Por Fernanda Franco (fernanda.francoxavier@usp.br)
O Flamengo está perto do pentacampeonato da Copa do Brasil. Neste domingo (3) o Rubro-Negro venceu o Atlético-MG por 3 a 1, no Rio de Janeiro, e largou na frente pelo título. O time carioca foi soberano no Maracanã, sob comando de Filipe Luís, explorou com facilidade as fraquezas do rival mineiro e construiu a vitória com o protagonismo de Gabriel Barbosa, o Gabigol.
O jogo de ida lembrou o motivo de Gabigol ter a fama de “predestinado”. Decisivo, o centroavante superou a desconfiança de um ano em baixa e marcou duas vezes, além de participar do outro, marcado por Giorgian De Arrascaeta. Já pelo Galo, Alan Kardec — que também está em baixa neste ano — fez o seu primeiro gol na temporada e deixou o time alvinegro vivo para o jogo de volta, que será disputado no próximo domingo (10), às 16h (de Brasília), na Arena MRV, em Belo Horizonte.
Primeiro tempo: dono da casa e do jogo
A final começou intensa no Maracanã. Logo no primeiro minuto, o Galo deu um susto no Flamengo com uma jogada iniciada por Hulk, que terminou em finalização de Gustavo Scarpa. Rossi defendeu e mandou para escanteio.
Mas a resposta flamenguista veio rápida. A partir do segundo minuto, o time carioca buscou mais espaços no campo adversário, com Michael e Gerson se destacando em cruzamentos perigosos. Aos 11’, o Flamengo saiu do campo de defesa com uma arrancada de Wesley França até a entrada da área. Ele passou para Michael, que deu um toquinho para Gabigol finalizar. Éverson defendeu, mas no rebote Arrascaeta aproveitou para marcar o primeiro gol da partida.
Arrascaeta abre o placar da final da Copa do Brasil no início do primeiro tempo [Reprodução Instagram/ @flamengo]
Com a vantagem, o Flamengo dominou o jogo. Aproveitou principalmente as falhas do sistema defensivo do Galo e não ficou com bola parada no meio campo. Sem sofrer ameaças, aos 29’, o zagueiro Léo Pereira quase ampliou o placar ao arriscar um forte e direcionado chute de fora da área, salvado por Éverson em uma defesa difícil. Logo em seguida, Hulk e Battaglia protagonizaram uma discussão em campo.
Na sequência, aos 39’, a superioridade do Flamengo em campo se refletiu no marcador. Gonzalo Plata desviou de cabeça e Gabriel recebeu livre, tocou na saída do goleiro atleticano e marcou o gol. Um possível impedimento foi revisado, mas Gabigol estava em posição legal. O gol veio logo após o jogador discutir com o técnico Filipe Luís.
Flamengo abre 2 a 0 no primeiro tempo com gol do Gabigol [Reprodução Instagram/ @copadobrasilcbf]
Segundo tempo: Galo ressurge
Tanto o Atlético-MG quanto o Flamengo voltaram sem mudanças de jogadores para a segunda etapa. Contudo, a postura foi diferente. Enquanto o rubro-negro retornou mais cauteloso, o clube mineiro pressionou mais a saída de bola em busca de, pelo menos, um gol. A principal oportunidade foi aos 11’, em uma cabeçada do zagueiro Júnior Alonso que passou tirando tinta da trave.
Sem conseguir mais do que isso, o Galo continuou com maior posse de bola (53%), mas sem gerar problemas para o Flamengo. Filipe Luís fez a primeira substituição do jogo ao colocar Carlos Alcaraz na vaga de Arrascaeta, após este pedir para sair por conta de dores no joelho.
Aos 29’, Alcaraz aproveitou o erro de Matías Zaracho no meio-campo para acionar Gabigol, que recebeu na área, limpou a marcação e finalizou cruzado para fazer 3 a 0.
Com seu segundo gol na partida, Gabigol alcançou a marca de 32 gols na Copa do Brasil e 16 em finais de competições [Reprodução: Instagram/ @flamengo]
A torcida rubro-negra foi à loucura com a ampla vantagem, em um clima de final antecipada. No desespero, o técnico Gabriel Milito mexeu estrategicamente no time e colocou o centroavante Alan Kardec, aos 33’. Dois minutos depois, ele foi o responsável por descontar no Maracanã, seu primeiro gol na temporada. Ele aproveitou o erro de Léo Ortiz, roubou a bola e finalizou certeiro, sem chance para Rossi. Esse foi o primeiro gol sofrido pelo Flamengo em casa nesta temporada da Copa do Brasil.
“Gol de oportunismo”, Kardec marca para o Galo e diminui desvantagem para a decisão [Reprodução Instagram/ @atletico]
O Atlético ensaiou uma pressão no final para tentar diminuir a desvantagem, assustando em chegadas à área, mas que não resultaram em gols. Enquanto isso, a torcida alvinegra cantava a plenos pulmões “Eu acredito”, incentivando o time. Por outro lado, o Flamengo optou por não se arriscar e acabou por cumprir seu papel de fazer resultado em casa.
Torcida atleticana faz festa após gol de Kardec [Reprodução Instagram/ @copadobrasilcbf]
Agora, em Minas Gerais, o Galo precisa vencer por três gols de diferença para erguer a taça pela terceira vez. Já o Flamengo pode perder por até um gol de diferença para tornar-se pentacampeão. Uma derrota por dois gols de saldo leva a disputa para os pênaltis.
Lembranças do “inferno”
Com o Maracanã lotado, o Rubro-Negro contou com forte apoio de seus torcedores, que deram um show de imagens antes da bola rolar. Com todos os ingressos vendidos, o clube registrou o maior público da atual edição da Copa do Brasil, com 67.459 presentes, além de bater o recorde de renda na temporada.
Torcida do Flamengo recepciona os jogadores com fumaça rubro-negra, mosaicos e faixas em apoio ao time [Reprodução Instagram/ @flamengo]
Tal recepção relembrou os últimos confrontos da intensa rivalidade entre Flamengo e Atlético-MG. As oitavas de final da Copa do Brasil de 2022 foi marcada pelo mosaico com a frase ”Bem-vindo ao Inferno” ao time mineiro. A mobilização rubro-negra se deu após a vitória do Atlético por 2 a 1 no jogo de ida, no qual Gabigol, na saída de campo, comentou: “Lá eles vão conhecer o que é inferno”. No jogo de volta, o Flamengo se classificou e, depois, ganhou o campeonato.
Meses depois, a rivalidade foi acentuada quando o Atlético venceu o Flamengo na final da Supercopa de 2022, que terminou empatada em 2 a 2 e foi decidida nos pênaltis — 8 a 7 para o alvinegro.
Outro ponto em comum desses jogos é o Arrascaeta, velho rival do Atlético-MG. O uruguaio enfrenta o Atlético desde 2015, quando jogava pelo Cruzeiro, e já tinha fama de carrasco do Galo. São seis gols com a camisa da Raposa (em 14 jogos) e quatro pelo Flamengo (em dez jogos). O meia, agora, é o primeiro jogador na história a marcar gols em três finais diferentes da Copa do Brasil.