Este filme faz parte do 8º Festival Varilux de Cinema Francês. Para mais resenhas do festival, clique aqui.
Frantz (2016) é um drama francês situado no período entre as duas guerras mundiais, cuja atmosfera é sepulcral para o enredo. Dirigido por François Ozon, Frantz é protagonizado pela alemã Paula Beer e pelo francês Pierre Niney.
Anna (Paula Beer) é uma jovem alemã que sofre com a perda de seu noivo Frantz (Anton von Lucke), morto na Primeira Guerra. Ela é amparada pelos também desolados pais dele, Hans (Ernst Stötzner) e Magda (Marie Gruber). Anna visita costumeiramente a lápide de seu amado, sempre deixando flores. A trama se inicia quando ela descobre não ser a única a fazer isso. O francês Adrien Rivoire (Pierre Niney) tem uma misteriosa relação com Frantz, a qual intriga aos parentes do falecido.
Mais da metade do longa se passa em Quedlinburg, no ano de 1919. A pequena cidade saxônica serve como microcosmo da Alemanha da época. Os sentimentos de nacionalismo e revanchismo germânico são bem expostos. Entretanto, há uma certa e indesejada tendência maniqueísta, modelada na figura de Kreutz (Johann von Bülow). Em relação aos personagens principais, o enredo encanta. É tocante os sentimentos de tristeza e vazio existencial vividos por eles. O espectador que se deixar levar pela película sentirá, facilmente, a dor de cada um deles. As atuações impecáveis de Beer e Niney permitiram extrair o máximo possível de Anna e Adrien. Enquanto o francês tem uma atuação consistente, Beer se sobressai nos momentos de profunda depressão e lágrimas. Por esse papel, a jovem atriz alemã foi premiada no Festival Internacional de Cinema de Veneza. Porém, talvez, ainda mais interessante seja a construção do próprio personagem que dá nome ao filme. Mesmo estando morto, Frantz permanece vivo na lembrança de seus queridos. O enredo faz desse recurso para sensibilizar ainda mais o público perante a história e os personagens.
Os aspectos mais técnicos da produção também estão em nível de excelência. Principalmente, a trilha sonora e a fotografia. É possível dizer que o uso de música no filme é muito seletivo. A pontualidade do recurso musical amplifica o seu impacto. A música só aparece quando realmente é necessária, diferenciando-se de quase todas as produções cinematográficas. Ela aparece, em destaque, quando Adrien toca seu violino para comover o ambiente.
A fotografia em Frantz é muito fiel à regra dos terços, na qual o motivo é posicionado nos terços da tela. Porém, o longa não é refém disso. Pelo contrário, utiliza isso com inteligência para proporcionar uma diversidade de enquadramentos elaborados e alternativos, os quais exploram com maestria cada um dos poucos cenários presentes na película. Os contrastes de iluminação também são bem trabalhados, algo vital para um filme em preto e branco, como é o caso.
Com selo de tomate fresco de 90%, no Rotten Tomatoes, e 7,5 no IMDB, Frantz é um drama para se emocionar. A produção francesa está disponível em 55 cidades brasileiras até o dia 21 de junho, como parte do Festival Varilux de Cinema Francês. Não se pode afirmar que o Festival só trouxe filmes “geniais”, mas ele trouxe Frantz.
Confira o trailer legendado:
por Caio Mattos
caiomattcardoso@gmail.com