravam a cabeça. Para quem não conhece e não está entendendo direito, eles funcionavam da seguinte maneira: assim como na série, os personagens “morfavam” (se transformavam) e, para representar isso, você apertava o cinto do boneco e um compartimento no peito dele se abria e a cabeça humana dava lugar à uma cabeça de Ranger. Fabricados pela Bandai americana, chegaram ao Brasil em 1995 e foram comercializados por um bom tempo. O melhor é que não eram bonecos caros, podendo ser encontrados em qualquer loja de 1,99 ou nas feiras abertas das cidades.

Por seu baixo custo e o incrível mecanismo de girar a cabeça, esses bonecos ficaram muito conhecido nos anos 90 e início dos anos 2000. Fonte:https://www.vix.com/pt/entretenimento/541145/bonecos-dos-power-rangers-que-giravam-a-cabeca-voltaram-mais-modernos

Por último, temos a massa Amoeba. Essa gelatina, que o comercial jura que é massa, está no mercado há mais de 20 anos e sua textura é o diferencial entre as massinhas de modelar comuns. Possuindo várias cores diferentes e podendo esticar, dividir e até mesmo inflar igual a uma bexiga, a Amoeba faz sucesso até hoje e é muito fácil encontrá-la em papelarias e mercados. O problema maior era sempre dos pais , que ralavam para tirar a geléia das roupas dos filhos, e viviam em um “loop” de comprar uma Amoeba depois de uma semana de uso, já que elas sempre ficavam imundas de tanto cair no chão.

Se você se interessou pelas história dos brinquedos, não deixe de conferir a já citada série documental Toys That Made Us. Seus oito episódios contam toda a história e curiosidades dos brinquedos mais famosos do mundo. Além das duas temporadas já existentes, uma terceira foi confirmada na San Diego Comic Con. Essa contará a história dos brinquedos das Tartarugas Ninja, Power Rangers (SIM, os que viram a cabeça), Meu Pequeno Poney e bonecos de luta livre.

Por João Vitor Ferreira
jvitorsilva7@gmail.com

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