Você conhece os queridinhos da Netflix? Ainda não? Seus problemas acabaram! O Cinéfilos fez uma relação da tríade de comédias românticas que estão bombando no serviço de streaming. Essas são de grande apreço em meio ao público jovem e ganharam popularidade devido a diversos fatores, como por exemplo, enredo, representatividade e elenco. Vamos conferir e explorar os pontos positivos e negativos de cada longa:
A Barraca do Beijo (The Kissing Booth, 2018)
A Barraca do Beijo conta a história de Elle Evans (Joey King), Noah Flynn (Jacob Elordi) e Lee Flynn (Joel Courtney). Elle e Lee são amigos desde pequenos, nasceram no mesmo dia e foram criados como irmãos, já que suas mães eram amigas inseparáveis. Logo no começo do filme é indicado que a mãe de Elle faleceu, porém a história não é explorada e a amizade entre as famílias é mantida do mesmo modo. Noah é irmão mais velho de Lee, conhecido por ser o badboy conquistador da escola, e também o amor secreto de Elle. Há, no entanto, uma motivação para a distância do casal: as regras de amizade criadas por Elle e Lee. Relacionar-se com o irmão de seu melhor amigo seria praticamente um crime para os jovens.
O enredo clichê não é o único problema do filme. Na verdade, é difícil entender a fama que A Barraca do Beijo alcançou já que os acertos são quase inexistentes. Pode-se começar pela falta de química entre os atores e a história fraca para impulsionar o relacionamento. O pretexto criado de amor de infância é decepcionante, primeiro pois não é mostrado os dois como amigos ou pelo menos tendo uma conversa no passado, outra que o único motivo apontado para Elle gostar de Noah é seu físico e sua beleza. Por fim, o jeito que o relacionamento nasce é extremamente abusivo, pois Noah sente-se no direito de mandar na vida de Elle apenas por ser mais velho e ter acompanhado seu crescimento.
As cenas entre os dois também incomoda, isso devido a Jacob Elordi ter 1,93 m e Joey King apenas 1,62 m. A impressão deixada é que Joey sempre está “cortada”, pois a câmera tem dificuldade em pegar o casal em um mesmo plano. Um detalhe aparentemente pequeno, porém crucial para o conforto do espectador. Além disso, é triste ver o quanto Elle é sexualizada em diversas cenas. Roupas curtas e molhadas e a presença da moça em ambientes masculinos, como um vestiário repleto de homens seminus, diminuem a essência da personagem, apelando para algo que não é necessário apenas para dar a impressão de que a garotinha cresceu.
Por fim, há uma personagem com muito potencial que foi totalmente escanteada. Rachel (Megane Young) é a namorada de Lee, apresentada na barraca do beijo, local em que se inicia a relação deste casal. Em diversas cenas a personagem é abandonada por Lee e apesar de sua importância, fica como uma figurante. No momento em que o público cria uma expectativa de que a jovem terá uma fala decisiva, mais uma vez é cortada e fica-se apenas na ilusão.
A única mensagem positiva do filme é, realmente, a importância da amizade e da capacidade de aceitar as escolhas de quem ama pela felicidade do outro. Fora isso, o filme é decepcionante e está na lista apenas pela repercussão obtida.
Para Todos os Garotos que Já Amei (To All the Boys I’ve Loved Before, 2018)
Lara Jean (Lana Condor) é uma jovem tímida que, para transbordar seu amor, escreve cartas para os garotos por quem se apaixona, no entanto, nunca as envia. Ao total, a jovem havia escrito cinco cartas, todas guardadas em sua caixa especial no guarda-roupas, até que sua irmã mais nova as envia. O problema? Uma dessas cartas tinha como destinatário o ex namorado de sua irmã mais velha, a qual embarca para um intercâmbio durante a trama. Para evitar falar com Josh (Israel Broussard), o destinatário, e Margot (Janel Parrish), sua irmã, Lara Jean se aproveita de outro receptor, Peter Kavinsky (Noah Centineo). Esse a procura para conversar sobre a carta e acaba sendo beijado no meio da pista de corrida no momento em que a jovem vê Josh se aproximando com a carta na mão. Após isso, Peter, que quer reatar com sua ex, entra em acordo com Lara Jean para fingir um romance, mas a relação entre eles sai do controle e o casal favorito da lista nasce.
