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‘Maxxxine’ comprova que é possível chegar ao topo com filmes de terror

Novidade da franquia que trouxe o sucesso para Mia Goth, longa apresenta ainda mais qualidade e é o mais assustador dos três filmes
Por Thaís Santana (thais2003sc@usp.br)

Hoje (11), chega aos cinemas o capítulo final da trilogia iniciada pelo cineasta Ti West em 2022. Maxxxine (2024) é uma sequência dos filmes X – A marca da morte (2022) e Pearl (2023), se passando seis anos após os acontecimentos do primeiro filme. A jovem Maxine Minx (Mia Goth), ex-atriz de filmes pornográficos, recebe a oportunidade de estrelar uma continuação polêmica. Para conquistar o sonho de se tornar reconhecida em Hollywood, Maxine está disposta a enfrentar todos os julgamentos, críticas e até mesmo um serial killer que assombra Los Angeles e ameaça trazer o seu passado à tona. Assim, se apresenta uma história sangrenta, conciliada com drama social e psicológico, personagens e cenas glamourosas, uma filmagem diversificada e um roteiro mais inteligente do que parece.

A personagem é cativante, por conta do seu amor pela atuação e pelo cinema e, principalmente, pelo seu desejo imbatível de ser famosa. Por mais que Maxine também seja assustadora, agressiva e tenha uma conduta moral bastante questionável, é difícil que o telespectador não desenvolva interesse por ela. 

O passado da personagem é o conflito chave do roteiro, promovendo tanto revoltas que colocam sua carreira em risco quanto a rodeando com ameaças diretas. Escolhida para um papel no filme Puritana 2, Maxine vê seu filme sofrer tentativas de boicote por conservadores da região, os quais afirmam que inserir uma ex-atriz pornô no filme o tornaria degradante. Por isso, a estrela em ascensão é ainda mais pressionada para entregar uma interpretação de muita qualidade para que a produção saia bem. 

Além disso, Maxine passa a ser seguida por um detetive que está investigando o massacre no Texas ocorrido em X – A marca da morte. Por ter sobrevivido ao evento, essa perseguição faz com que a protagonista reviva memórias traumáticas da época fatídica. O filme coloca momentos de alta tensão nos flashbacks e na imaginação de Maxine, utilizando uma mixagem de som alta. A escolha de pontuar essa dificuldade da personagem a torna mais complexa e também acrescenta um tom de terror psicológico ao longa. 

De modo geral, o elemento do terror nesse filme segue características do slasher e do gore. As cenas mais tensas são desenvolvidas a partir dos menores detalhes e o suspense acerca do que está acontecendo é estabelecido com as mortes em tela. A violência é chocante mesmo quando há pouco sangue sendo derramado, pois há uma estratégia de apelar para o inesperado. O filme provoca muito nojo no telespectador ao retratar o sofrimento de forma escrachada e trazer sequências brutais.

Os assassinatos feitos pelo Stalker da Noite, assassino à solta na cidade dos anjos, de alguma forma se relacionam com a protagonista [Imagem: Reprodução / YouTube / A24]

Enquanto os assassinatos acontecem em Los Angeles, segredos da vida de Maxine são revelados até culminarem em um desfecho surpreendente. A utilização do passado foi uma excelente forma de explorar as diferentes camadas de uma personagem já conhecida pelo público. Assim, o enredo consegue inovar na construção de Maxine e passar o sentimento de angústia em relação aos vários conflitos que ela precisa encarar. 

Maxxxine também conta com um comentário social bem forte: o clímax do filme está relacionado ao fanatismo religioso. Existe uma sátira bem direta ao moralismo de grupos conservadores  e as conspirações criadas em cima da indústria cultural. Essas críticas aparecem sutilmente no começo do filme e crescem no roteiro até estarem presentes nos perigos concretos e principais. A decisão de colocar o fundamentalismo como um dos problemas que tornam Hollywood mais mortal, é uma estratégia criativa e corajosa.  

Um fator admirável em Maxxxine é sua metalinguagem, algo que já foi visto nos outros filmes da franquia, mas que se arrisca mais ainda neste. A filmagem intercala entre imagens de câmeras antigas e telas de televisão, o que torna o ritmo mais dinâmico. Os personagens fazem referências a filmes e personagens oitentistas, assim como o figurino, o cenário e a maquiagem. É possível perceber semelhanças entre a trajetória de Maxine e a personagem que ela irá interpretar no filme Puritana 2, gerando a sensação de que o filme está contando sua própria história.

Apresentação do filme em que Maxine Minx atua  [Imagem: Reprodução/ YouTube / A24]

As atuações não deixam nada a desejar. Apesar de não ter momentos de grande destaque de Mia Goth, como aconteceu em Pearl, ela sustenta uma personagem multifacetada, que paira entre a sensibilidade e a loucura de modo fantástico. Bobby Cannavale também merece uma menção honrosa pela entrega assustadora em seu papel de antagonista, assim como Kevin Bacon, que traz um aspecto tragicômico para o detetive John Labat. Lilly Collins e a cantora Halsey também participam do deslumbre trazido pelo filme como colegas de atuação da Maxine e protagonizam momentos horripilantes.  

O filme se encerra em si mesmo de modo satisfatório, mas não impede a possibilidade da franquia continuar. Mesmo assim, o trabalho feito em Maxxxine utiliza  o contraste para fortalecer a qualidade, algo difícil de replicar, principalmente em um gênero saturado. No fim, Maxine Minx alcança o topo do sucesso por meio do gênero do terror (pelo menos no nosso mundo!).

O filme já está em cartaz. Confira o trailer:

*Imagem de capa: Reprodução / YouTube / A24

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