Por Luís H. Franco
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Sob a direção de Sérgio Rezende, Em Nome da Lei (2016) explora um gênero pouco produzido no Brasil: O thriller de investigação. No entanto, a produção está longe de alcançar os grandes filmes americanos, e muitos dos elementos do brasileiro parecem ter sido diretamente retirados de filmes passados.
O longa conta a história de Vítor (Mateus Solano), jovem juiz idealista que acaba de ser transferido para o fórum de Fronteiras. A pequena cidade na divisa entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai é comandada magnata Hildo Gomez (Chico Diaz), chefe contrabandista local que, aliado ao paraguaio Ramirez (Roberto Birindelli), arma um esquema para transportar cocaína através da fronteira e em direção a São Paulo. Poderoso e influente na região, Gomez comanda o crime na região por pelo menos trinta anos, sem nunca ter sido julgado ou condenado por seus feitos. Agora, com seu prestígio crescendo, ele planeja uma jogada maior e mais ambiciosa.
Acreditando ser capaz de derrubar todo o crime da cidade, Vítor não mede esforços para desmantelar a máfia de Fronteiras e ataca seus inimigos com toda a força que sua posição de juiz permite. Na luta contra o tráfico de drogas, o jovem juiz contará com a ajuda da promotora Alice (Paolla Oliveira) e do policial federal Elton (Eduardo Galvão), ambos experientes na maneira como a lei é conduzida na cidade e capazes de guia-lo em sua tarefa. Mas a arrogância do juiz, determinado a pôr um fim no esquema o mais rápido possível, o impede de ouvi-los e o levam a um perigoso conflito.
Em pouco tempo, Fronteiras se torna uma zona de guerra entre o ingênuo Vítor e o poderoso Gomez, intocável pelos métodos convencionais da lei. Em uma sequência de perseguições, atentados e muita ação, um esquema maior se desenrola, envolvendo não apenas os chefões do Paraguai e da cidade, mas também desembargadores, policiais e inclusive políticos. Sem ter em quem realmente confiar, Vítor tem que lutar pela própria vida, enquanto tenta fazer justiça em uma terra que a lei não alcança.

Como thriller policial, Em Nome da Lei apresenta uma boa história e, até certo ponto, consegue nos ater à ação das personagens e à condução da investigação. As atuações de Mateus Solano e Paolla Oliveira deixam claras as preocupações de seus respectivos personagens e os sentimentos que sentem um pelo outro, seja no trabalho ou na vida pessoal. Mas a obra apresenta muitos clichês previsíveis e segue muito a onda de filmes americanos como Os Intocáveis (The Untouchables, 1987) de Brian de Palma. Alguns aspectos na caracterização das personagens, como o paladino da justiça recém-chegado que não conhece a maneira como a lei é feita na cidade ou o grande mafioso inatingível pela lei, são constantemente vistos nesse tipo de obra cinematografica, e não sofrem muitas alterações na produção de Sergio Rezende de forma a deixar as personagens mais interessantes. Além disso, muitas cenas pareceram ter sido simplesmente jogadas no roteiro. O romance entre Vitor e Alice é fracamente desenvolvido e ocorre de uma maneira muito rápida.
Apesar de seus pontos fracos, o filme é interessante e, em um momento onde o cinema nacional tem privilegiado muito comédias exageradas, é uma clara demonstração de uma tentativa de evolução para algo mais sério. Em Nome da Lei é uma obra já vista antes, mas são raras as produções brasileiras que se assemelham a este.
O longa estreia no dia 21 de abril de 2016. Confira o trailer:
