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Atual campeã da Euro, Inglaterra vai à Oceania em busca de título inédito

Após o título inédito da Euro, em 2022, e da primeira Finalíssima feminina na história, em 2023, Inglaterra vai atrás do título inédito da Copa do Mundo

A seleção feminina de futebol da Inglaterra é, hoje, a quarta melhor do mundo de acordo com o ranking da FIFA, atrás dos Estados Unidos, Alemanha e Suécia. Mesmo não tendo conquistado muitos títulos em sua história, é a atual campeã da Eurocopa. A seleção vem empenhada para a Copa do Mundo 2023, com expectativas de ganhar o seu primeiro título mundial.

Elenco inglês convocado para a Copa do Mundo de 2023 [Imagem: Reprodução/Twitter/@Lionesses]

Início e proibição

A Inglaterra é, segundo a Fifa, o berço do futebol feminino, tendo sido palco para a primeira partida oficial do esporte entre as mulheres, em 1885. Em meio à Primeira Guerra Mundial, surgiu um dos primeiros times 100% feminino: o Dick, Kerr Ladies. Localizado em Preston, foi formado por mulheres que trabalhavam em fábricas. A equipe se tornou a seleção não-oficial da Inglaterra e chegou a disputar diversas partidas internacionais, começando pela vitória contra a França, em 1920, na presença de 25 mil pessoas no estádio.

Assim, seguiram jogando para grandes multidões – alguns jogos ultrapassaram os 50 mil torcedores – e vencendo inúmeros jogos. Tinham alguns destaques especiais, como Alice Kell, capitã da equipe, e Lily Parr, que em sua primeira temporada no time, com apenas 14 anos, fez 34 gols (estima-se que durante toda a sua carreira, Parr tenha ultrapassado 980 gols).

No auge da equipe, em 1921, o time estava com uma campanha de 58 vitórias e um empate em 59 jogos, 393 gols marcados e 16 gols sofridos. Porém, toda essa glória foi interrompida com a proibição do futebol feminino pela Federação Inglesa de Futebol (FA – Football Association), com o argumento de que “a prática do futebol é ruim para a saúde das mulheres”.

Só 50 anos depois, em 1971, a proibição deixou de existir. Em 1972, a seleção inglesa de futebol feminino jogou a sua primeira partida oficial da história, em um jogo contra a Escócia, que resultou em uma vitória das Lionesses (equipe feminina da Inglaterra) por 3 a 2. O jogo ocorreu 100 anos após a primeira partida internacional da história do futebol, também entre Inglaterra e Escócia, em 1872.

Histórico da seleção

Na primeira edição da Eurocopa na história, ocorrida em 1984, apenas quatro seleções participaram: Dinamarca, Inglaterra, Itália e Suécia. A seleção inglesa se destacou e, após eliminar a Dinamarca, chegou na final contra a seleção sueca. Depois de perder o jogo de ida por 1 a 0, a Inglaterra venceu a volta pelo mesmo placar com um gol de Linda Curl. O placar agregado levou o jogo para os pênaltis, e a Suécia levou a melhor, por 4 a 3, e garantiu o primeiro título feminino europeu da história.

Apesar da boa campanha na primeira Euro Feminina, a Inglaterra não teve o mesmo rendimento nos anos seguintes: em 1987, caiu na semifinal depois de mais uma derrota para a Suécia e terminou o campeonato na quarta colocação, perdendo também a disputa pelo terceiro lugar para a Itália. Em 1989, a seleção inglesa nem se classificou e, em 1991, perdeu nas quartas para a Alemanha, com um agregado de 6 a 1 nos dois jogos. Além disso, não se classificou para a primeira Copa do Mundo Feminina da história, em 1991.

Em 1993, as inglesas também caíram na primeira fase do torneio, mas dessa vez para a Itália. Em dois jogos, o placar agregado foi mais uma vez bem elástico: 6 a 2 para a seleção italiana. Em 1995, a Inglaterra passou das quartas pela primeira vez em sua história (em outras vezes que chegou à semifinal ou final, o torneio já começava a partir das semis), passando da Islândia com duas vitórias de 2 a 1. Na semifinal, enfrentou a Alemanha, que viria a se tornar a campeã dessa Euro, e perdeu os dois jogos, com o agregado final de 6 a 2. Na Copa do Mundo do mesmo ano, a Inglaterra fez a sua estreia no torneio e passou em segundo lugar do seu grupo, mas perdeu – também para a Alemanha – nas quartas de final por 3 a 0.

Os anos seguintes conseguiram ser ainda menos positivos para a seleção inglesa, já que em 1997 e em 1999 a Inglaterra novamente não se classificou para a Eurocopa e para a Copa do Mundo, respectivamente. Em 2001 e em 2005, na Eurocopa, ela ficou em último lugar de seus grupos nessa fase do torneio (em 2001, ficou com a pior campanha geral e, em 2005, ficou com a segunda pior). Um detalhe é que em 2005 a Inglaterra sediou o campeonato, mas, mesmo com o apoio de sua torcida, a boa campanha dentro de campo não veio. Em 2003, também não esteve presente na Copa do Mundo e, em 2007, até se classificou e passou da fase de grupos, mas perdeu de 3 a 0 nas quartas, contra os Estados Unidos.

