Guerra e Paz, Os Miseráveis e O Tempo e o Vento são exemplos de livros aclamados por muitas pessoas, e com inúmeras páginas para se ler. No entanto, no mundo da literatura, a quantidade de páginas não determina se um livro é bom ou ruim. Pelo contrário, existem diversos livros fininhos que, com suas poucas páginas, conseguem arrebatar e mudar a vida de vários leitores.
1. A Revolução dos Bichos – George Orwell (152 páginas)
Um clássico moderno, A Revolução dos Bichos é considerado uma sátira da Revolução Russa. O enredo gira em torno dos animais da “Granja do Solar”, que tem como dono Sr. Jones, um homem que maltrata os bichos. Descontentes com o tratamento recebido, os animais da granja se organizam e expulsam Sr. Jones e a esposa, instalando um sistema baseado na igualdade entre os animais. No entanto, logo alguns deles começam a se beneficiar em detrimento dos outros, iniciando um sistema tirânico e não igualitário. O livro é repleto de ironias e críticas, fazendo com que o leitor entenda pelas entrelinhas. Além disso, a história é atemporal, pois muitas das críticas feitas vão muito além do episódio histórico retratado.
2. Sentimento do Mundo – Carlos Drummond de Andrade (96 páginas)
Esta obra de Drummond traz 28 poemas, que foram escritos entre 1935 e 1940. O título já mostra o intuito da obra, lançar o olhar sobre o mundo, que está em uma situação cada vez mais trágica. O pessimismo e a melancolia estão presentes na maioria dos poemas, mas uma ponta de esperança aparece no final. Crítico, tocante e contemporâneo, é um livro que ultrapassa as barreiras do tempo e emociona muitas pessoas.
3. Sejamos Todos Feministas – Chimamanda Ngozi Adichie (64 páginas)
Pequeno e poderoso, esse livro consiste, na verdade, em uma adaptação de um discurso feito pela autora no TEDxEuston, em 2012. Se baseando em experiências pessoais, Chimamanda consegue mostrar o que é ser feminista no mundo atual, como a igualdade de gênero é essencial para a libertação de homens e mulheres e como ainda estamos muito longe disso acontecer. O livro permite uma reflexão sobre a sociedade machista em que vivemos e deveria ser lido por todos.
4. A Hora da Estrela – Clarice Lispector (88 páginas)
O romance gira em torno da vida da nordestina Macabéa, que mora no Rio de Janeiro, e é toda narrada sob a perspectiva de um escritor fictício chamado Rodrigo S.M. A vida de Macabéa é simples, insossa, sem grandes emoções. É isso que chama a atenção, pois foge completamente da regra das vidas interessantes e cheias de reviravoltas retratadas em muitos livros. A leitura não é fácil, confesso. Talvez você precise reler algumas vezes para captar todos os detalhes, mas a partir do momento que você entende, consegue compreender toda a genialidade e humanidade por trás da personagem.
5. Bonsai – Alejandro Zambra (64 páginas)
“No final ela morre e ele fica sozinho”. É assim que começa Bonsai, o livro sobre a história do amor e do fim do amor de Emília e Julio. Extremamente curto, o intuito do autor era fazer uma história síntese, capaz de se expressar em poucas palavras. O romance não é convencional, já que tem como protagonistas pessoas reais e com uma vida normal, retratando uma relação que tem início, meio e fim.
6. Bonequinha de Luxo – Truman Capote (152 páginas)
O livro, apesar de levar o nome de seu conto principal, conta com mais três pequenas histórias. Inspiração do filme de mesmo nome, no conto Bonequinha de Luxo conseguimos apreender muito mais detalhes da vida de Holly Golightly, uma personagem arrebatadora, moderna e cativante. Poderia facilmente passar uma imagem de futilidade, mas Truman Capote consegue explorar bem o lado sensível de Holly, que não encanta apenas Paul, mas todos que leem sua história. Outro conto que chama a atenção e emociona é “Recordação de Natal”, uma história sobre uma linda amizade entre gerações.
7. Meus desacontecimentos – Eliane Brum (144 páginas)
Através das memórias de infância da jornalista Eliane Brum, vamos descobrindo a história da relação dela com as palavras, que foram muito importante na sua construção como pessoa, mulher e jornalista. Sincero e tocante, os episódios narrados vão desde a história da vinda dos seus antepassados para o Brasil até o dia em que um índio se hospedou em sua casa. Eliane se expõe inteiramente para nós nessa prosa que é repleta de poesia.
8. O Papel de Parede Amarelo – Charlotte Perkins Gilman (112 páginas)
Considerado um clássico da literatura feminista, o conto narra a história de uma mulher que é aprisionada pelo marido médico em uma casa de campo a fim de se tratar de uma depressão pós-parto. Ela tenta dizer que o confinamento não a faz melhorar, que ela quer voltar a escrever e fazer atividades normais, mas ele não a escuta. A mulher acaba se identificando com o papel de parede amarelo do quarto, no qual ela enxerga uma mulher enclausurada. Apesar de ter sido escrito em 1892, a história, infelizmente, continua atual em muitas questões.
9. O Menino do Pijama Listrado – John Boyne (192 páginas)
O livro se passa na Alemanha nazista e conta a história de Bruno, um garoto de nove anos, filho de um nazista, que não faz ideia do que está se passando em seu país. Quando muda de casa a visão de uma cerca com muitas pessoas com pijamas listrados chama a atenção de Bruno. Em uma missão de exploração, o menino consegue chegar à cerca e lá conhece Shmuel, um garoto judeu que vive do outro lado da cerca. A principal característica do livro é a visão infantil da situação, afinal, nenhuma das crianças sabe ao certo o que está acontecendo e a inocência de ambos é capaz de emocionar os mais maduros leitores.
10. A Vida Invisível de Eurídice Gusmão – Martha Batalha (192 páginas)
O enredo se passa na primeira metade do século XX e retrata a situação das mulheres que viveram nesse período. Através da vida das irmãs Eurídice e Guida Gusmão é mostrada uma realidade em que as mulheres não eram ouvidas, vistas e levadas a sério. Tratadas, muitas vezes, com violência, as mulheres eram marginalizadas na sociedade machista e patriarcal. A leitura permite refletir sobre os dias atuais, já que muitas dos acontecimentos do livro ainda podem ser observados.
Por Beatriz de Arruda
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