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Romário: o príncipe dos mil gols

No final dos anos 2000, Romário, que hoje atua na política, alcançava recorde de Pelé e marcava o seu milésimo gol
Arte com várias fotos do Romário
Por Guilherme Bianchi (guifavaro240306@usp.br)

Há 17 anos, Romário de Souza Faria, o “Baixinho”, fazia história em São Januário aos 41 anos. Em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, no dia 20 de maio de 2007, o lendário camisa 11 cruzmaltino balançava as redes pela milésima vez em sua carreira. O gol foi marcado em uma cobrança de pênalti contra o Sport-PE, em vitória vascaína por 3 a 1.

O milésimo gol

Na época, Romário vivia uma rara “seca” de gols: o 999° gol marcado pelo atacante havia sido há quase dois meses, o qual contribuiu para a vitória cruzmaltina diante do rival Flamengo por 3 a 0. 

O desejo do Baixinho de alcançar a marca dos mil gols no Rio de Janeiro, especialmente no Maracanã, era público — para isso, deixou de enfrentar Americano, Cabofriense e América-RN fora de casa. Porém, o destino escolheu o palco de São Januário, estádio do Vasco da Gama, para celebrar a conquista.

O “feito histórico do Baixinho”, como foi chamado pela crônica esportiva, gerou comoção no futebol brasileiro — antes de Romário, apenas Pelé havia alcançado os mil gols. Em entrevista concedida ao Globo Esporte, o ídolo da seleção brasileira descreveu o marco como inesquecível: “Com certeza é um gol que não tem como esquecer”.

Pouco após o milésimo, Romário aposentou-se aos 42 anos na equipe do Vasco da Gama, encerrando sua carreira com o total de 1002 gols marcados. Hoje, com 58 anos de idade e passagens memoráveis por clubes como Vasco da Gama, PSV (Holanda), Barcelona (Espanha), Flamengo e Fluminense, o Baixinho atua na política como senador federal.

Arte de Romário no Vasco, com imagem de sua primeira passagem pelo clube que o revelou no centro

Em 1988, sua primeira passagem pelo Vasco da Gama, o Baixinho já mirava metas audaciosas [Reprodução/Instagram: @romariofaria]

“Quando nasci, papai do céu apontou para mim e disse: ‘Esse é o cara’”

Em 1975, ainda criança, Romário jogou no Estrelinha, time que seu pai montou na Vila da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, para incentivá-lo a praticar futebol. Depois do Estrelinha, Romário iniciou trajetória no time infantil do Olaria, em 1979. No mesmo ano, foi campeão estadual da categoria e artilheiro.

Chegou ao Vasco da Gama com 15 anos, em 1981, na categoria infantil, e estreou no profissional em 6 de fevereiro de 1985 no jogo Vasco 3 x 0 Coritiba. O primeiro gol como profissional aconteceu no dia 18 de agosto daquele ano, em vitória vascaína por 6 a 0 contra o Venécia.

Arte feita do clube Estrelinha, com foto de Romário (criança) e seu pai no centro

Romário, desde criança, era apaixonado pelo futebol e teve seu amor impulsionado pelo pai, que criou o Estrelinha para o desenvolvimento do filho [Reprodução/Facebook: @romariofaria]

Estreia na seleção brasileira

Ainda em 1985, Romário estreou nas categorias de base da Seleção Brasileira e fez parte da equipe campeã do torneio sul-americano sub-20. Na final da competição, o atacante marcou dois gols e foi o melhor da partida na vitória por 2 x 1 contra o Paraguai.

Em 1987, a Seleção Brasileira passou por inúmeras reformulações após a eliminação pela França na Copa do Mundo de 1986, no México. Entre elas, a mudança na comissão técnica: Telê Santana (ex-treinador do São Paulo) abriu espaço para a chegada de Carlos Alberto Silva, contratado pela CBF para promover a renovação da equipe brasileira. Na convocação, como era previsto, foram chamados, pela primeira vez, vários jogadores que vinham sendo destaques em seus clubes, como Romário, que já encantava a torcida vascaína pela facilidade em marcar gols.

