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Dia 09 | 27ª Bienal do Livro de SP: leitores de todo o país aproveitam o último final de semana

Jeff Kenney e Carla Madeira foram destaques do penúltimo dia de evento
Multidão se reúne na Arena Cultural e nos arredores da Bienal do Livro
Por Aline Noronha (alinenoronha@usp.br) e Louisa Harryman (louisacoelho@usp.br) 

O sábado (14) na Bienal do Livro de São Paulo foi marcado por um grande público atento tanto às compras quanto às palestras do dia, que contaram com grandes nomes da literatura: Jeff Kinney, Carla Madeira, Hwang Bo-Reum, Brittainy Cherry, Ailton Krenak, entre outros. 

Além deles, mais escritores estiveram no evento em atividades variadas, como Daniel Molo, que autografou a obra Você Sabia? 500 Curiosidades Surpreendentes Que Você Precisa Saber (Kraken, 2020), e o deputado Nikolas Ferreira, que lançou o livro Criando Filhos Para O Amanhã (Editora Vida, 2024). Ao chegarem na Bienal, eles foram ovacionados pelos fãs ao redor.

Diário de um leitor mirim

Jeff Kinney, autor da série infantojuvenil Diário de um Banana (VR Editora, 2007-2023), foi uma das principais atrações do dia. Em uma conversa bem humorada, além de contar detalhes sobre seu trabalho, o escritor estadunidense testou seu conhecimento sobre os livros e aprendeu algumas expressões em português. Apesar do público alvo de Jeff ser composto principalmente por crianças, a plateia teve pessoas de todas as idades que, de alguma forma, foram marcados pelo protagonista Greg Heffley

Sobre as inspirações para as histórias, o escritor afirma que apenas os cinco primeiros livros lançados foram baseados em sua vida. Durante a escola, Kinney diz que assim como o seu personagem Greg, ele enfrentou desafios, embora tenha sido um bom aluno: “Eu tenho TDAH, então eu tinha muitas dificuldades em prestar atenção no professor. Enquanto ouvia, eu precisava ficar desenhando”.

Mesmo que o primeiro lançamento tenha acontecido há quase duas décadas, a série ainda é um sucesso entre as crianças de hoje em dia. Para o autor, isso acontece porque todos estamos, de um alguma forma, vivendo experiências parecidas: “pais, professores, bullyings, lições de casa… todos temos o mesmo tecido de infância”. Jeff também compartilhou que ano passado, durante um tour pela América do Sul, conheceu muitos jovens adultos que cresceram com os seus livros e agora são pais, e isso é essencial para que ele continue escrevendo.

Quando questionado sobre ter vontade de escrever Greg mais velho, o escritor explica que “uma coisa que aprendi com personagens de cartoons é que eles são como uma rede de proteção”. Segundo Jeff, o mundo muda muito, e é bom ter uma coisa que permaneça constante. 

“Eu não consigo ler o que escrevo. Mesmo quando estou escrevendo um livro, a coisa mais difícil para mim é ler minhas próprias palavras. É como se olhar no espelho de muito perto.”
Jeff Kinney

Jeff Kiney com sua tradutora e Lavínia, a mediadora da mesa, na Arena Cultural da Bienal do Livro
Para ocupar um dos 470 lugares disponíveis na Arena Cultural, fãs do escritor estadunidense tiveram de enfrentar uma longa fila, um grande grupo que não conseguiu entrar se aglomerou do lado de fora [Imagem: Louisa Harryman/ Acervo pessoal]

“Nasce um filho, nasce uma mãe, nasce uma culpa”

Em uma conversa franca sobre maternidade mediada por Camila Dias, Eliana Alves e Carla Madeira problematizaram o papel social atribuído à mãe e discutiram sobre como é ser mulher no geral. Segundo as autoras, o ato de dar a luz contribui na continuidade da vida humana, haja vista que por meio de cada nascimento, o mundo nasce de novo também.

O primeiro livro de Carla Madeira, Tudo É Rio (Record, 2021), levou catorze anos de intenso processo criativo para ficar pronto. Para ajudar na concretização da história, a autora destacou a importância da sua experiência pessoal com a  maternidade. Carla pontuou que quando uma mulher se torna mãe, tudo é intensificado, desde medos até o sentimento de amor e foi esse teor emocional que buscou trazer para suas narrativas. 

Ainda sobre os ensinamentos, importância coletiva e complexidades da gravidez, Carla afirma que não apenas a individualidade de uma mãe é trabalhada, mas também o seu contato com a alteridade ao ter um outro indivíduo dentro de si. Ainda pontuou a necessidade de que esse olhar deve ser ampliado para que a empatia por seu próprio filho se estenda aos filhos de outras mães também.

Já para a escritora Eliane Alves, a literatura serve como um lugar de representatividade ao confortar e confrontar os leitores em áreas de sua vida que ainda são uma incógnita.“Têm coisas que a gente não se permite nem falar ou sequer conversar com a gente mesmo no espelho, mas quando você vê no livro e pensa ‘esse personagem aqui, não é que eu já pensei isso?!’, a partir dali conseguimos elaborar a vida”, afirma Eliana. Ela é autora do livro Solitária (Companhia das Letras, 2022), que mostra a história de mãe e filha que se desconectam durante o decorrer da vida.

Eliana Alves e Carla Madeira conversam no palco da Arena Cultural na Bienal do Livro
A mesa também abordou outros temas sobre a realidade de ser uma escritora contemporânea no Brasil e de como lidar com as críticas [Imagem: Aline Noronha/Acervo Pessoal]

Do Norte ao Sul

Fãs de livros saíram de todas as partes do país para curtir a Bienal, que acontece a cada dois anos. Uma caravana de alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) percorreu de ônibus o trajeto de Matinhos, litoral do Paraná, até São Paulo, apenas para aproveitar o evento. A viagem de bate-volta foi organizada por uma aluna do curso de letras, mas pessoas de diversas áreas participaram, como Tamires, que estuda assistência social.

As amigas Jennifer e Franciely também vieram da região Sul com o objetivo principal de ir ao evento, mas aproveitaram a estadia para turistar na capital paulista. Sobre os preços e as expectativas, Jennifer relata que “têm alguns estandes que estão bem baratos, mas poderiam ter mais promoções”. Franciely também esperava valores mais baixos, mas apesar disso, as amigas contam que conseguiram comprar livros que queriam muito.  

Além de leitores, muitos escritores percorrem grandes distâncias para marcar presença na Bienal. Sérgio Fragoso saiu do estado de Mato Grosso para lançar o seu novo livro Sussurros na Escuridão (Flyve, 2024). É a terceira vez que o autor participa do evento, e em busca de aproveitar o máximo possível a viagem, diz que comparece desde o primeiro dia. “Eu venho aqui [Bienal] todos os dias para participar, porque é muito longe, e fico o tempo inteiro para encontrar o máximo de pessoas possível.” 

*Imagem de capa: Louisa Harryman/Acervo Pessoal

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