Em um dia de caos no metrô e trânsito em São Paulo, a Campus Party teve um de seus dias mais calmos. Na programação foram poucas as palestras que atraíram bastante público.
Uma delas foi a apresentação sobre os efeitos especiais da novela Deus Salve o Rei (Rede Globo), baseada em seriados como Game of Thrones e Vikings. Os diretores comentaram sobre as dificuldades de se produzir uma novela com capítulos diários e efeitos visuais de uma série, que são incrivelmente trabalhosos. Para eles, a trama mistura públicos de telenovelas e de séries, o que gera repercussão internacional em todo o meio televisivo. Sobre as câmeras, eles afirmaram que usam de técnica cinematográfica para gravar as cenas, com a maioria das câmeras fixas e a rotoscopia e o tracking (movimentos de câmera) são feitos, em sua maioria, na pós-produção. Quando perguntado, Fabrício Mamberti explicou que a ideia sempre foi fazer uma novela, e não uma série, pois não queriam perder os benefícios do folhetim, justamente por ser um desafio na produção.
Depois, outra apresentação interessante foi a entrevista realizada pela Juzão, content specialist do Twitter e criadora de conteúdo, com o youtuber Felipe Castanhari, dono do Canal Nostalgia. Além de falar um pouco de sua trajetória como animador, Castanhari refletiu sobre os rumos do YouTube. Disse que, por ter virado uma plataforma tão grande, existem diversos tipos de conteúdos, bons e ruins, mas o site e seus produtores de conteúdo não têm tanta credibilidade quanto quem trabalha na TV. Juzão também acrescentou que esse crescimento é muito relacionado à democratização do conteúdo oferecida pelo YouTube. Por conta disso e do fato de o Adsense (plataforma de pagamentos do YouTube) pagar uma quantia irrisória de salário, Felipe Castanhari disse que pretende priorizar menos o Youtube e fechar contratos com serviços de streaming para uma série animada que pretende produzir, até porque o seu conteúdo precisa de muitos recursos. No final da entrevista, Juzão trouxe à tona outro assunto: a saúde mental de quem se expõe na internet. Castanhari afirmou, então, que já fez terapia e esse é um assunto muito importante e que merece ser discutido, já que o ódio gratuito nas redes sociais os atinge de forma muito forte. “Minha métrica de sucesso é o engajamento, é a conversa que meu conteúdo gera,” completou ele.
O Palco Steam trouxe um bate-papo bastante interessante sobre astronomia com a participação de Salvador Nogueira do “Mensageiro Sideral”, Schwarza do “Poligonautas” e Sérgio Sacani do “Space Today”. A discussão ficou em torno do grande lançamento do foguete Falcon Heavy, da empresa SpaceX, que ocorrerá no dia 6 de fevereiro de 2018. E aí, vai voar ou vai explodir?
Elon Musk, o grande magnata da tecnologia, está por detrás desse empreendimento. O Tony Stark da vida real — sem nenhum tipo de exagero —, está investindo bilhões de dólares nesse projeto e, caso dê certo, o ocorrido representará uma novo marco na história da humanidade frente à pesquisas espaciais. Tudo isso porque esse tipo de foguete poderá levar à órbita da Terra mais de 63 toneladas de cargas, o que é mais que o dobro da capacidade dos modelos atuais utilizados pelas agências. Apesar de não estar envolvida com esse empreendimento, a NASA está na expectativa para que tudo ocorra nos conformes. Porque se explodir, isso irá detonar a plataforma de lançamentos que ela utiliza e serão necessários pelos 2 anos para reconstruir tudo e reativar os projetos. Além disso, a base de lançamento que será utilizada é única em território norte-americano que permite o suporte para decolagem de ônibus espacial. Ou seja, muita coisa está em risco para os EUA.
O turismo espacial foi outro ponto abordado. Você já pensou que o ser humano pode um dia habitar Marte? Essa pergunta está cada vez mais tendo respostas concretas com os avanços na engenharia astronáutica. Porém, devemos ter em mente que Marte é uma expansão, não uma substituta para a Terra. Se há tecnologia o suficiente para explorar outros planetas, deve haver para cuidar do nosso, ou pelos menos tentar mitigar os danos que são causados pela simples existência das pessoas.
Logo em seguida, no mesmo Palco, ocorreu uma apresentação um tanto quanto curiosa tendo em vista o atual cenário político global e as constantes farpas trocadas entre Estados Unidos e Coréia do Norte. “Como sobreviver a um bombardeio nuclear?”, contou com a participação do Prof. Júlio César Guedes, que se encarregou de contar as origens da Era Atômica, o funcionamento das armas nucleares e um guia prático para você sobreviver aos horrores de um bombardeio nuclear. Alguns dados apresentados foram responsáveis por dar uma noção numérica do poder que algumas nações têm de destruir o planeta. É preocupante a quantidade de ogivas e mísseis nucleares que existem, e ainda mais saber que eles podem a qualquer momento extinguir a vida na Terra. Mas deixemos de enrolação, lá vão algumas dicas para você sair dessa bem vivo, pegue papel, caneta e anote:
No abrigo:
– Mantenha-se longe das cinzas. Longe mesmo! Elas carregam toda radiação após a explosão;
– Estoque suprimentos;
– Cubra todo o corpo com roupas grossas;
– Nas primeiras 48h, não saia para absolutamente nada;
– Bloqueie a entrada e janelas com camadas de materiais para impedir contato com a cinza acumulada.
Ah, e torça para que você não esteja dentro do raio de 50 Km próximo ao local que a bomba foi jogada.
Por Maria Carolina Soares e Wender Starlles
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