A delegação brasileira foi até Dublin, na Irlanda, enfrentar os donos da casa em amistoso internacional, após empate com a Inglaterra por 1 a 1 pela tradicional Taça Stanley Rous. Na partida, o Brasil não jogou bem e foi superado pelos mandantes pelo placar de 1 a 0. Destaque brasileiro no segundo tempo, com a camisa 18, Romário entrou em campo pela primeira vez com a seleção principal e quase empatou o jogo para o Brasil.

No total, Romário balançou as redes 71 vezes em 85 jogos disputados pela Seleção Brasileira [Reprodução/Instagram: @romariofaria]

Após ficar de fora da conquista do torneio no mundo britânico, contra a Escócia, Romário voltou a campo pela seleção no dia 28 de maio, quando o Brasil foi a Helsinki enfrentar a equipe finlandesa. Na partida, o Baixinho teve sua primeira grande chance vestindo a “amarelinha”. Iniciou no banco de reservas, mas ainda quando o placar estava 1 a 0 para os finlandeses, Mirandinha sentiu uma lesão na coxa e Romário entrou em campo para substituí-lo.

Sem sentir o peso da camisa brasileira, Romário não se escondeu. Em um de seus primeiros lances na partida, ele acreditou em um bate e rebate na entrada da área, superou dois adversários e chutou no canto do gol, sem dar chances para o goleiro finlandês. O jogo terminou 3 a 2 para o Brasil, Romário marcou seu primeiro gol pela Seleção Brasileira e o mundo conhecia mais um grande atacante canarinho.

PSV

Criado nas categorias de base do Vasco da Gama, Romário brilhou durante quatro anos pelo clube carioca e despertou interesse de gigantes do futebol europeu por seu faro de gols. Em 1988, o PSV tomou a frente na disputa pelo brasileiro e pagou cerca de seis milhões de dólares para ter o craque — a transferência mais cara de um jogador brasileiro para um clube estrangeiro na época.

Ídolo do time holandês, Romário inclusive é eternizado na história e no museu do clube. Timo Klein, guia do museu, em reportagem ao Globo Esporte, ressaltou a ala  “Casa Romário”, em que o Baixinho é exaltado como um dos maiores jogadores da história do clube. Durante entrevista, Klein reforçou o significado do atacante ao PSV e curiosamente o definiu como insuperável e preguiçoso: “Ele era preguiçoso, não gostava de treinar, mas jogava muito futebol, fazia muitos gols e resolvia os jogos. Dentro da área, ele era insuperável”.

Romário marcando um gol com a camisa do PSV, em sua passagem pelo clube holandês

A transferência do Romário para a Holanda foi a mais cara de um jogador brasileiro para um clube estrangeiro na época [Reprodução/X: @RomarioOnze]

Em sua biografia, Romário cita a fala de Guus Hiddink, seu treinador nos tempos de PSV, que lembra o dom do atacante em marcar gols: “O jogador mais interessante com quem já trabalhei foi Romário. Era o tipo de cara que fazia gols com facilidade. Antes de partidas cruciais, quando se está um pouco nervoso, ele chegava para mim e dizia ‘coach, tranquilo, Romário vai marcar e nós vamos ganhar’. E ele realmente marcava. Nem todas as vezes, mas em oito de dez jogos como aqueles ele marcaria o gol da vitória”.

Pelo clube holandês, Romário venceu a Eredivisie três vezes, duas Copas da Holanda e uma Copa Johan Cruijff Schaal; além disso, o brasileiro marcou 165 gols em 167 partidas.

Barcelona

Impressionado com Romário, o Barcelona pagou cerca de US$ 4,5 milhões pela contratação do jogador. Aos 27 anos, ele estreou com a camisa catalã na partida entre Barcelona e Real Sociedad pelo Campeonato Espanhol, em 1993, e teve uma atuação de gala, marcando os três gols da vitória do clube catalão no triunfo por 3 a 0 no Camp Nou — o último deles, o mais bonito, por cobertura. 

O carioca teve passagem curta no Barcelona e permaneceu até 1994, ano em que conquistou a Copa do Mundo, nos Estados Unidos, pela Seleção Brasileira. No Barcelona, Romário conquistou o Campeonato Espanhol de 1993/94 e foi artilheiro. Ao todo, foram 53 gols marcados em 84 partidas.

