Star Wars, Tubarão, Indiana Jones, E.T., Harry Potter. É infindável a lista de filmes hollywoodianos que levam inesquecíveis trilhas sonoras compostas pelo maestro John Williams. Com um estilo facilmente identificável e uma sensibilidade ímpar para harmonizar imagem e som nas telas, Williams tornou-se, sem dúvida, o compositor mais popular do mundo do cinema ocidental. Não por acaso é ele a segunda pessoa que recebeu mais indicações ao Oscar na história da Academia, tendo disputado 48 estatuetas – atrás, apenas, de Walt Disney.
Nascido em 1932, em Nova Iorque, John Williams cresceu em contato com a música, pois seu pai era percussionista de Jazz. Estudou música clássica com compositores respeitados e, após se formar na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), ingressou na Força Aérea Americana, onde compôs e regeu concertos para a Banda da instituição. Mais tarde ele ainda estudaria piano.
Williams trabalhou como pianista de jazz em clubes noturnos e também em estúdios filmográficos, quando iniciou sua carreira em trilhas sonoras. Entre outros compositores, trabalhou com Franz Waxman, Bernard Herrmann e Alfred Newman, todos eles premiados por seus trabalhos em Hollywood. Nos anos 60, trabalhando com o já respeitado compositor Henry Mancini, Willians compôs diversas músicas para a televisão, inclusive para a popular série Perdidos no Espaço.
A estreia de John Williams no cinema aconteceu com o filme Daddy-O (Idem, 1958), e nos anos seguintes ele trabalhou nas trilhas sonoras de diversos outros filmes. Ele recebeu sua primeira indicação ao Oscar em 1967, pelo filme Vale das Bonecas (Valley of the dolls, 1967) , e ganhou a primeira estatueta quatro anos mais tarde, com Um violinista no telhado (Fiddler on the roof, 1971). Neste período ele ganhou certo reconhecimento em Hollywood por sua versatilidade nas composições, que unia traços de jazz a uma melodia sinfônica.
No início dos anos setenta ele compôs músicas para uma série de filmes do diretor Irwin Allen, que lhe renderam mais algumas indicações ao prêmio da Academia. Também lhe renderam um convite do então jovem diretor Steven Spielberg para compor a trilha sonora do filme que marcaria a estreia de Spielberg, O Expresso Sugarland (The Sugarland express, 1974). Iniciava-se uma das parcerias de maior sucesso do cinema recente. Um ano depois, os dois se uniram mais uma vez para trabalhar no filme Tubarão (Jaws, 1975) , que é um marco nas carreiras tanto do diretor quanto do compositor: trata-se do filme que consagrou Spielberg em Hollywood e popularizou em grande medida o trabalho de Williams. A trilha sonora do clássico rege seu tom de suspense magistralmente.
No final da década de setenta Williams iniciaria uma parceria com um amigo de Spielberg, o diretor George Lucas, em uma das mais aclamadas trilogias do cinema: Star Wars. O clássico da ficção científica, carregado de efeitos especiais e da temática extraterrestre foi um estrondoso sucesso de bilheteria – e as músicas de John Williams não ficaram atrás. Sendo talvez seu trabalho mais conhecido mundialmente, a trilha sonora de Star Wars é uma das mais aclamadas até hoje. Algumas das músicas, como a Marcha Imperial e “Luke’s Theme” ganharam popularidade para além do próprio filme. Pelo trabalho na trilogia original de Lucas, Williams recebeu mais indicações ao Oscar, e pelo trabalho no primeiro filme, Uma Nova Esperança (A new hope, 1977) , ele seria mais uma vez premiado pela Academia.
Na mesma época Williams trabalhou em outro grande sucesso, Superman (Idem, 1978) , de Richard Donner, cuja música tema também ficaria eternizada. Em 1981 ele voltou a trabalhar com Spielberg e George Lucas no primeiro filme da trilogia (que virou tetralogia em 2008) Indiana Jones, Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the lost ark, 1981) , em mais um caso de filme e trilha sonora consagrados. Williams assinaria ainda as trilhas sonoras dos outros três filmes da série.
No filme E.T. – O Extra-Terrestre (E.T. – The Extra-Terrestrial, 1982), também de Steven Spielberg, ele realizou um dos seus mais notáveis trabalhos, e que mais demonstram sua versatilidade e sensibilidade para os efeitos sonoros do cinema. Para o filme, de teor fantasioso e inocente, Williams compôs temas emotivos que guiam o espectador pelo mundo da amizade entre o garoto Elliot e o extraterrestre. O filme ainda marca um momento raro no cinema em que uma das cenas de clímax foi reeditada para se adequar melhor à interpretação do compositor. Merecidamente, ele recebeu por este filme sua quarta premiação do Oscar.
A parceria entre Spielberg e Williams dura até hoje e conta com grandes produções como Jurassic Park (Idem, 1993) , A lista de Schindler (Schindler’s list, 1993), que lhe rendeu sua última estatueta do Oscar, O resgate do soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998) , entre muitos outros. Com George Lucas, Williams voltou a trabalhar no fim dos anos noventa, quando foi convidado por ele a compor as trilhas sonoras dos outros três filmes que se juntariam à trilogia original de Star Wars. Os seis filmes, somados, contêm mais de quatorze horas de música orquestrada de John Williams.
Ele ainda trabalhou na trilha sonora dos três primeiros filmes da série de enorme sucesso Harry Potter, compondo a “Edwig’s Theme”, que se tornou entre a juventude dos últimos anos uma das canções mais facilmente reconhecidas. Mais recentemente, Williams assinou as músicas de As aventuras de Tintin (The adventures of Tintin, 2011) , Cavalo de Guerra (War Horse, 2011) e Lincoln (Idem, 2012). Em maio deste ano, ele confirmou que será responsável também pela trilha sonora do próximo filme da franquia Star Wars, que deverá estrear em 2015.
Ao longo da carreira, John Williams acumulou um enorme número de premiações e indicações, tornou-se uma das figuras mais importantes de Hollywood das últimas décadas. Muitas de suas canções identificam os filmes mais que a própria película, ele está presente na memória de milhares de espectadores – ainda que estes não saibam quem é ele. Por suas trilhas sonoras, John Williams é um dos maiores compositores da atualidade. E, sem dúvida, transformou-se também em um notório personagem do cinema ocidental.
por Fernando Magarian
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