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Vezes em que a poção polissuco fez falta aos diretores de Harry Potter

por Aline Melo e Cesar Isoldi alinemartimmelo@gmail.com ceisoldi@gmail.com Não há dúvidas de que a sequência de oito filmes da saga Harry Potter configura um modelo ideal para adaptações cinematográficas. A caracterização dos personagens, dentro dos limites do tempo e orçamento, merece seus devidos créditos. Contudo, para os verdadeiros (e críticos) fãs, algumas questões não podem …

Vezes em que a poção polissuco fez falta aos diretores de Harry Potter Leia mais »

por Aline Melo e Cesar Isoldi
alinemartimmelo@gmail.com
ceisoldi@gmail.com

Não há dúvidas de que a sequência de oito filmes da saga Harry Potter configura um modelo ideal para adaptações cinematográficas. A caracterização dos personagens, dentro dos limites do tempo e orçamento, merece seus devidos créditos. Contudo, para os verdadeiros (e críticos) fãs, algumas questões não podem ser negligenciadas.

Com início em 2001, a série só teve seu fim dez anos depois. Tal espaço de tempo não pode ser subestimado. Mais do que o crescimento evidente dos personagens principais vividos por Daniel Radcliffe (Harry Potter), Emma Watson (Hermione Granger) e Rupert Grint (Ronald Weasley), é necessário considerar o envelhecimento dos personagens adultos e eventuais óbitos. São vários os personagens interpretados por mais de um ator, a exemplo do próprio Alvo Dumbledore. Vivido por Richard Harris nos primeiros dois filmes da saga, A Pedra Filosofal (Harry Potter and the Philosopher’s Stone, 2001) e A Câmara Secreta (Harry Potter and the Chamber of Secrets , 2002), foi substituído por Michael Gambon nos demais longas da franquia, devido a seu falecimento em 2002.

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Lilá Brown, a paixão fulminante de Rony Weasley, é outra que sofre uma das mudanças mais notórias da saga: em A Câmara Secreta e O Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, 2004) ela foi vivida por Kathleen Cauley e Jennifer Smith, ambas negras e com raríssimas aparições. Quando ganha maior importância em O Enigma do Príncipe (Harry Potter and the Half-Blood Prince, 2009), o papel ficou com Jessie Cave, uma loira de cabelos enrolados e aparência doce.

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A caracterização de Lord Voldemort foi talvez a mais difícil – e de evolução mais satisfatória. No primeiro filme, o Lorde das Trevas sobrevive hospedado na parte de trás da cabeça do professor Quirrell, um efeito obtido por computação gráfica cuja fonte facial foi Ian Hart. No entanto, a forma que ele teria, segundo o livro, já seria semelhante à que vemos no quarto filme, quando Voldemort retorna, com fendas no lugar do nariz, por exemplo.

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Em O Cálice de Fogo (Harry Potter and the Goblet of Fire, 2009), ele reaparece em sua forma adulta, agora interpretado por Ralph Fiennes. Sua anatomia parece ter se modificado, agora monstruosa devido à prática das Artes das Trevas, com as criações das Horcruxes. Como no livro, se mostra vestido com vestes escuras, aparenta ser alto e magro, o rosto mais branco que um crânio, não tem dentes, suas unhas são longas e de um azul pálido, enquanto a unha do dedão do pé parece estar infectada. Ao contrário do livro, seus olhos não são vermelhos e mantêém o tom azul, porque o produtor David Heyman julgou que isso comprometeria demais sua aparência. Contudo, fiel ao livro, esse Voldemort tem as narinas de serpente, como fendas em sua carne na lugar de um nariz. Nesta primeira aparição, tem também uma língua bifurcada, elemento removido nos filmes subsequentes.

Esse resultado final só foi possível com a aplicação de (muita!) maquiagem e implantes, além de uma boa dose de computação gráfica. Acompanhe um pouco dessa preparação pelo vídeo a seguir e pela declaração de Ralph Fiennes.

“Eu ia para o set de manhã, geralmente em torno das 6h, e todo o processo levava cerca de duas horas. Meu coro cabeludo era completamente raspado; colocavam a pele pálida de réptil em minhas mãos e cobriam minhas sobrancelhas com próteses. A caracterização ainda era completada com longas unhas que eram coladas sobre as minha e me impediam de fechar os punhos.”

O jovem Tom Riddle, que aparece pela primeira vez em Harry Potter e a Câmara Secreta, também passa por mudanças. Inicialmente, ele foi interpretado por Christian Coulson. Na descrição de J.K. Rowling, ele deveria ser, aos 16 anos, bonito, mais alto do que Harry, mas com cabelos também muito negros, olhos escuros, dedos compridos e uma risada aguda e fria. O ator é fiel à descrição e só não foi mantido para as filmagens do sexto filme, O Enigma do Princípe, por ser considerado, aos 30 anos de idade, velho demais para o papel. É substituído então pelo ator Frank Dillane, de aspecto físico também semelhante à descrição.

O professor Fílio Flitwick, interpretado por Warwick Davis, pode não mudar de ator, mas sua nova aparência quase o faz um novo personagem. Sua primeira versão chegou a surpreender até a própria J.K. Rowling, que disse que em sua imaginação ele seria apenas um homem de idade muito pequeno e não alguém tão semelhante a um elfo ou duende. Em O Prisioneiro de Azkaban, então, ele assume uma aparência mais humana e menos élfica, com cabelos escuros penteados para baixo e bigode. Esse personagem a princípio não deveria ser Flitwick, mas o “Mestre do Coral”. Contudo, o diretor de O Cálice de Fogo, Mike Newell, preferiu o novo visual e, a partir deste momento, esse segundo personagem ficou conhecido como Flitwick.

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Os espectadores mais incisivos chegaram a questionar a escolha de Daniel Radcliffe e Emma Watson para seus respectivos papéis. Isso porque, nos livros, Harry Potter é descrito como um garoto desengonçado, bem magrelo e com os cabelos bagunçados que não param de crescer, bem diferente da imagem de arrumadinho do ator. Além disso, seus olhos são verdes, como os de sua mãe Lílian, e não azuis como os de Radcliffe. Já Hermione até é similar no primeiro filme com seus cabelos castanho cheios, mas conforme cresce, a atriz se distancia cada vez mais da menina dentuça de cabelos armados, descrita por Rowling.

A título de curiosidade, outra divergência seria quanto ao vestuário. O diretor Alfonso Cuarón decidiu mostrar os personagens com roupas comuns, o que foi acatado pelos demais diretores, ignorando a premissa de que os bruxos teriam dificuldade em vestir essas “roupas de trouxa”. As cenas de Malfoy saindo do Expresso de Hogwarts com um terno e uma maleta ou dos bruxos “policiais” são tão destoantes do esperado que chegam a ser cômicas.

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