Romário com a camisa do Barcelona, em sua passagem pelo clube espanhol

Após grande passagem pelo PSV, Romário encantou o lendário Johan Cruyff e o Barcelona [Reprodução/Site: Players.fcbarcelona.com]

Herói da classificação brasileira rumo ao mundial

Em 1993, como poucas vezes, o Brasil passou apuros nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Em uma fila de 24 anos sem conquistar o título, a seleção brasileira apenas garantiu a vaga para o mundial no último jogo, diante do Uruguai. Romário, contestado pelos ex-técnicos Carlos Alberto Parreira e Zagallo, por seu aborrecimento com a reserva e indisciplina, foi ignorado pelos treinadores até quase um ano antes do torneio.

Por conta das dificuldades brasileiras e por forte clamor popular, o Baixinho foi convocado apenas na reta final das Eliminatórias, quando enfrentou a equipe uruguaia sob riscos de não alcançar a classificação. Caracterizado por suas frases marcantes, Romário, convocado um dia antes da partida, prometeu ao torcedor brasileiro: “O jogo vai ser uma guerra. Vim para classificar o Brasil”.

Romário com a camisa da seleção brasileira nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994

Diante do Uruguai, Romário classificou o Brasil para a Copa do Mundo de 1994 após atuação heroica [Reprodução/Instagram: @romariofaria]

Na partida, o torcedor brasileiro lotou o Maracanã, e a equipe “verde e amarelo” precisava ao menos empatar para a classificação, enquanto os uruguaios necessitavam da vitória. O clima era de tensão, e por melhor que tenha sido a atuação canarinha, o grito de gol ficou preso na garganta durante os primeiros 45 minutos. 

Na segunda etapa, Romário chamou a responsabilidade para si. Aos 27’, o Baixinho, com seus 1,68m de altura, guardou o primeiro gol brasileiro, de cabeça. Dez minutos depois, Romário fechou a conta para o Brasil: correu em direção à meta, driblou o goleiro celeste e empurrou para o fundo das redes o gol que carimbou o passaporte brasileiro.

Tetracampeão mundial e dupla com Bebeto

Na Copa, o camisa 11 foi peça fundamental para a conquista do tetracampeonato da seleção brasileira. Em uma equipe sólida defensivamente, liderada pelo capitão Dunga, o Brasil também contava com uma das maiores duplas de sua história na parte ofensiva. No grupo A, a Seleção encarou Suécia, Rússia e Camarões.

Diferente da magia das antigas seleções, o time de 1994 contava com a solidez defensiva e transições rápidas. Na fase de grupos, o Brasil não passou dificuldades — com gols de Romário nas três partidas, venceu Rússia e Camarões e empatou contra a Suécia.

No caminho até a final, a Seleção contou algumas vezes com o brilho de Bebeto e Romário. A trajetória não foi fácil: o Brasil enfrentou os Estados Unidos (anfitriões), a Holanda (liderada por Bergkamp), a Suécia (a qual não havia vencido na fase de grupos) e a Itália (tricampeã mundial).

Montagem da seleção brasileira tetracampeã da Copa do Mundo de 1994, com Baggio ao lado após perder pênalti e destaque para Romário com a taça no centro

Romário conquistou o tetracampeonato mundial com a Seleção Brasileira em 1994 e foi eleito melhor jogador da Copa do Mundo [Reprodução/Instagram: @romariofaria]

Diante dos anfitriões, a partida marcada para o dia 4 de julho — dia da independência do país — exalava um forte ar nacionalista, e os norte-americanos previam uma batalha. Em um jogo duríssimo, o Brasil superou o adversário pelo placar mínimo, com gol de Bebeto aos 30 minutos da segunda etapa.

Em uma das melhores partidas da Seleção em Copa do Mundo, a equipe canarinha cresceu e derrotou a Holanda por 3 a 2 nas quartas de final. O Baixinho foi quem abriu o placar da partida. Na sequência, o Brasil reencontrou a Suécia, que novamente fez jogo duro. Dessa vez, a tradicional camisa amarela pesou, e Romário mais uma vez decidiu para o Brasil, que venceu por 1 a 0. Na grande final, restava apenas a Itália pela frente para a Seleção alcançar o tetracampeonato.

