Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal é sobre um serial killer, mas sem o killer

Interpretado por diversos atores ao longo de várias adaptações, a história de Ted Bundy é conhecida mundialmente. O serial killer americano foi condenado à morte por ter cometido 30 homicídios (ou mais) em diversos locais dos Estados Unidos. Em Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly and Vile, 2019), vemos um ponto …

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal é sobre um serial killer, mas sem o killer Leia mais »

Interpretado por diversos atores ao longo de várias adaptações, a história de Ted Bundy é conhecida mundialmente. O serial killer americano foi condenado à morte por ter cometido 30 homicídios (ou mais) em diversos locais dos Estados Unidos. Em Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly and Vile, 2019), vemos um ponto de vista diferente para a história contada diversas vezes.

O filme é corajoso por fugir do convencional — ou esperado em produções semelhantes [Imagem: Brian Douglas/Sundance Institute]
Um fato se destaca: não há praticamente nenhuma cena de assassinato no longa. A abordagem é outra. Através do olhar da personagem Liz Kendall (Lily Collins), noiva de Ted e por quem sofre um conflito interno, o roteiro escrito por Michael Werwie opta por colocar a figura de Bundy (Zac Efron) em posição de sofredor, destacando o julgamento e prisão do criminoso em detrimento da reconstituição de suas ações. É uma escolha proposital tanto boa quanto ruim. Boa porque foge do convencional em filmes parecidos, gerando dúvidas no próprio espectador quanto à possibilidade de Bundy ser culpado — provocadas pela constante negação de seus atos. Ruim porque perde a oportunidade de explorar o relacionamento vítima-assassino em abordagem de sua parte killer, além de possibilitar interpretações de descaso por parte da obra em relação às vítimas.

Não é necessária a reconstituição dos homicídios para que o espectador entenda o perigo oferecido por Bundy. Sua maior maldade consiste em tentar comprovar-se puro e inofensivo [Imagem: Brian Douglas]
No fim, as consequências boas são maiores. O caráter traiçoeiro de Ted, escondido em rosto de galã, é acentuado pela não exposição de seus crimes. Efron faz o melhor trabalho de toda sua carreira, interpretando o assassino e seu cinismo fielmente. Assim como Norman Bates, ele é carismático, enigmático e mentiroso. 

Ao optar por um caminho não convencional, o roteiro permite que o espectador compreenda a angústia sofrida pela personagem de Collins, que ama o serial killer. Caso o filme se limitasse retratando os assassinatos e o julgamento de Bundy como consequência, tal visão não funcionaria. 

A suposta imagem sofredora de Ted é reafirmada através da genialidade do roteiro em não mostrar, durante uma hora e quarenta minutos, o homicida derramar qualquer sangue. Longe de humanizá-lo (o diretor, Joe Berlinger, parece o fazer inicialmente), isto ressalta sua maldade e desumanidade, tendo em vista o conhecido desfecho do caso. Com fotografia atraente, seu êxito está em tornar compreensível o porquê de alguns, na época, acreditarem na inocência do criminoso.

O longa, no entanto, falha na edição conturbada. Saltos temporais são estranhos e confusos, sendo a maioria não essenciais. Além do casal principal como destaque, Kaya Scodelario oferece uma excelente interpretação para Carole Ann Boone, ex-esposa e mãe da filha de Bundy.

À primeira vista, a história parece batida. Porém, trata-se de um filme corajoso, que foge de conveniências e apresenta uma nova visão sobre os atos do serial killer. O responsável por compreender suas verdadeiras intenções, acima de colocar Bundy como vítima, é o próprio espectador. 

O longa tem estreia prevista para o dia 25 de julho no Brasil. Confira o trailer:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima