“A moda não é algo presente apenas nas roupas, a moda tem a ver com ideias, a forma como vivemos, o que está acontecendo.” É com esse pensamento que Coco Chanel se tornou uma das maiores estilistas de todos os tempos. E se a moda tem a ver com o que está acontecendo, nada mais justo que esta se adapte às necessidades do mundo, que atualmente se solidificam em torno da preservação do meio ambiente.
O consumo responsável é um dos pilares em que se baseiam a moda sustentável. Apesar da fama de que quem gosta de moda desperdiça muita roupa nova, trocando de guarda roupa a cada estação, essa prática tem se tornado cada vez menos comum, porque além da preocupação com a sustentabilidade ter aumentado muito nos últimos tempos, isso já era mal visto até mesmo nos anos 1920, quando a moda foi revolucionada por Chanel.
Fibras orgânicas, reaproveitamento, reciclagem e comércio justo são alguns dos outros pilares que sustentam a chamada ecofashion. O reaproveitamento tem como principal aliado os brechós, que superaram preconceitos de só possuírem roupas velhas ou estragadas. Hoje, muitos vêem esses locais como sinônimo de estilo e elegância. Além de poder comprar roupas exclusivas, e que tenham tudo a ver com seu estilo por um preço justo, as pessoas reutilizam peças que provavelmente iriam para o lixo quase sem serem usadas.
Roupas produzidas a partir de matérias reutilizadas e fibras orgânicas também estão com tudo. Na São Paulo Fashion Week de 2011, Oscar Metsavaht e Alexandre Herchovitch lançaram suas primeiras peças com materiais sustentáveis. A Osklen, de Metsavaht, apresentou uma coleção inteira tingida artesanalmente com pigmentos naturais e algumas peças feitas com algodão orgânico, que não utiliza químicos em seu cultivo. Herchovitch trouxe para a passarela do seu desfile mais uma inovação para a época: uma calça, um paletó de manga curta e uma casaca sem mangas, feitos a partir de um tecido 100% reciclado. A reutilização de materiais na confecção eleva em 30% o preço final do produto, mas mesmo assim a ecofashion consegue encontrar mercado, um público disposto a pagar um pouco mais para ajudar a preservar a natureza.
A partir da necessidade de valorização e fortalecimento de uma moda eco-friendly, surgiram eventos que promovem desfiles com as principais marcar engajadas nessa causa, como o Rio Eco Moda, idealizado pela atriz Isabel Fillardis no Rio de Janeiro, e o ECOERA, em São Paulo, realizado por Chiara Gadaleta, consultora de moda e criadora do movimento “Ser sustentável com estilo”. Algumas das marcas que desfilaram na 2ª edição, em São Paulo foram Será o Benedito, que reaproveita lona de caminhão em suas peças, Vuelo, marca de acessórios reinventados a partir de câmara de pneu e Zerezes, que produz óculos em madeira reaproveitada.
Se baseada em todos esses pilares, a moda pode ser hoje encarada como uma aliada da preservação do meio ambiente, afinal, estar na moda também significa estar em paz, com a consciência limpa, e fazendo a sua parte para a construção de um mundo melhor. E se a ditadura de trocar o guarda roupa a cada estação falar mais alto, lembre-se: A moda sai de moda, o estilo, jamais.
Por Amanda Manara
amandapmanara@gmail.com