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Olimpíadas 2024 | Apesar de favoritismo, Brasil se despede do vôlei de praia masculino sem medalhas

A participação brasileira nos jogos de Paris marca o pior jejum de medalhas na modalidade. A última conquista foi o ouro na edição de 2016

Por Matheus Ribeiro (matheus2004sa@usp.br)

Uma das escolas mais tradicionais do esporte, o Brasil participou pela oitava vez em Olimpíadas, mas obteve resultados abaixo do esperado. Confira a campanha brasileira nos Jogos Olímpicos disputados no Estádio da Torre Eiffel.

Fase de grupos

André e George

A dupla que ostenta a posição de segunda melhor no ranking de atletas de vôlei de praia joga junta desde 2019, sendo esta a primeira Olimpíada de ambos. Sorteados no grupo D, junto dos marroquinos Abicha/Elgraoui, os cubanos Díaz/Alayo e os estadunidenses Partain/Benesh, os brasileiros eram favoritos para passar pela primeira etapa e vencer o torneio.

A primeira partida, contra os marroquinos, foi vencida sem grandes dificuldades pelos brasileiros por 2 sets a 0. O primeiro período foi disputado, com uma parcial de 21 a 18, mas a sequência emplacada para vencer a primeira etapa desestabilizou os adversários e permitiu um segundo set tranquilo, fechado em 21 a 10.

A dupla venceu os jogos Pan-Americanos de 2023 juntos [Reprodução/X: @volei]

O segundo embate, contra os cubanos, foi o primeiro contratempo na jornada dos nossos estreantes. Em um início de jogo equilibrado, Alayo e Díaz conseguem assumir a dianteira no placar e abrir larga vantagem até o fim, vencendo o primeiro set por 21 a 13. Os brasileiros retornaram para o jogo com a determinação para se recuperar e iniciaram bem a segunda disputa, mas foram superados novamente, com destaque aos bloqueios de Alayo, terminando o set em 21 a 18 e o jogo em 2 sets a 0

O resultado do último confronto da fase de grupos, contra os norte-americanos, também não foi o melhor para os brasileiros. O primeiro set foi marcado por um equilíbrio inicial, a liderança foi assumida por George e André ao longo desse período em duas oportunidades, mas uma sequência de erros da dupla permitiu que os estadunidenses assumissem as rédeas do placar e mantivessem a liderança até o final do set, finalizado por 21 a 17.

A reação veio logo em seguida, com o domínio da dupla brasileira no início do segundo set. Os estadunidenses chegaram a se estabilizar no embate, mas logo sofreram novamente com a imposição do jogo brasileiro, fechando em 21 a 14 e levando o jogo ao tiebreak. Mas o ímpeto de George e André para a decisão não foi o mesmo, o que permitiu um avanço da dupla dos Estados Unidos que venceu o desempate por 15 a 8 e se consagraram como os vencedores do confronto.

Apesar das duas derrotas sofridas na primeira etapa do torneio, a segunda melhor dupla do mundo conseguiu sacramentar sua vaga no mata-mata a partir do critério de classificação direta aos dois melhores terceiros colocados da competição.

A outra dupla classificada por este critério foram os suecos Ahman e Hellvig, atuais melhores do mundo [Reprodução/X: @volei]

Evandro e Arthur

Dupla que compreende a nona melhor parceria da modalidade, composta pelo experiente Evandro, que já atuou nas últimas duas Olimpíadas, e o novato Arthur, foram outros fortes candidatos para representar o Brasil no pódio olímpico.

A dupla foi formada ainda neste ciclo olímpico [Luiza Moraes/COB/Fotos Públicas]

Presentes no grupo E, o que definiu como seus oponentes Hörl/Horst (Áustria), Dearing/Schachter (Canadá) e Schweiner/Perušič (República Tcheca), os brasileiros também eram favoritos para avançar na fase grupos, sendo que, em teoria seus adversários mais desafiadores seriam os tchecos. Ao contrário de seus conterrâneos, Evandro e Arthur fizeram uma campanha tranquila na primeira fase.  

Em todos os três jogos da etapa de grupos, os brasileiros venceram seus adversários por 2 sets a 0, uma trajetória praticamente impecável, em partidas com um roteiro semelhante: um primeiro set mais disputado, e um segundo em que a dupla dava um “show de bola” em seus oponentes — destaque à qualidade do bloqueio de Evandro, e sua liderança e experiência que ajudaram Arthur a se acostumar com o ambiente olímpico e também brilhar na competição — abrindo amplas vantagens e garantindo a vitória de forma mais segura. Assim, a segunda dupla do Brasil avançou com facilidade às oitavas de final como líderes do chaveamento.

Eliminatórias

Por terem avançado em uma colocação ruim, André e George enfrentaram os alemães Ehlers e Wickler, líderes da outra chave e terceira melhor dupla do mundo, nas oitavas de final. O jogo foi marcado por um amplo domínio dos representantes da Alemanha, que se aproveitaram da falta de encaixe dos brasileiros na competição para vencer ambos sets sem grandes dificuldades. Os jogadores do Brasil até conseguiram equilibrar o jogo em certos momentos no dois sets, mas nada que pudesse evitar sua eliminação logo no início do mata-mata.

Evandro e Arthur, por sua vez, iniciaram a fase eliminatória enfrentando os holandeses Immers e van de Velde, que venceram apenas um dos confrontos na etapa anterior. O desenrolar do jogo foi semelhante aos outros da dupla brasileira: domínio, qualidade em bloqueios e facilidade no segundo set, avançando às quartas de final sem dificuldades.

O confronto teve grande repercussão pela eliminação de van de Velde, atleta que foi condenado por abuso sexual contra uma criança há 10 anos [Luiza Moraes/COB/Fotos Públicas]

Desta vez os adversários eram mais desafiadores: para poderem avançar e se aproximar da conquista de uma medalha, os brasileiros deveriam passar dos favoritos à competição, os melhores jogadores de vôlei de praia do planeta, os suecos Ahman e Hellvig. Em uma partida quase perfeita da dupla da Suécia, com poucos erros e brechas para ataques claros do Brasil, o favoritismo foi confirmado com o resultado de 2 sets a 0 aos escandinavos, que fez com que a nação verde e amarela se despedisse da competição sem nenhum prêmio.

Foto de capa: [Reprodução/X: @volei]

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