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60º Grammy e a representatividade

No dia 28 de janeiro ocorreu a 60ª edição dos Prêmios Grammy, a maior premiação da indústria musical dos Estados Unidos. De volta a Nova York após 15 anos, a cerimônia foi uma ode à cidade, desde a decoração, que fazia alusão aos arranha-céus da maior metrópole do mundo, até a mini-performance improvisada de John …

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No dia 28 de janeiro ocorreu a 60ª edição dos Prêmios Grammy, a maior premiação da indústria musical dos Estados Unidos. De volta a Nova York após 15 anos, a cerimônia foi uma ode à cidade, desde a decoração, que fazia alusão aos arranha-céus da maior metrópole do mundo, até a mini-performance improvisada de John Legend e Tonny Bennett de New York, New York, na apresentação de um dos prêmios. A premiação, entretanto, foi na contramão de outras, como o Globo de Ouro, ao esnobar quase todas as mulheres que concorriam.

O discurso de diversidade e representatividade esteve muito presente, desde o início do tapete vermelho até a última performance. Algumas das maiores estrelas da música, como Lady Gaga, Miley Cyrus e Nick Jonas, levaram rosas brancas consigo para demonstrar seu apoio ao movimento Time’s Up, o mesmo que ganhou protagonismo no Globo de Ouro e que atua contra o assédio sexual. Além disso, grande parte dos indicados e dos artistas que se apresentaram pertencem a minorias, como Bruno Mars, Camila Cabello, Rihanna, DJ Khaled, Cardi B, SZA, Kendrick Lamar e muitos outros. Mas os resultados não seguiram a mesma linha. A maioria dos vencedores são homens, mesmo com muitas mulheres indicadas. O que pareceu foi que a Academia preferiu entregar seus Grammys a artistas já renomados e que, na maioria das vezes, já haviam sido celebrados em outras cerimônias.

As apresentações foram poderosas. Kendrick Lamar abriu a noite com uma performance icônica de mais de cinco minutos, com participação do U2. Lady Gaga cantou em seguida uma versão emocionada de Joanne e Million Reasons. O grupo country Little Big Town também não decepcionou apresentando Better Man, música composta por Taylor Swift e indicada a Melhor Música Country. Continuando na linha acústica, P!NK trouxe ao palco uma versão simples de Wild Hearts Can’t Be Broken. Também para celebrar a diversidade e protestar contra o preconceito, a banda U2 se apresentou de um barco no Rio Hudson em frente à Estátua da Liberdade, um dos maiores símbolos dos Estados Unidos.

Entretanto, as performances que mais chamaram a atenção foram as colaborações. Sir Elton John e Miley Cyrus foram ovacionados após uma performance de Tiny Dancer; Luis Fonsi e Daddy Yankee recriaram o clima do videoclipe de Despacito; Bruno Mars e Cardi B trouxeram um dos maiores sucessos das últimas semanas,Finesse; Sting e Shaggy fizeram um mash-up de Englishman In New York e Don’t Make Me Wait; DJ Khaled, Rihanna e Bryson Tiller contagiaram o Madison Square Garden com Wild Thoughts, entre várias outras. Mas, três colaborações se destacaram e trouxeram lágrimas aos olhos de quem assistia: o tributo às vítimas do ataque em Las Vegas, o renascimento de Kesha e o apelo pela vida de Logic, Alessia Cara e Khalid.

A primeira foi a apresentação da música Tears In Heaven por Brothers Osborne, Maren Morris e Eric Church. Enquanto, os quatro cantavam, no fundo eram exibidas homenagens nominais a todas as vítimas do ataque que ocorreu em Las Vegas, em outubro de 2017, durante um festival de música country. A segunda trouxe Kesha, Camila Cabello, Bebe Rexha, Cyndi Lauper, Julia Michaels e Rihanna, junto com um coral de mulheres, para cantar Praying. A música e a apresentação emocionantes fazem referência ao abuso sofrido pela cantora pelo seu produtor musical, o que levou a um processo judicial e à quase destruição da carreira de Kesha. Na performance, ela renasceu com o apoio de suas colegas, mostrando a importância da sororidade. A terceira foi a apresentação de 1-800-273-8255, com Logic, Alessia Cara e Khalid. Ela ocorreu logo após o In Memorian, que mostrou alguns artistas que perdemos para o suicídio no último ano. O título da música é o número do Centro de Valorização da Vida dos Estados Unidos. No final da performance, Logic fez um discurso inclusivo e em resposta às diversas manifestações de preconceito do presidente Donald Trump.

Os três principais prêmios da noite foram para Bruno Mars. Música do ano foi para That’s What I Like, Gravação do ano para 24K Magic e Álbum do Ano para 24K Magic. Alessia Cara venceu a categoria de Artista Revelação, com o discurso de “todos merecem a mesma chance”. E Jay-Z foi homenageado como Ícone da Música de 2018.

Os principais gramofones da noite, assim como a maioria dos outros, foram para homens, algo bem destoante dos discursos, movimentos e apresentações da noite. O talento de Bruno Mars, Ed Sheeran, Kendrick Lamar e muitos outros não é contestável. O que deve ser questionado, tanto com esse texto quanto com os recentes protestos, é o fato de mulheres igualmente talentosas não serem reconhecidas pelos seus trabalhos.

Por Maria Carolina Soares
mcarolinasoares@usp.br

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