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As Rainhas da Torcida, vivendo a terceira idade

Nessa leve e divertida comédia, são abordadas a finitude da vida e os contratempos da velhice. Ainda que raso, As Rainhas da Torcida (Poms, 2019) cumpre bem o seu objetivo: entreter o público do circuito mais comercial, arrancando boas risadas e proporcionando uma experiência simples e agradável. Com direção de Zara Hayes, o filme conta …

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Nessa leve e divertida comédia, são abordadas a finitude da vida e os contratempos da velhice. Ainda que raso, As Rainhas da Torcida (Poms, 2019) cumpre bem o seu objetivo: entreter o público do circuito mais comercial, arrancando boas risadas e proporcionando uma experiência simples e agradável.

Com direção de Zara Hayes, o filme conta a história de Martha, interpretada pela ótima Diane Keaton, uma idosa sozinha e sem filhos que, após descobrir um câncer em estágio avançado, decide ir para uma comunidade voltada à terceira idade e viver seus últimos dias com tranquilidade. Seu propósito vai por água abaixo quando sua espevitada vizinha Sheryl (Jacki Weaver) entra em cena e a incentiva a seguir um sonho antigo: virar líder de torcida. Juntas, convocam outras mulheres para violarem convenções e se aventurarem no mundo das cheerleaders

Recheado de sarcasmos, o longa brinca com a condição da velhice e os limites físicos por ela impostos. Em uma das passagens, as aspirantes à torcedoras listam seus problemas e patologias, característicos de um corpo mais maduro, que as impedem de realizar certos movimentos coreografados. O humor vem do deboche, contudo, nunca deixa de lado a dignidade das personagens. 

O núcleo maduro do longa contém boas atuações, com destaque para a química entre a dupla de protagonistas. Jacki Weaver brilha ao interpretar o papel mais cômico de todo o filme. Sheryl é carismática, engraçada e atrevida, ganhando a simpatia do espectador já em seus primeiros minutos de aparição. Martha, por outro lado, conquista o público aos poucos com a ajuda de Diane Keaton, que transiciona muito bem de uma personagem ranzinza e introspectiva  para uma figura alegre e inspiradora. 

Martha e Sheryl, as amigas que desafiam paradigmas sociais e comunitários para organizarem um clube de líderes de torcida composto por mulheres idosas [Imagem: Divulgação]
O grande trunfo da produção não está em seu roteiro ou em seu perfil acertadamente comercial, mas no fato de dar espaço para um grupo praticamente ignorado por Hollywood: as atrizes mais velhas. Sabemos como a indústria cinematográfica pode ser cruel com as mulheres, principalmente, se as mesmas tiverem mais idade. Tratadas como produto com data de validade, os papéis vão desaparecendo e muitas vezes as oportunidades se resumem a pequenas participações. Temáticas que incluem intérpretes mais seniores deveriam ser corriqueiras, porém se tornam inovadoras e é isso que torna a obra mais atraente e instigante. 

Apesar de competente em sua proposta, o filme vai perdendo força ao longo de seu desenvolvimento. Cenas piegas, pouca profundidade e personagens mal explicados são uma constante, um bom exemplo é a antagonista e líder da comunidade, Vicki (Celia Weston). Nunca entendemos as reais motivações para que ela insistisse tanto em atrapalhar a concretização do clube de líderes de torcida. A trama do núcleo juvenil também é bem fraca e artificial, chegando a soar desnecessária. O terceiro ato do longa também decepciona, deixando a desejar no tom emocional de passagens importantes e exagerando em outras, aproximando-se do cafona. 

No melhor estilo “Sessão da Tarde”, As Rainhas da Torcida é um filme sem grandes arcos dramáticos profundos ou plot twists mentalmente estimulantes, mas é garantia de divertimento e está acima da média de muitos filmes do mesmo gênero. 

O longa chega aos cinemas brasileiros no dia 25 de julho, confira o trailer aqui:

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