Após grandes exibições contra a Holanda e Suécia, a equipe brasileira chegava à final como favorita, mas a classificação italiana não foi à toa. A Azzurra, que também sonhava com o tetra, contava com um dos grandes nomes daquela Copa, Roberto Baggio. O camisa 10 italiano marcou gols em todas as partidas do mata-mata — tal feito o concedeu o terceiro lugar na disputa da Bola de Ouro daquele ano, ficando atrás de Stoichkov e Romário.

Mais de 94 mil pessoas acompanharam a tão aguardada final entre as duas tricampeãs mundiais, o clima era de tensão e o forte calor foi protagonista durante a partida. A seleção brasileira foi melhor no jogo e criou as melhores chances, porém o jogo não saiu do 0 a 0. O Brasil teve a chance de abrir o placar em pelo menos três oportunidades no tempo regulamentar, mas pararam no goleiro Pagliuca e na trave.

Após 90 minutos, a final da Copa do Mundo de 1994 foi decidida nos pênaltis — pela primeira vez na história das Copas. Apesar de ter passado em branco durante toda a partida, Romário não se abalou e converteu a cobrança; além dele, Branco e Dunga marcaram para o Brasil. Fato surpreendente daquela final foi a cobrança de Roberto Baggio, grande esperança da Azzurra no mundial, que jogou para fora e sacramentou o sonhado tetracampeonato brasileiro.

“A torcida do Vasco pode comprar lencinhos. No próximo clássico, eles vão chorar”

Assim foi a apresentação de Romário no Flamengo em 1995: cria vascaína, Romário, no auge de sua carreira após a conquista da Copa do Mundo de 1994 e o prêmio de melhor jogador do mundo, retornou ao Brasil, dessa vez para representar o maior rival do cruzmaltino. Na época, o polêmico Baixinho ainda revelou à imprensa ser torcedor do rubro-negro, o que enfureceu a torcida vascaína. Romário, autoconfiante, como sempre, fez o que fazia de melhor: marcou gols. 

Em seu primeiro “clássico dos milhões”, Romário, conhecido por suas promessas, novamente não decepcionou o torcedor. Ainda em 1995, Vasco e Flamengo se enfrentaram com estádio lotado; o cruzmaltino era o mandante da partida, porém, milhares de torcedores assistiram o craque calar o estádio. Mesmo com pressão vascaína, o rubro-negro aproveitou o deslize da defesa adversária e Romário, cruel, recebeu a bola na área, fez lindo giro contra o marcador e guardou no canto do goleiro. Na comemoração, foi mais uma vez polêmico: com o dedo na boca, fez sinal de silêncio para a torcida cruzmaltina e coroou a vitória por 1 a 0.

Na equipe, foi artilheiro dos estaduais de 1996 a 1999, conquistou a Taça Guanabara de 1995, 1996 e 1999, a Taça Rio de 1996 e a Copa Ouro de 1996. Ao todo, participou de 240 partidas e anotou 204 gols pelo clube.

Montagem de foto do Romário no Flamengo com prints de redes sociais

Além de Romário, mais dois tetracampeões do mundo em 1994 se juntaram ao Flamengo: chegavam o lateral-esquerdo Branco e o zagueiro Ronaldão ao rubro-negro [Reprodução/Instagram: @romariofaria]

O Rei da Grande Área de volta ao Vasco da Gama

Após passagem pelo rival Flamengo, Romário estava de volta ao Vasco da Gama para tentar reconquistar a torcida cruzmaltina, no fim de 1999. Em um time estrelado por Juninho Pernambucano, Edmundo e o próprio Romário, o Baixinho conquistou a Copa Mercosul e o Campeonato Brasileiro no ano seguinte à sua volta ao Vasco — em 2000, sua primeira temporada após sua volta. 

Diante do Palmeiras, a final da competição sul-americana aconteceu no Parque Antártica, estádio alviverde; a torcida inflamava e tudo conspirava para a vitória do clube paulista. O primeiro tempo da partida foi um verdadeiro desastre para o Vasco: aos 9’, o jogo já estava 3 a 0 para os palmeirenses e, antes do apito final, o zagueiro cruzmaltino Junior Baiano foi expulso. O que o estádio alviverde não esperava era a reação vascaína na segunda etapa, mesmo com um jogador a menos. Joel Santana mexeu no time e o clube carioca voltou mais ofensivo; contou com um gol de Juninho Paulista e um “hat-trick” de Romário nos acréscimos para garantir “a virada do século”.