Foi somente em 2009 que a Inglaterra voltou a ter um certo protagonismo na Eurocopa. Na fase de grupos, não foi tão bem e ficou atrás da Suécia e da Itália, mas se classificou como uma das melhores terceiras colocadas. Nas quartas, pegou a Finlândia, país-sede do torneio, e ganhou por 3 a 2. Na semifinal, a seleção inglesa enfrentou a Holanda e, após um empate de 1 a 1 no tempo regulamentar, um gol milagroso no final do segundo tempo da prorrogação deu a classificação à final da Eurocopa Feminina, depois de 25 anos sem conseguir esse feito (realizado somente em 1984, na primeira Euro). Porém, na final, sofreu uma goleada de 6 a 2, contra a Alemanha, e amargou o vice-campeonato novamente.

Em 2011, a Inglaterra passou em primeiro lugar de seu grupo na Copa do Mundo e teve a vantagem de pegar uma seleção segunda colocada de seu grupo. Com um empate e uma derrota nos pênaltis, a Inglaterra perdeu para a França já nas quartas de final da competição. Em 2013, mesmo após a boa campanha na Eurocopa anterior, a seleção inglesa ficou novamente em último lugar na fase de grupos, com a pior campanha do campeonato.

O cenário da seleção inglesa começou a mudar um pouco a partir da Copa do Mundo de 2015: passando em segundo lugar no seu grupo, venceu a Noruega nas oitavas e o Canadá nas quartas, ambos os jogos por 2 a 1, e avançou para a semifinal da Copa pela primeira vez em sua história. Nela, enfrentou o Japão, e com um gol contra nos acréscimos do segundo tempo, perdeu por 2 a 1. Mesmo com uma certa frustração por não ter chegado na final por tão pouco, foi uma campanha histórica para um time que nunca havia vencido um jogo sequer da fase de mata-mata da competição.

Na Euro de 2017, a Inglaterra venceu todos os jogos da fase de grupos e eliminou a França nas quartas. Em mais uma semifinal, perdeu por 3 a 0 para a Holanda. Apesar de não ter conseguido um título inédito, a campanha foi muito positiva e rendeu à Jodie Taylor a artilharia do campeonato, com cinco gols.

Na última Copa do Mundo, feita em 2019, mais uma boa campanha acompanhou a seleção inglesa: venceu todos os jogos do seu grupo (que incluía até o Japão, para quem ela perdeu em 2015) e despachou a equipe de Camarões nas oitavas por 3 a 0. Na fase seguinte, mais um 3 a 0, agora contra a Noruega. E, com essa campanha maravilhosa, foram fortes para enfrentar a favorita da edição, Estados Unidos, na semifinal.

O jogo foi decidido nos detalhes, já que, com 2 a 1 para os EUA no placar, a seleção inglesa teve a chance de empatar com a marcação de um pênalti a seis minutos do fim do tempo regulamentar, mas a capitã inglesa Steph Houghton desperdiçou a cobrança e chutou fraco para a defesa da goleira norte-americana Alyssa Naeher. Ellen White, autora do gol da Inglaterra na semifinal, foi artilheira da competição, empatada com as jogadoras dos EUA Megan Rapinoe e Alex Morgan, cada uma com seis gols.

Na última Euro, em 2022, finalmente chegou o momento de maior glória da seleção feminina da Inglaterra: o título. Jogando em casa, a seleção teve a melhor campanha geral da fase de grupos, vencendo todos os jogos e sem tomar nenhum gol. Nas quartas, pegou a Espanha — mas mesmo sem Alexia Putellas, eleita melhor jogadora do mundo em 2021 e 2022 e fora dessa Euro por lesão, a Inglaterra teve um jogo difícil, vencendo o time espanhol somente na prorrogação, depois de empatar o jogo nos minutos finais do tempo regulamentar e virar já no período adicional. Na semifinal, a partida foi muito mais fácil, com um 4 a 0 pra cima da Suécia.

Classificada para a sua terceira final de Euro da história, a Inglaterra enfrentou novamente a Alemanha, igual à última vez. Porém, dessa vez, com uma partida difícil e que só foi ser decidida na prorrogação, a Inglaterra se deu melhor e foi campeã inédita da competição, vencendo a seleção alemã por 2 a 1. A campanha da seleção inglesa foi espetacular, já que além do título, o time foi o melhor ataque da competição, com 22 gols, e a melhor defesa, com 2 gols sofridos. Além disso, a craque inglesa Beth Mead foi artilheira da Euro, junto com a alemã Alexandra Popp, com seis gols, além de maior assistente da competição, com quatro no total. O jogo da final foi muito importante não só para a Inglaterra, mas para o futebol feminino como um todo, já que teve o maior público da história da Eurocopa, incluindo a masculina: mais de 87 mil pessoas no Wembley lotado.

Inglaterra após ganhar seu título inédito da Eurocopa, em 2022 [Imagem: Reprodução/Instagram/@lionesses]

Em 2023, houve a primeira edição da Finalíssima Intercontinental Feminina, com uma disputa entre o time campeão da Euro e da Copa América. Assim, Inglaterra e Brasil se enfrentaram e, com um gol de Ella Toone — que também deixou o seu gol na final da Eurocopa —, a Inglaterra ia vencendo até os minutos finais, quando tomou o gol de empate da seleção brasileira. Nos pênaltis, o time inglês se deu melhor e venceu por 4 a 2, ganhando seu segundo título na história, ambos comandados pela técnica holandesa Sarina Wiegman.

Lionesses levantando o troféu de campeão da Finalíssima, em 2023 [Imagem: Reprodução/Instagram/@lionesses]

Já nas Olimpíadas, a seleção inglesa só participou de duas edições em sua história: 2012, quando foi anfitriã do torneio, e 2020. Nelas, jogou como “Grã-Bretanha”, e na primeira edição chegou a ter jogadoras escocesas no time, mas com maioria inglesa. As duas campanhas foram muito parecidas, com um primeiro lugar na fase de grupos e uma eliminação logo no primeiro confronto do mata-mata, nas quartas de final.

Protestos e conquistas sociais

Em janeiro de 2020, a Federação Inglesa (FA) deu um grande passo na igualdade de gênero, equiparando os salários das seleções feminina e masculina da Inglaterra. Em seu comunicado oficial, a FA escreveu: “A FA paga a seus jogadores femininos exatamente o mesmo que seus colegas masculinos pela representação da Inglaterra, tanto em termos de taxas de jogo quanto de bônus por jogo. Essa paridade existe desde janeiro de 2020”.

Outra luta conquistada pelas jogadoras inglesas foi a mudança na cor do shorts da seleção. Com o shorts todo branco — modelo que usaram na Eurocopa 2022 —, as jogadoras ficaram incomodadas por conta de seus ciclos menstruais. Beth Mead, craque da equipe, disse o seguinte, ainda durante a Eurocopa: “Espero que eles mudem a cor. É muito bonito ter um uniforme todo branco, mas ele não é prático quando chega aquela época do mês. Discutimos isso em equipe e passamos para a Nike”. Por isso, o novo kit de uniformes para a Copa do Mundo Feminina de 2023 trouxe shorts azuis. 

Um outro ponto importante de comentar é sobre a proibição da FIFA, ocorrida durante a Copa do Mundo Masculina de 2022, do uso da braçadeira de capitão “One Love”, que demonstrava apoio à causa LGBTQIA+. Para a Copa do Mundo Feminina de 2023, a FIFA segue com essa proibição, e jogadoras que contrariarem a regra poderão receber punições, como cartão amarelo. Apesar disso, a FIFA resolveu flexibilizar a sua regra e permitiu algumas manifestações das atletas. Assim, as capitãs dos times poderão usar braçadeiras em apoio a determinadas causas sociais — algumas delas ainda serão trabalhadas a cada rodada da Copa. 

“Depois de algumas conversas muito abertas com as partes interessadas, incluindo associações membros e jogadoras, decidimos destacar uma série de causas sociais – da inclusão à igualdade de gênero, da paz ao fim da fome, da educação ao combate à violência doméstica – durante todos os 64 jogos da Copa do Mundo Feminina da Fifa”, afirma Gianni Infantino, presidente da FIFA.

Assim como a seleção masculina da Inglaterra, a feminina também pretendia usar a braçadeira “One Love” durante a Copa do Mundo. “Se pudermos ou não usar a braçadeira [‘One Love’], sabemos que ainda defendemos exatamente a mesma coisa”, afirma a meia inglesa Georgia Stanway, antes do anúncio feito pela Fifa. Ainda assim, o time feminino poderá apoiar causas sociais, e a FA anunciou que a decisão sobre quais serão essas causas ficará nas mãos das próprias jogadoras.

Expectativas para a Copa do Mundo

A seleção inglesa está com altas expectativas para a Copa. É a quarta colocada no ranking de seleções femininas da FIFA e está embalada após ganhar o seu primeiro título da história — a Euro de 2022. Assim, com craques como Beth Mead — atacante finalista nos prêmios do “FIFA The Best” e da Bola de Ouro para melhor jogadora do mundo, perdendo apenas para Alexia Putellas  — e Lucy Bronze,defensora inclusa no top 10 melhores jogadoras do mundo de 2022 pela France Football, que organiza a Bola de Ouro, e eleita melhor jogadora do mundo em 2020 pela FIFA —, a Inglaterra, que vive o melhor momento de sua história, tenta vencer o maior torneio de seleções do planeta, a Copa do Mundo.

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