O primeiro acerto do filme está na escolha de uma atriz asiática para o protagonismo. Lana impressiona em sua atuação e não reforça estereótipos. Confira mais sobre a questão neste outro texto do cinéfilos. Além disso, a família de Lara Jean é coreana e traz cultura ao filme quando são apontados alguns costumes e pratos típicos, sem contar o sucesso do yakult, que não era comercializado e muito menos popular nos Estados Unidos até a estreia do longa.
O casal também impressiona e tira suspiros do público. Apesar de começar apenas como um namoro falso, nota-se o entrosamento de ambos e a felicidade que um causa no outro devido ao abandono da zona de conforto. Peter foi o primeiro relacionamento de Lara Jean e é citado em uma das cenas a mudança na jovem e em seu comportamento no geral.
A relação entre as três irmãs é outro ponto que emociona. As garotas vivem apenas com o pai, pois a mãe faleceu. Logo, é apontado entre elas muita proteção, respeito e amizade. Mesmo com todo o ocorrido devido a Josh e ao envio das cartas, a briga entre elas é breve e a parceria prevalece, uma sempre ajudando a outra e demonstrando cumplicidade.
Essa é uma boa história para assistir junto a família e curtir um domingo livre. Sua popularidade é aceitável e as notícias de uma possível continuação animam os fãs.
Sierra Burgess É uma Loser (Sierra Burgess Is a Loser, 2018)
Sierra (Shannon Purser) é uma jovem insegura e tímida, porém extremamente competente e inteligente. Um dia, recebe uma mensagem de um número desconhecido e fica confusa, porém dá continuidade a conversa e acaba se envolvendo emocionalmente com a pessoa do outro lado da tela. Esse é Jamey (Noah Centineo), um jovem que, apesar de jogar no time de futebol americano, não é popular na escola e demonstra ser um garoto bom e interessante. No entanto, Jamey jura estar falando com Veronica (Kristine Froseth), a líder de torcida popular da escola, que deu o número de Sierra como se fosse o seu. Quando Sierra compreende o ocorrido, fala com Veronica, a qual quer impressionar um garoto mais velho, e oferece uma troca: ensiná-la matérias da escola em troca de sua identidade.
O ponto forte do filme não é o romance, mas sim a amizade que nasce entre Sierra e Veronica. As garotas conseguem entrar uma no mundo da outra e compreender o que as aflige e molda suas personalidades. Com isso, ambas se entendem e se ajudam, mostrando uma evolução em Sierra, que se encontra enfim além da sombra de seus pais, os quais trabalham com literatura. Sua mãe escreve sobre autoaceitação e seu pai cria poemas. Nota-se também uma mudança positiva em Veronica, que era inicialmente a vilã da história.
Sierra Burgess É uma Loser também trata da quebra de expectativas dos jovens, como os desfechos de um relacionamento e a imagem que o outro tem de você. Os adolescentes se enxergam de uma maneira que não necessariamente são e imaginam que nunca serão aceitos se forem eles mesmos, e o filme inverte essa ideia. Traz também a canção composta por Sierra, Sunflower (Girassol) que diz “Mas eu sou um girassol, um pouco engraçada / Se eu fosse uma rosa, talvez você iria me querer”.
A protagonista, assim como em Para Todos os Garotos que Já Amei, foge do padrão estético imposto pela sociedade. Ela é uma garota gorda, usa roupas simples e não depende de maquiagem e adereços. Mesmo que em alguns momentos o filme trate isso de forma problemática, é importante a mensagem de que a garota não quis mudar sua aparência em momento algum e foi aceita por todos sendo como era, principalmente por Jamey, que a conhecia apenas por mensagens e se apaixonou acima de tudo pela sua personalidade.
Entre os queridinhos, esse é o mais atual e também o que mais supera as expectativas. Espera-se apenas mais um clichê adolescente e surpreende-se com uma incrível mensagem de aceitação.
Agora que já conhecem um pouco de cada história, que tal preparar a pipoca e o refri e se jogar na maratona?
por Carolina Fioratti
carolinafioratti@usp.br