Além dos títulos, Romário disputou o Mundial de Clubes, sendo artilheiro da equipe vascaína na competição com três gols. Na ocasião, o Vasco chegou à final (derrotando inclusive o Manchester United), mas perdeu para o Corinthians nos pênaltis.

Em sua terceira passagem pelo clube, mesmo aos 39 anos, o carioca manteve seu faro de gols intacto; foi artilheiro do campeonato brasileiro de 2005 e se tornou o mais velho de uma edição do campeonato nacional a alcançar esse feito. Agudo como de costume e cercado por jornalistas, Romário falou sobre seu feito com orgulho: “Para mim, é uma honra ser artilheiro aos 39 anos. É um feito de poucos. Acho que de nenhum no Brasil. Hoje, estou quebrando meu próprio recorde”.

Romário teve quatro passagens pelo Vasco da Gama: 1981-1988, 1999-2002, 2005-2006, e 2007-2008, quando alcançou seu milésimo gol [Reprodução/X: @RomarioOnze]

Muito contestado por parte da torcida pelas suas fortes declarações, o Baixinho, até hoje, divide opiniões entre os vascaínos. Para alguns, Romário é um presente do Vasco ao futebol e ídolo do clube, mas para outros, é “ídolo do Flamengo”. Em entrevista ao Arquibancada, Ramon Vitor, torcedor vascaíno e dono da página Arena Cruzmaltina no X, diz que o Baixinho tem motivos para ser amado, como também odiado pela torcida cruzmaltina: “Romário é ‘Romário FC’, não torce para ninguém além de para ele mesmo”.

Ramon Vitor, 26 anos, explica a manchada relação que Romário construiu com a torcida, que não se resume ao clássico “troca-troca” de clubes, o que era comum nos anos 1990: “É comum encontrar diversos exemplos de grandes ídolos de alguns clubes que tiveram passagens notáveis por algum rival. A questão do Romário se explica em três pontos: a forte briga com a Força Jovem (principal torcida organizada), a política do Vasco e, como figura narcisista que é, Romário nunca fez questão de dizer que é vascaíno. Acho, inclusive, que não é”. 

Ele ainda reforça as reclamações que giram em torno da estátua do jogador em São Januário e a forte influência política: “Dois predadores (Romário e Eurico Miranda), dois sóis que não suportam ceder poder a ninguém, mas que se atraíram em uma relação extraordinária. Após a saga dos mil gols, o ex-presidente impôs a ideia de Romário como maior ídolo do Vasco quando fez uma estátua para o Baixinho em São Januário. A ideia, entretanto, além de servir para homenagear o atleta, foi também uma provocação ao verdadeiro maior ídolo da história do Vasco, que era adversário político de Eurico na época: Roberto Dinamite”.

Estátua do Romário no estádio do Vasco (São Januário)

Estátua de Romário, construída em 2007, é polêmica em São Januário [Reprodução/Site: Vasco.com.br]

Para o jovem torcedor, Romário é sim ídolo do clube — inclusive, relembra a forma que o Baixinho era chamado fora do Brasil: “Romário do Vasco”. Para Ramon, apesar das confusões com a torcida, Romário, ao mesmo tempo que era um grande problema, era a grande solução: “Romário é um predador, uma figura narcisista viciada em poder que testou sua força até os limites, provocando seus clubes, faltando treinos e tomando decisões unilaterais que prejudicavam a unidade do grupo. Romário era um grande problema, ao mesmo tempo que era a grande solução. É complexo definir Romário como um profissional, pois a personalidade dele se mistura muito com esse quesito. Romário é um fenômeno único, nem melhor nem pior que os outros, mas único. Não teremos outros como ele”.

Pelo gigante da colina, Romário marcou 313 gols em 402 jogos. Diante do Sport-PE, o Baixinho, de pênalti, marcou um dos — se não o — mais inesquecíveis gols de sua carreira; algo que, antes dele, apenas o Rei Pelé havia alcançado: o gol mil.

Selo Especial Anos 2000 - Arquibancada

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