Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O Ministério da Cultura adverte: a criatividade pode mudar a economia

Setor ainda marginalizado, a Economia Criativa  pode reinventar nossas indústrias Por Mayara Teixeira (mayara.neves.teixeira@gmail.com) O tema está na moda. E você provavelmente já ouviu falar algo a respeito, talvez só não saiba que se trata de algo tão grande. Espalhada pelo mundo todo e com uma Secretaria própria no Brasil, a Economia Criativa é uma tendência, …

O Ministério da Cultura adverte: a criatividade pode mudar a economia Leia mais »


Setor ainda marginalizado, a Economia Criativa  pode reinventar nossas indústrias

Por Mayara Teixeira (mayara.neves.teixeira@gmail.com)

O tema está na moda. E você provavelmente já ouviu falar algo a respeito, talvez só não saiba que se trata de algo tão grande. Espalhada pelo mundo todo e com uma Secretaria própria no Brasil, a Economia Criativa é uma tendência, uma efervescência global. Diferente da economia tradicional, aqui o que importa não é o fator primário de um produto, mas o capital intelectual que foi investido nele, seu valor depende de sua dimensão simbólica. Muito complicado?

Vamos para um exemplo prático. Uma caneta esferográfica simples pode custar R$1,00. Agora, imagine a mesma caneta que custa o mesmo R$1,00, só que com um design mais anatômico que não machuca o dedo na hora de escrever. Nesse caso, o investimento em criatividade desperta a atração do mercado consumidor. Esse investimento criativo é o que impulsiona e define a economia criativa. Ou seja, um produto qualquer deixa de ser qualquer quando conhecimento é investido nele.

“Há uma grande mudança internacional a partir dos anos 80. O paradigma produtivo passa a ser mais afetado por intangíveis do que tangíveis, os investimentos são mais sofisticados”, explica a economista Lídia Goldenstein, que já foi assessora da presidência do BNDES. “O peso dos artigos físicos é cada vez menor na proporção dos investimentos e influi cada vez menos na competitividade dos produtos”, completa.

Em resumo, a economia criativa é o investimento de criatividade e novas tecnologias em setores estratégicos. Davi Nakano, professor da POLI-USP, explica que a economia criativa surgiu da economia da cultura. “Havia uma movimentação econômica específica para teatro, dança, música, cinema, artes plásticas, e isso se ampliou para arquitetura, publicidade, design, software e games”, diz.

Microempresários e empreendedores autônomos são os principais sujeitos desse novo conceito de economia. E ele pode reinventar nossas indústrias. Atualmente, vivemos um período de valorização do real, e como somos um país em grande parte agroexportador, acabamos perdendo mercado, porque nossos produtos ficam menos competitivos. Assim, nossa indústria também perde fôlego. Mas, a economia criativa pode estimular nosso parque industrial de uma forma completamente nova.

“A China já percebeu isso e no seu último plano quinquenal assegurou o investimento na indústria criativa”, diz Lídia. “Eles querem deixar de ser made in China para ser designed by China”, completa. Para a economista essa é a melhor política de inclusão social em longo prazo, principalmente porque insere o cidadão no mundo moderno.

 

Conheça as iniciativas brasileiras no ramo da Economia Criativa (Imagem: Jornal Brasil Econômico)

Iniciativas no Brasil

Para estimular a criatividade aplicada, o Ministério da Cultura (MinC) criou a Secretaria de Economia Criativa. A atual secretária é Cláudia Leitão e no site do MinC ela afirma que o país ainda “carece de novas linhas de crédito para fomentar os empreendimentos criativos”. “Esse é um setor estratégico para o crescimento e desenvolvimento econômico, porque gera trabalho, renda, emprego, inclusão social e desenvolvimento humano”, completa.

O Estado precisa ter ousadia para assumir um papel de liderança no setor. O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), por exemplo, ainda não está preparado para isso. “A economia criativa tem que ser vista como tão ou mais importante do que os setores tradicionais, mas ainda é marginalizada”, diz Lídia, que já foi assessora do Banco. “Desconfio do otimismo reinante que vivemos, parece que estamos em um novo milagre econômico, mas precisamos utilizar essa oportunidade para criar alicerces”, afirma. Para o professor Davi Nakano, “o que é criado pela economia criativa transborda para outros setores, por isso deveríamos intensificar investimentos na área”.

E engana-se quem pensa que a economia criativa está condenada ao pequeno empreendedorismo. Empresas como a Apple são exemplos muitíssimo bem-sucedidos do setor que utilizaram os “intangíveis” para remodelar toda a lógica de seus negócios. A Apple envolve serviço, comércio, manufatura e desenvolvimento tecnológico. Ela mostra claramente como a economia criativa pode esfumaçar a fronteira convencional entre serviço e manufatura e impulsionar a economia de países e cidades.

Um exemplo aqui do lado

Num pequeno escritório coletivo na Vila Madalena, em São Paulo, a economia criativa respira e se difunde. Lá fica a sede do portal Catarse, criado há um ano atrás, para promover o financiamento coletivo de projetos criativos. Inspirados no Kickstarter (um site de gringo de crowfunding), Luís Otávio Ribeiro e Diego Reeberg decidiram criar uma plataforma brasileira para financiar gente brilhante e suas ideias.

Luís e Diego, são estudantes de Administração da FGV, e desenvolveram uma plataforma para divulgar projetos e receber doações de apoiadores. “Os projetos têm que ser criativos, dos mais simples aos mais requintados, dos mais lúcidos aos mais extravagantes, dos pequenos aos megalomaníacos, o importante é ter criatividade”, conta Luís Otávio. “Queremos revolucionar a forma como as pessoas alocam seu dinheiro. Acreditamos que essa alternativa está mais adaptada às recentes mudanças tecnológicas e sociais ao redor do mundo e que esse modelo é mais transparente, descentralizado, e orgânico”, diz Diego.

O próprio Catarse em si já um modelo de economia criativa. Durante seu um ano de existência, arrecadou mais de R$2 milhões e possibilitou o desenvolvimento de mais de 140 projetos, a maioria ligada a música, cinema e teatro. “As possibilidades envolvendo crowdfunding são enormes e o movimento está apenas começando por aqui. Somos loucos por colaboração e temos convicção de que as pessoas, atuando de forma coletiva, podem mudar o mundo como bem entenderem”, diz Luís.

 

Projeto propõe a criação de um sistema de apoio a catadores de lixo (Imagem: divulgação)

Se você gostou e quer saber mais sobre economia criativa pode acessar o site Ministério da Cultura (http://www.cultura.gov.br/site/2012/02/08/entrevista-com-claudia-leitao-%E2%80%93-a-economia-criativa-no-brasil/), encontrar alguns números nessa matéria do Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,economia-criativa-em-numeros,750314,0.htm) ou apoiar algum projeto no Catarse (http://catarse.me/pt).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima