O anime, lançado em 2012, conta, atualmente, com três temporadas, sendo a primeira e a segunda disponíveis na Netflix e a última no Prime Video. Ao contrário da maioria dos animes, ele não foi inspirado em um mangá — o anime inspirou a criação do mangá — porém, conta com uma boa base em livros de distopia como 1984 e Blade Runner. A série também possui mais cinco filmes, todos se passam no mesmo universo, mas focados em casos diferentes. Um sexto filme estreiou dia 12 de maio no Japão, o Psycho-Pass: Providence.
A sociedade em que o anime se passa é baseada em um Japão futurista, cerca de 100 anos no futuro. Ela é controlada por um sistema chamado de Sistema Sibyl, responsável por vigiar e assegurar que não ocorram crimes e que as pessoas não infrinjam as leis. Para isso, ele mede o Psycho-Pass, coeficiente criminal que quantifica a criminalidade de uma pessoa, isto é, o nível de perigo que ela representa para o status quo. Certas pessoas ultrapassam o limiar de normalidade em algumas situações, como sendo vítimas de roubos, estupro, acidentes, entre outras ocasiões estressantes; e outras têm seu Psycho-Pass sempre acima do limite, podendo ser transformadas em Justiceiros ou simplesmente presas pelo resto de suas vidas. Os Justiceiros são responsáveis por auxiliar os inspetores nas missões contra os que afligem a paz e são até denominados “cachorros” por um deles. Mas, uma pergunta paira na animação, se o Sistema Sibyl tem como responsabilidade manter a paz, por que existem os Justiceiros e os inspetores com o mesmo objetivo?
Simples, porque o sistema é imperfeito. E, é por meio das falhas que surgem os conflitos e os vilões do anime.
Na primeira temporada, a inspetora Tsunemori Akane, uma novata, é designada para a Secretaria de Segurança e é supervisionada por Ginoza Nobuchika, um inspetor veterano. Como “auxiliares” estão Yayoi Kunizuka, Tomomi Masaoka, Shuusei Kagari e Kogami Shinya, um ex-inspetor que foi rebaixado a Justiceiro. Para realizarem seus trabalhos de manutenção da paz e da segurança da população, todos usam a Dominator, uma arma ligada diretamente com o Sybil e sua capacidade de julgamento. Assim, ao apontá-la a uma pessoa, o coeficiente criminal é automaticamente medido e a arma opta ou pelo modo não letal, somente paralisando o alvo, ou pelo modo eliminar, quando o Sistema vê que não existe a possibilidade da pessoa reduzir seu coeficiente.
O embate entre o dever guiado pelo Sistema Sybil e o lado humano da protagonista é mostrado logo no primeiro episódio, sendo esse recorrente na série, principalmente quando Shougo Makishima entra em cena. Levando em conta a lógica de julgamento do Sistema Sybil, esse homem poderia ser facilmente considerado um criminoso sem nenhuma chance de recuperação. Mas, como os primeiros minutos da animação entregam, o coeficiente dele, quando medido pela Dominator, fica muito abaixo do limiar estabelecido para os criminosos, então, ela simplesmente não funciona nem para neutralizá-lo.
A protagonista Akane sente-se na obrigação de cumprir o papel designado pelo Sistema, porém, não acha que o julgamento dessa sociedade seja inteiramente correto. Embora o Sistema tenha ajudado a melhorar a segurança, muitos são julgados de maneira injusta, como os Justiceiros e o próprio vilão. O anime também traz a questão: nessa sociedade tão futurista, com tecnologia em todos os lugares, como os criminosos não são encontrados e ainda cometem crimes na frente das câmeras? Talvez a própria tecnologia seja a resposta…
Psycho-Pass, mesmo retratando uma realidade distópica, coloca conflitos éticos e de justiça para o público refletir sobre o mundo real. Esse anime é uma boa escolha para quem gostaria de ficar dias pensando sobre como o Sistema Sybil é justo e injusto ao mesmo tempo, além de analisar as ações de Akane nas situações mais conflituosas da animação.