por Jullyanna Salles
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Quando os irmãos Wachowski (diretores da trilogia Matrix) anunciaram o lançamento de um novo filme em 2015, muitas expectativas no mundo do cinema foram alimentadas. O destino de Júpiter (Jupiter Ascending, 2015) estreia no Brasil em 5 de Fevereiro e traz nomes como Mila Kunis e Sean Bean no elenco.
Com pouco mais de duas horas de duração, o longa foi produzido para suportar os efeitos visuais característicos da dupla de diretores. E essa tarefa, o filme realiza com excelência. Explosões, lutas corpo a corpo e cenas de ação com intervalos de slow motion são bastante frequentes e, no 3D, impressionam. A trilha sonora também acompanha bem as passagens da produção, deixando de ser apenas um fundo musical e realmente integrando a história.
O roteiro, por outro lado, não é muito surpreendente. Jupiter Jones, vivida por Mila Kunis, corre constante risco de morte e tem sua vida assegurada inúmeras vezes por seu tão previsível par romântico, Caine (Channing Tatum). Na maior parte do enredo, é a típica moça frágil e inocente que cai em armadilhas óbvias e depende de seu protetor para ser resgatada.
A história envolve outros mundos além da Terra. Mais que isso: trata galáxias como grandes fazendas em que a procriação dos habitantes é controlada de acordo com interesses dos donos de cada planeta. Jupiter é, na Terra, apenas mais uma, mas para o universo, uma grande proprietária. Sua genética comprova o sangue nobre que a mocinha não faz ideia que tem. Uma passagem interessante é quando, reivindicando seu título, ela precisa passar por incontáveis departamentos e lidar com uma burocracia tão semelhante à que encontramos nos setores públicos atuais, que a cena parece ser inserida como uma crítica discreta.
Houve uma tentativa de mistério sobre o real caráter dos vilões, mas o maniqueísmo do roteiro deixa sempre claro o bom e o mau fazendo uso da caricaturização dos personagens. Apenas uma atitude da protagonista, já no desfecho, causa ligeira surpresa, mas não o suficiente para alguma reviravolta. Os ápices do filme se concentram mais nos resultados das cenas de ação do que no real desenvolvimento da história.
É perceptível o empenho na produção estética do longa de forma geral: figurinos, maquiagens e caracterizações são de grande qualidade. A história, no entanto, está longe de apresentar a genialidade dos irmãos Wachowski. Neste caso, o expectador vai ao cinema com o enredo definido em sua cabeça após as primeiras cenas, preparado para ser surpreendido apenas com a experiência visual.